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sábado, 23 de agosto de 2025

Sobre a Importância da Filosofia e Principais Filósofos Brasileiros

A Importância da Filosofia nos Dias Atuais

A filosofia continua a desempenhar um papel importante na sociedade contemporânea, oferecendo ferramentas para a reflexão crítica e o entendimento profundo das questões que enfrentamos. É sempre bom lembrar que a realidade é bem mais complexa do que costumamos enxergar, nem sempre podemos aceitar as opiniões sem antes pesar cada argumento. A seguir, destacamos algumas das principais contribuições da filosofia para os dias atuais.

Promoção do Pensamento Crítico

A filosofia incentiva a análise e a crítica de ideias, argumentos e valores. Isso é essencial em um mundo saturado de informações, onde é necessário discernir entre fatos, opiniões e desinformação.

Ética e Moralidade

Em um cenário onde dilemas éticos surgem constantemente, seja na tecnologia, na medicina ou na política, a filosofia fornece frameworks para avaliar e tomar decisões morais informadas e justificadas.

Compreensão da Condição Humana

A filosofia explora questões fundamentais sobre a existência, a consciência e a experiência humana, ajudando-nos a entender melhor a nós mesmos e aos outros, o que é vital para o desenvolvimento de uma sociedade mais empática e justa.

Reflexão Sobre a Sociedade e a Política

A filosofia política nos ajuda a questionar e a entender as estruturas de poder, os direitos humanos e a justiça social. Em tempos de polarização política e desafios democráticos, essas reflexões são mais importantes do que nunca.

Avanços Tecnológicos e suas Implicações

Com o rápido avanço da tecnologia, especialmente na área de inteligência artificial e biotecnologia, a filosofia é essencial para discutir as implicações éticas e existenciais dessas inovações, garantindo que elas sirvam ao bem-estar humano e não o contrário.

Desenvolvimento Pessoal e Sabedoria

A filosofia também contribui para o desenvolvimento pessoal, oferecendo sabedoria e perspectivas para viver uma vida mais plena e consciente. Ela nos ensina a questionar, a buscar o conhecimento e a viver de acordo com princípios bem fundamentados.

Em resumo, a filosofia é uma disciplina que não apenas enriquece o intelecto, mas também orienta a ação humana em um mundo cada vez mais complexo e interconectado. Ela nos ajuda a navegar por questões profundas e a construir uma sociedade mais justa e consciente.

Principais Filósofos Brasileiros dos Séculos XIX e XX

  • Raimundo Farias de Brito

    (1862-1917) Foi um filósofo, jornalista e político brasileiro. Considerado um dos precursores da filosofia no Brasil, sua obra se debruça sobre questões metafísicas e espirituais, buscando conciliar o espiritualismo com a ciência. Principais obras: "A verdade como regra das ações" e "O mundo interior".

  • Miguel Reale

    (1910-2006) Jurista, filósofo e professor, Miguel Reale é conhecido principalmente por sua teoria tridimensional do direito, que integra fato, valor e norma. Foi reitor da Universidade de São Paulo (USP) e ministro da Educação e Cultura. Sua obra filosófica abrange temas como ética, cultura e ontologia.

  • Paulo Freire

    (1921-1997) Educador e filósofo, Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial. Sua obra "Pedagogia do Oprimido" enfatiza a conscientização e a educação como prática da liberdade.

Obs:  Alguns consideram Olavo de Carvalho um filósofo, eu não concordo. 

Filósofos Brasileiros Mais Influentes Atualmente

  • Marilena Chauí

    (1941-) Nascida em São Paulo, é uma das mais renomadas filósofas brasileiras. Professora emérita da USP, Chauí é conhecida por seus estudos sobre Baruch Espinosa e reflexões sobre democracia e cultura brasileira. Autora de obras como "Cultura e Democracia" e "Convite à Filosofia". Para saber mais ver aqui.

  • Roberto Mangabeira Unger

    (1947-) Nascido no Rio de Janeiro, é um filósofo e acadêmico com carreira internacional. Professor em Harvard, Unger é conhecido por suas ideias sobre direito, democracia e transformação social. Defende um socialismo democrático e pragmático, com a obra "False Necessity" sendo um marco no pensamento político. Para saber mais ver aqui.

  • Silvio Almeida

    (1976-) Advogado, filósofo e professor, Almeida é uma voz influente no debate sobre racismo estrutural e direitos humanos no Brasil. Autor do livro "Racismo Estrutural", que tem sido fundamental para entender as dinâmicas raciais no país. Para saber mais ver aqui.

  • Djamila Ribeiro

    (1980-) Filósofa, escritora e ativista pelos direitos das mulheres negras, Ribeiro é conhecida por tornar acessíveis temas complexos relacionados ao feminismo negro e ao racismo. Autora de obras como "O que é lugar de fala?" e "Pequeno Manual Antirracista". Para saber mais sobre Djamila Ribeiro ver aqui.

  • Marcia Tiburi

    (1970-) Filósofa, escritora e professora, Tiburi é conhecida por seus esforços em popularizar a filosofia no Brasil. Escreve sobre política, cultura e estética, sendo autora de livros como "Como conversar com um fascista" e "Feminismo em comum". Para saber mais ver aqui.

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Esta postagem foi elaborada com a assistência de um modelo de linguagem avançado, Sabiá-3.1, desenvolvido pela Maritaca AI. O conteúdo foi revisado e editado pelo autor do blogue para garantir a precisão e a relevância. As ideias e biografias apresentadas são baseadas em informações públicas e conhecimentos gerais do modelo até a sua data de corte em agosto de 2024. Para mais informações sobre a Maritaca AI e seus modelos de linguagem, visite Maritaca AI.

segunda-feira, 31 de março de 2025

Breve reflexão: evitar os extremos.

 


O filósofo grego Aristóteles afirmava que devemos evitar os extremos. Ele desenvolveu a Doutrina do Meio-Termo (ou Mediania Aristotélica), que é central em sua ética. Segundo essa doutrina, as virtudes estão no meio entre dois extremos: um de excesso e outro de deficiência. Por exemplo, a coragem é uma virtude que se situa entre a covardia (deficiência) e a temeridade (excesso).

Aristóteles argumenta que a virtude é encontrada na "justa medida", que é determinada pela razão. Essa abordagem visa promover a moderação e o equilíbrio em todas as ações humanas, evitando assim os extremos que são considerados vícios. A ideia é que, ao buscar o meio-termo, podemos alcançar a felicidade e viver uma vida virtuosa.

Essa filosofia reflete a máxima grega "nada em excesso" e está presente em sua obra mais famosa sobre ética, a Ética a Nicômaco*.

Olhando para a política, podemos aplicar regra de Aristóteles para evitar tanto a extrema-esquerda quanto a extrema-direita. Os extremos políticos, especialmente se forem acompanhados de violência, devem ser evitados por qualquer pessoa sensata. 

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* Ética a Nicômaco é uma das principais obras de filosofia de Aristóteles, dedicada a seu filho Nicômaco. A obra é composta por dez livros e aborda temas como a virtude, a felicidade, a prudência e a moralidade. Aqui estão alguns pontos principais sobre essa obra - Principais Temas:

Busca pela Felicidade: Aristóteles argumenta que a felicidade (eudaimonia) é o objetivo final da vida humana. Ele a define como uma vida virtuosa, onde as virtudes são exercidas de forma consistente.

Virtude como Meio-Termo: A virtude é vista como um meio-termo entre dois extremos: o excesso e a deficiência. Por exemplo, a coragem é o meio-termo entre a covardia e a temeridade.

Prudência e Hábito: A prudência (phronesis) é considerada uma virtude essencial para tomar decisões éticas. O hábito também desempenha um papel crucial no desenvolvimento das virtudes.

Tipos de Virtudes: Aristóteles divide as virtudes em morais (como justiça e coragem) e intelectuais (como sabedoria e prudência).

Prazer e Vida Contemplativa: No Livro X, Aristóteles discute o prazer e a vida contemplativa como formas superiores de felicidade, onde a atividade intelectual é considerada a mais elevada.

Estrutura da Obra:

  • Livros I e X: Focam na felicidade e no bem supremo.
  • Livros II e III: Discutem a virtude moral e a importância do meio-termo.
  • Livros IV a IX: Abordam diferentes virtudes morais e intelectuais.
  • Livro X: Conclui com uma discussão sobre a vida contemplativa como a forma mais elevada de felicidade.

Ética a Nicômaco é uma obra fundamental para entender a ética aristotélica e sua influência na filosofia ocidental.

sábado, 22 de março de 2025

Dica de leitura: Qual é a tua obra?

CORTELLA, Mario Sergio. Qual é a tua obra?: inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. Editora Vozes Limitada, 2017.

Do site da Amazon (link aqui):

A ideia de trabalho como castigo precisa ser substituída pelo conceito de realizar uma obra... Enxergar um significado maior na vida aproxima o tema da espiritualidade do mundo do trabalho.Depois do sucesso de "Não Nascemos Prontos" e "Não espere pelo epitáfio" Mario Sergio Cortella publica, também pela Editora Vozes, um texto envolvente sobre as inquietações do mundo corporativo. Neste livro o autor desmistifica conceitos e pré-conceitos, e define o líder espiritualizado, como aquele que reconhece a própria obra e é capaz de edificá-la, buscando incessantemente o significado das coisas.

Uma resenha

"Qual é a Tua Obra?" é uma obra inspiradora e reflexiva escrita por Mario Sergio Cortella, um filósofo e professor brasileiro bastante conhecido e renomado. Publicado em 2007, o livro explora temas como gestão, liderança e ética, mas vai além desses conceitos, incentivando os leitores a refletir sobre o propósito e o significado de suas vidas e de seus trabalhos.

Estrutura e Conteúdo

A obra é estruturada em três partes principais: gestão, liderança e ética. Cortella utiliza uma linguagem acessível e persuasiva, tornando o livro uma leitura fluída e estimulante. Ele apresenta exemplos, citações e reflexões que desafiam o leitor a questionar suas ações e intenções, promovendo uma mudança interior e uma busca por um sentido mais profundo no trabalho e na vida pessoal.

Temas Principais

  • Descoberta da Obra: Cortella destaca a importância de encontrar um propósito no que se faz, seja no trabalho ou na vida pessoal. Isso ajuda as pessoas a se sentirem mais realizadas e comprometidas com suas atividades.

  • Liderança e Ética: O autor aborda a liderança não apenas como um cargo, mas como uma atitude que pode ser adotada por qualquer pessoa. Ele enfatiza a ética como um pilar fundamental para uma liderança eficaz e respeitosa.

  • Humildade e Arrogância: Cortella critica a arrogância, mostrando como ela pode ser prejudicial nas relações humanas. Ele sugere que a humildade é essencial para uma liderança genuína e para o sucesso pessoal.

Impacto e Recepção

Muitos leitores consideram "Qual é a Tua Obra?" uma leitura inspiradora e motivadora. O livro desafia o leitor a repensar suas prioridades e a buscar um significado mais profundo em suas ações diárias. Embora alguns considerem o livro insatisfatório, a maioria das resenhas é positiva, destacando a capacidade do autor de provocar reflexões profundas e necessárias.

Conclusão

"Qual é a Tua Obra?" é uma obra que transcende o contexto empresarial, oferecendo insights valiosos para qualquer pessoa que busque um propósito mais significativo em sua vida e trabalho. Cortella consegue, com sua prosa envolvente e questionamentos provocativos, inspirar mudanças internas nos leitores, tornando o livro uma leitura recomendada para aqueles que desejam refletir sobre suas escolhas e direções na vida.

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Sobre Cortella: 

Mario Sergio Cortella, nascido em Londrina (PR) em 05/03/1954, filósofo e escritor, com mestrado e doutorado em Educação, professor-titular da PUC-SP (na qual atuou por 35 anos, 1977/2012), com docência e pesquisa na Pós-Graduação em Educação: Currículo (1997/2012) e no Departamento de Teologia e Ciências da Religião (1977/2007); é professor-convidado da Fundação Dom Cabral (desde 1997) e ensinou no GVpec da FGV-SP (1998/2010). Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992), tendo antes sido assessor especial e chefe de gabinete do Prof. Paulo Freire.

sábado, 28 de setembro de 2024

Por que destruir é mais fácil do que construir?

 


A observação de que é mais fácil destruir do que construir reflete uma verdade fundamental sobre a natureza dos processos de criação e destruição, tanto no sentido físico quanto no metafórico. Existem várias razões, tanto práticas quanto filosóficas, que ajudam a entender porque a destruição tende a ser mais fácil do que a construção.

1. Complexidade e Ordem

  • Construir envolve a criação de algo organizado e funcional a partir de partes menores ou menos organizadas. Isso requer planejamento, esforço, tempo, recursos, e conhecimento. Logo, a construção é um processo que aumenta a ordem e a complexidade.
  • Destruir, por outro lado, é o processo de desorganizar ou desfazer algo que foi cuidadosamente montado. Requer menos esforço porque a desordem ou o caos são estados naturalmente mais fáceis de alcançar do que a ordem. Na natureza, a entropia (uma medida da desordem) tende a aumentar, o que significa que a destruição é, de certa forma, mais "natural" e exige menos energia do que a construção.

2. Tempo e Esforço

  • Construir algo significativo, como um relacionamento, uma carreira, ou uma estrutura física, leva tempo, dedicação e paciência. O processo de construção é cumulativo, exigindo que diferentes elementos sejam reunidos e mantidos de maneira coesa.
  • Destruir, ao contrário, pode ser um ato instantâneo ou rápido. Um erro, uma decisão impulsiva, ou um ato de violência podem desmantelar anos de trabalho ou construção em um instante. Esse contraste entre o tempo necessário para construir e o tempo necessário para destruir realça a aparente facilidade da destruição. Imagine um acidente aéreo: para se construir um avião comercial são gastos muitos recursos e tempo, se esse avião cair, em instantes a destruição pode ser completa.

3. Energia e Resistência

  • Construir requer uma aplicação constante de energia contra a resistência natural das coisas (como a gravidade, o desgaste, e a própria tendência ao caos). Além disso, o processo de construção muitas vezes envolve superar obstáculos e desafios.
  • Destruir pode muitas vezes utilizar a energia acumulada no próprio objeto ou sistema que está sendo destruído. Por exemplo, explodir uma estrutura aproveita a energia interna dos materiais. Não há resistência contra a destruição — pelo contrário, ela muitas vezes aproveita as fraquezas existentes.

4. Psicologia Humana

  • Construir demanda virtudes como paciência, persistência, e visão de longo prazo. Esses são atributos que nem sempre são fáceis de cultivar e manter. Além disso, construir requer colaboração, cooperação e, muitas vezes, sacrifício pessoal.
  • Destruir, no entanto, pode ser motivado por emoções como raiva, frustração, ou medo, que podem ser intensas e impulsivas. A destruição pode, assim, oferecer uma sensação imediata de poder ou liberação, ainda que de forma destrutiva.

5. Aspectos Filosóficos e Morais

  • Construir é associado à criação e à vida, enquanto destruir é frequentemente associado ao fim e à morte. Construir implica na responsabilidade de criar algo de valor, que beneficie a si e aos outros. Isso pode ser moralmente desafiador e espiritualmente exigente.
  • Destruir pode ser mais fácil porque, muitas vezes, evita a necessidade de enfrentar a complexidade da criação e o compromisso ético que ela envolve. Destruir pode ser uma forma de evitar a responsabilidade.

Reflexão

Do ponto de vista filosófico, a facilidade da destruição em comparação à construção pode ser vista como um reflexo das tensões entre as forças do caos e da ordem, do bem e do mal, da criação e da aniquilação. A construção requer esforço para trazer algo à existência e manter sua integridade, enquanto a destruição muitas vezes segue a linha de menor resistência.

O fato de que construir é mais difícil do que destruir também sublinha o valor moral e espiritual do esforço construtivo. A criação de algo novo e positivo é vista como um ato de resistência contra as forças do caos e da destruição, o que confere um significado especial às realizações humanas.

Em resumo, a facilidade da destruição em comparação com a construção é resultado de fatores físicos, psicológicos, e filosóficos que refletem a natureza inerente da realidade e da experiência humana.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

Duas ou três palavras sobre filosofia da tecnologia

A filosofia da tecnologia é um campo que examina a natureza e os impactos da tecnologia sobre a sociedade, a cultura e a experiência humana. É um campo de pesquisa recente, tendo surgido na segunda metade do século XX, mas com uma abrangência bem maior do que a primeira vista o tema sugere. Como nos diz Alberto Cupani:

"Quem nela se introduz descobre uma realidade bem maior do que a sugerida pela costumeira associação da tecnologia com a engenharia, porque a tecnologia nos afeta e desafia qualquer que seja nossa atividade. Descobre também que se trata de uma realidade que pode (e deve) ser tematizada pelas áreas tradicionais da filosofia, pois encerra questões tanto ontológicas quanto epistemológicas, tanto éticas quanto estéticas, tanto relativas à filosofia política quanto referentes à filosofia da história. Em uma palavra, quem nela se introduz fica surpreso com o fato de que a proverbial admiração filosófica tenha demorado tanto em gerar esta disciplina."

Muitos autores e pensadores têm contribuído significativamente para este campo. Aqui estão alguns dos mais importantes:

1. Martin Heidegger

    Obra principal: "The Question Concerning Technology" (A Questão da Técnica)
    Contribuições: Heidegger explora como a tecnologia revela a realidade de uma maneira específica, transformando tudo em recursos a serem explorados. Ele introduz o conceito de "Gestell" (enquadramento), que descreve a forma como a tecnologia molda nossa compreensão do mundo.

2. Jacques Ellul

    Obra principal: "The Technological Society" (A Sociedade Tecnológica)
    Contribuições: Ellul argumenta que a tecnologia tem uma lógica própria e autônoma que influencia profundamente todas as áreas da vida humana, levando à tecnocracia, onde a eficiência técnica se torna o valor central.

3. Marshall McLuhan

    Obra principal: "Understanding Media: The Extensions of Man" (Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem)
    Contribuições: McLuhan é famoso por sua frase "o meio é a mensagem". Ele explora como diferentes tecnologias de comunicação (ou "meios") afetam a percepção e a organização social.

4. Lewis Mumford

    Obra principal: "Technics and Civilization" (Técnica e Civilização)
    Contribuições: Mumford analisa a evolução das tecnologias e seu impacto na cultura e sociedade, destacando a diferença entre tecnologias "autoritas" (centralizadoras) e "democráticas" (distribuídas).

5. Langdon Winner

    Obra principal: "The Whale and the Reactor: A Search for Limits in an Age of High Technology" (A Baleia e o Reator: Em Busca de Limites em uma Era de Alta Tecnologia)
    Contribuições: Winner investiga como as tecnologias incorporam valores e como elas podem ser politicamente influentes. Ele discute a ideia de que artefatos tecnológicos têm políticas próprias.

6. Donna Haraway

    Obra principal: "A Cyborg Manifesto: Science, Technology, and Socialist-Feminism in the Late Twentieth Century" (Manifesto Ciborgue)
    Contribuições: Haraway mistura ciência e ficção para explorar a interseção entre humanos, animais e máquinas, questionando as distinções tradicionais entre natureza e cultura.

7. Bruno Latour

    Obra principal: "We Have Never Been Modern" (Jamais Fomos Modernos)
    Contribuições: Latour é conhecido por sua abordagem de Actor-Network Theory (ANT), que considera a tecnologia como parte de redes heterogêneas que incluem humanos e não-humanos, redefinindo as relações entre sociedade e tecnologia.

8. Andrew Feenberg

    Obra principal: "Questioning Technology" (Questionando a Tecnologia)
    Contribuições: Feenberg é um dos principais teóricos críticos da tecnologia, argumentando que a tecnologia não é neutra e que suas formas e usos são moldados por escolhas sociais e políticas.

9. Bernard Stiegler

    Obra principal: "Technics and Time" (Técnica e Tempo)
    Contribuições: Stiegler explora a relação entre tecnologia, tempo e memória, argumentando que a tecnologia é uma extensão da memória humana e um fator essencial na constituição da experiência temporal.

10. Peter-Paul Verbeek

    Obra principal: "What Things Do: Philosophical Reflections on Technology, Agency, and Design" (O Que as Coisas Fazem)
    Contribuições: Verbeek trabalha na interseção entre filosofia da tecnologia e design, explorando como os objetos tecnológicos mediam a percepção e a ação humana.

11. Alberto Cupani

Este autor escreveu o livro 'Filosofia da tecnologia : um convite' que tem despertado o interesse dos brasileiros pelo tema. 

Conclusão

Esses autores e pensadores fornecem uma ampla gama de perspectivas sobre a filosofia da tecnologia, ajudando-nos a entender melhor como a tecnologia influencia, molda e é moldada pelas práticas e valores humanos.

Algumas referências 

CUPANI, Alberto. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae Studia, v. 2, p. 493-518, 2004.

CUPANI, Alberto. Filosofia da tecnologia: um convite. Florianópolis, SC: Editora UFSC, 2011.

quarta-feira, 8 de maio de 2024

Sobre o teste Turing.

 

O Teste de Turing.

O teste de Turing, proposto pelo matemático e cientista da computação britânico Alan Turing em 1950, é um dos conceitos mais importantes e antigos na área da inteligência artificial (IA). Esse teste tem sido um ponto de referência na discussão sobre a consciência e a capacidade de uma máquina pensar.

O teste de Turing busca responder à pergunta: "As máquinas podem pensar?" Para isso, Turing propôs um experimento no qual um juiz humano interage com dois participantes através de um terminal de computador. Um dos participantes é uma pessoa e o outro é uma máquina de computação. O juiz não sabe qual é qual. O objetivo do juiz é determinar qual dos participantes é a máquina e qual é a pessoa, com base nas respostas às suas perguntas.

Se a máquina conseguir convencer o juiz de que é uma pessoa, então, de acordo com Turing, pode-se dizer que a máquina "pensa" ou possui inteligência equivalente à humana. Este é o cerne do teste de Turing: se uma máquina pode se passar por humano o suficiente para enganar um observador humano, então ela pode ser considerada inteligente.

No entanto, é importante notar que o teste de Turing tem sido objeto de debate e críticas desde sua concepção. Alguns argumentam que o simples fato de uma máquina poder imitar o comportamento humano não é uma medida definitiva de sua inteligência ou consciência. Além disso, existem questões éticas e filosóficas profundas sobre o que significa ser consciente e se uma máquina pode realmente alcançar esse estado.

Apesar das críticas, o teste de Turing permanece como um marco importante na história da IA e continua a ser uma ferramenta útil para avaliar o progresso e as capacidades dos sistemas de inteligência artificial. 

Será que os computadores em breve irão passar pelo teste de Turing? O que você acha? Até o momento, os computadores são capazes de realizar tarefas complexas com base em algoritmos e dados, mas ainda não possuem inteligência ou consciência no sentido humano. A inteligência artificial tem avançado bastante, mas o nosso entendimento sobre a consciência ainda é muito nebuloso. Muitos especialistas acreditam que é improvável que os computadores alcancem verdadeira consciência, pelo menos nos moldes humanos. Mas será que teremos computadores inteligentes e conscientes ainda neste século ou isso nunca acontecerá?

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Um pensamento breve sobre a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein e a Mecânica Quântica

Sobre a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein e a Mecânica Quântica:

"Isso poderia ser visto como uma espécie de maldição, as duas teorias mais belas e poderosas que temos sobre o universo são inconsistentes entre si." — Alberto Casas, professor e pesquisador. Ele continua: “A relatividade geral, que explica precisamente a força da gravidade, transformou radicalmente a nossa compreensão do espaço e do tempo”, escreveu Rovelli. Enquanto a mecânica quântica, que descreve o mundo microscópico, “transformou profundamente o nosso conhecimento da matéria”.

Como diria William Shakespeare "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que supõe a nossa vã filosofia" (citação da peça 'Hamalet').

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Algumas frases e pensamentos de Voltaire

 


François-Marie Arouet (21 de novembro de 1694 - 30 de maio de 1778) foi um escritor, historiador e filósofo iluminista francês. Mais conhecido como M. de Voltaire, ele era famoso por sua sagacidade e suas críticas ao cristianismo - especialmente à Igreja Católica Romana - e à escravidão. Voltaire era um defensor da liberdade de expressão, liberdade de religião e separação entre igreja e estado.

Voltaire foi um escritor versátil e prolífico, produzindo obras em quase todas as formas literárias, incluindo peças de teatro, poemas, romances, ensaios, histórias e exposições científicas. Ele escreveu mais de vinte mil cartas e dois mil livros e panfletos. Voltaire foi um dos primeiros autores a se tornar conhecido e comercialmente bem-sucedido internacionalmente. Ele era um defensor declarado das liberdades civis e estava em constante risco com as rígidas leis de censura da monarquia católica francesa. Suas polêmicas satirizavam a intolerância, o dogma religioso e as instituições francesas de sua época. Sua obra mais conhecida e magnum opus, Cândido, ou O Otimismo, é uma novela que comenta, critica e ridiculariza muitos eventos, pensadores e filosofias de seu tempo. 

Algumas de suas citações:

  • A tolerância nunca provocou uma guerra civil, a intolerância cobriu a terra de carnificina.
  • A escrita é a pintura da voz.
  • Quando se trata de dinheiro, toda a gente é da mesma religião.
  • Como o despotismo é o abuso da realeza, a anarquia é o abuso da democracia.
  • É sempre obrigatório aquilo que é grande ser atacado pelos espíritos pequenos.
  • A pátria é onde se vive feliz.
  • Todas as grandezas deste mundo não valem um bom amigo.
  • Aquele que sustenta a sua loucura pelo assassinato é um fanático.
  • Ama a verdade mas perdoa o erro.
  • É próprio da censura violenta acreditar nas opiniões que ataca.
  • Cartas curtas e longas amizades, eis a minha divisa.
  • O melhor governo é aquele onde há o mínimo de homens inúteis.
  • A felicidade é frequentemente a única coisa que se pode dar sem se possuir e é, dando-a, que ela se obtém.
  • Fala-se sempre mal quando nada se tem a dizer.
  • Revelar o segredo de outro é traição, revelar o seu próprio é tolice.
  • Decidi ser feliz porque é bom para a saúde.
  • O fanático é um monstro que ousa dizer-se filho da religião.
  • A beleza agrada aos olhos, a doçura encanta a alma.
  • A política é a arte de mentir a propósito.
  • Aquilo a que chamamos acaso é talvez, apenas, a causa ignorada de um efeito conhecido.
  • Não estou de acordo com o que você diz, mas bater-me-ei até ao fim para que o possa dizer.
  • Achou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros.
  • A dúvida é um estado mental desagradável, mas a certeza é ridícula.

terça-feira, 4 de julho de 2023

Um pouco da filosofia japonesa.

 

Os seguintes conceitos japoneses podem nos levar a uma vida mais plena e satisfatória. São eles:

  • Wabi-Sabi: é uma estética e filosofia japonesa que valoriza a beleza da imperfeição, simplicidade e transitoriedade. Ele reconhece a beleza nas coisas modestas, antigas, rústicas e imperfeitas. Wabi-sabi celebra a autenticidade e a aceitação da natureza mutável da vida. Encontre paz na imperfeição.
  • Kaizen: é um termo que significa "melhoria contínua". É uma filosofia de negócios e um método que visa alcançar melhorias incrementais em processos, produtos e serviços. O kaizen enfatiza a participação de todos os membros de uma organização na busca constante por melhorias, incentivando pequenas mudanças graduais em vez de grandes transformações abruptas. Podemos buscar melhorar todos os aspectos de nossa vida, mesmo que sejam melhorias incrementais.
  • Ikigai: é um conceito que se refere ao propósito e significado da vida. É uma combinação entre aquilo que amamos, no que somos bons, no que o mundo precisa e no que podemos ser remunerados. Ikigai representa a busca por uma vida equilibrada, significativa e gratificante, encontrando a interseção desses quatro elementos. O que lhe faz levantar todos os dias?
  • Oubaitori: a arte de não ficar se comparando com os outros é a filosofia oubaitori que é complementar ao ikigai. Uma forma de valorizar e acessar suas capacidades únicas. Afinal, ficar fazendo comparações não leva a lugar algum e é apenas um gasto de energia que poderia ser redirecionado para seus próprios talentos. Somos únicos, não existem duas pessoas exatamente iguais.
  • Gamã: é uma expressão japonesa que pode ser traduzida como "aceitar a situação com paciência e perseverança". Refere-se à capacidade de suportar dificuldades, desafios e adversidades sem queixas, mantendo a compostura e a resiliência diante das circunstâncias. Mantenha-se firme diante das adversidades.
  • Shikata ga nai: ou "não há outra opção" é um termo usado para expressar uma atitude de resignação diante de uma situação que está além do controle pessoal. É uma forma de aceitar a realidade e seguir em frente, mesmo que não seja possível mudar a situação.Não temos o controle de tudo, mas podemos ter controle sobre nossas reações.

Esses conceitos japoneses têm sido amplamente discutidos e adotados em diferentes contextos, tanto no Japão quanto internacionalmente, como fontes de inspiração e reflexão para alcançar uma vida mais equilibrada, encontrar beleza na imperfeição, promover melhorias graduais, buscar propósito e lidar com desafios e adversidades de forma resiliente.

Você já conhecia esses conceitos? Gostou? Diga aí nos comentários.

sábado, 1 de julho de 2023

Política não é politicagem: o que é política segundo Aristóteles

Busto de Aristóteles
Cópia romana de uma escultura de Lísipo.
 

O filósofo helênico Aristóteles (em grego clássico: Ἀριστοτέλης; romaniz.: Aristotélēs; Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.) foi um polímata da Grécia Antiga. Uma de suas obras é Política (em grego: Πολιτικά ; em latim: Politica). Esse é um texto do filosófico composto por oito livros (I: 1252a - 1260b, II: 1261a - 1274b, III: 1275a - 1288b, IV: 1289a - 1301b, V: 1301b - 1316b, VI: 1317a - 1323a, VII: 1323b - 1337a, VIII: 1337b - 1342b) e não existem dúvidas acerca da autenticidade da obra. Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre. 

No Livro I, Capítulo I, lemos:

Visto que toda cidade é um tipo de associação e que toda associação se forma tendo em vista algum bem (porque todos os homens sempre agem tendo em vista algo que lhes parece ser um bem), resulta claramente que, se todas as associações visam um certo bem, aquela que é a mais alta de todas e engloba todas as demais é precisamente a que visa ao bem mais alto de todos; ela é denominada cidade (pólis), ou comunidade política.

Todos os que julgam que o governo político (politikón), real (basilikón), familiar (oikonomikón) e senhorial (despotikón) são uma mesma coisa exprimem-se de maneira inexata, e não vêem em cada um [desses diversos modos de autoridade] senão uma diferença de mais e menos, não uma diferença de espécie; assim, se a autoridade é exercida sobre um pequeno número, trata-se de um senhor; se esse número é maior, de um chefe de família; se é ainda mais elevado, de um chefe político ou rei, como se não houvesse a menor distinção entre uma grande família e uma pequena cidade. Quanto aos governos político e real, [dizem que a diferença é que] se um homem governa sozinho, é um rei; se, ao contrário, ele exerce o poder segundo os ensinamentos da ciência política, sendo alternadamente governante e governado, trata-se propriamente de um poder político.

Ora, nada disso é verdade, o que ficará claro ao examinarmos o assunto segundo o método que até agora nos guiou. Assim como em outros domínios é necessário proceder à divisão do composto (sýntheton) até chegar a seus elementos mais simples (asýntheton), isto é, às menores partes do todo. Desse modo, ao considerar os elementos dos quais a cidade se compõe, veremos melhor em que diferem as formas de autoridade mencionadas, e se é possível obter delas um conhecimento exato. 

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Para Aristóteles, a política é uma disciplina que estuda a organização da sociedade e o governo das cidades-Estado. Em sua obra Política, Aristóteles busca compreender a natureza da política e suas finalidades, bem como o melhor modo de organizar e governar uma comunidade.

Segundo Aristóteles, o ser humano é um "animal político" por natureza, ou seja, é inerente à condição humana viver em sociedade e participar da vida política. Ele acreditava que o objetivo final da política era alcançar a felicidade e o bem-estar dos cidadãos.

Aristóteles distingue três formas básicas de governo: monarquia, aristocracia e democracia. Ele defende que a forma ideal de governo depende das circunstâncias específicas de cada cidade-Estado, levando em consideração o tamanho da população, a distribuição de riquezas e o bem comum.

Além disso, Aristóteles destaca a importância da justiça na política. Ele argumenta que a justiça deve ser a base de qualquer sistema político legítimo e que a busca pela igualdade é essencial para evitar o despotismo e a tirania.

A política para Aristóteles também está relacionada à ética. Ele acredita que a virtude moral é fundamental para a construção de uma sociedade justa e harmoniosa. A educação desempenha um papel crucial nesse processo, pois é por meio dela que os cidadãos adquirem as virtudes necessárias para participar da vida política de forma responsável e ética.

Em resumo, para Aristóteles, a política é a ciência que estuda a organização da sociedade e busca alcançar a felicidade e o bem comum dos cidadãos, com base na justiça, na virtude moral e na participação ativa dos cidadãos na vida política da cidade-Estado.

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Quais os limites do conhecimento científco?


Os limites do conhecimento científico têm sido objeto de debate entre os filósofos da ciência e também entre os próprios cientistas ao longo da história. Embora existam várias perspectivas, aqui estão algumas ideias que são comumente discutidas nesse tema: 

  1. Observação e experiência limitadas: a ciência baseia-se em observação e experimentação para obter conhecimento sobre o mundo natural. No entanto, nossas capacidades de observação e experiência são limitadas. Existem fenômenos que podem ser difíceis de observar ou medir devido a restrições tecnológicas, escalas de tempo ou espaços inacessíveis. Isso pode restringir a abrangência do conhecimento científico em certas áreas. Por exemplo, é impossível se descrever completamente o comportamento ou anatomia de espécies animais que foram extintas há milhares ou milhões anos. Na verdade, muitas espécies devem ter desaparecido sem deixarem registro fóssil significativo e ficarão desconhecidas para sempre.
  2. Incerteza e revisão contínua: a ciência opera com base na construção de teorias e modelos que são testados e revisados a medida que novas evidências são descobertas. No entanto, a incerteza está presente em todas as etapas do processo científico, nossos instrumentos de medição apresentam erros de calibração, por exemplo. O Princípio da Incerteza de Heisenberg, por exemplo, garante que não podemos saber exatamente qual a velocidade e a posição de um elétron simultaneamente. O conhecimento científico é sempre provisório e sujeito a revisões e refinamentos à medida que novas informações, descobertas ou tecnologias são desenvolvidas.
  3. Limitações epistemológicas: a epistemologia é o ramo da filosofia que estuda a natureza do conhecimento. Existem questões epistemológicas que levantam desafios ao conhecimento científico, como o problema da indução, que questiona a validade da generalização de resultados observados para o todo. Além disso, as teorias científicas estão sempre sujeitas a críticas e debates, o que destaca a natureza social e interpretativa da ciência, afinal, a ciência é também uma construção humana.
  4. Questões metafísicas e ontológicas: a ciência muitas vezes (ou quase sempre) se limita ao estudo de fenômenos naturais observáveis e mensuráveis. Isso significa que questões metafísicas ou ontológicas, como a natureza da consciência, a existência de realidades além do mundo físico ou questões filosóficas sobre o significado e propósito da vida, podem estar além do alcance da ciência.

Em suma, os filósofos da ciência destacam que existem limites inerentes ao conhecimento científico. Esses limites podem ser impostos pelas capacidades humanas, pelas limitações tecnológicas, pela incerteza inerente ao processo científico e pelas questões epistemológicas e metafísicas mais amplas. No entanto, isso não invalida a importância e a utilidade da ciência. O conhecimento científico continua sendo uma das formas mais confiáveis e eficazes de entender o mundo natural, mesmo reconhecendo suas limitações.

Obs: até o século XIX não existia uma separação clara entre ciência e filosofia. Alguns filósofos conseguiram feitos científicos relevantes e alguns cientistas contribuíram de forma significativa para o avanço da filosofia.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

Um pouco de filosofia: conhecendo os estoicos.

O estoicismo foi uma escola filosófica grega helenística fundada por Zenão de Cítio no início do século III a.C. e que teve grande influência na filosofia romana e ocidental. Entre os principais filósofos estoicos, podemos citar:

  • Zenão de Cítio (336 a.C. - 264 a.C.) - fundador da escola estoica; 
  • Cleanto de Assos (331 a.C. - 232 a.C.) - sucedeu Zenão como líder da escola e expandiu a filosofia estoica; 
  • Crisipo de Soli (280 a.C. - 207 a.C.) - um dos mais importantes filósofos estoicos, responsável por desenvolver e sistematizar a filosofia da escola; 
  • Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.) - um dos mais famosos filósofos estoicos romanos, conhecido por seus escritos sobre ética e moralidade; 
  • Epicteto (50 d.C. - 135 d.C.) - filósofo e ex-escravo, que enfatizou a importância do autocontrole e da virtude; 
  • Marco Aurélio (121 d.C. - 180 d.C.) - imperador romano e filósofo estoico, conhecido por suas Meditações, um diário pessoal sobre filosofia e auto-aperfeiçoamento. Esses filósofos contribuíram para o desenvolvimento do estoicismo e influenciaram a filosofia, a ética e a moralidade ocidentais.
Os estoicos acreditavam em vários princípios que deveriam ser aplicados para termos uma vida mais plena e satisfatória. Aqui estão alguns deles:
  • Viver de acordo com a razão: Para os estoicos, a razão era o guia para uma vida plena. Eles acreditavam que as emoções deviam ser controladas pela razão, e que a razão devia ser usada para tomar decisões. 
  • Aceitar o que não pode ser mudado: Os estoicos enfatizavam a importância de aceitar aquilo que não podemos mudar, como a morte ou eventos imprevisíveis da vida. Eles acreditavam que tentar mudar o que não pode ser mudado só trazia sofrimento. 
  • Viver no presente: Os estoicos acreditavam que o momento presente era tudo o que tínhamos, e que devíamos aproveitá-lo ao máximo. Eles acreditavam que o passado não podia ser mudado e o futuro era incerto, então a única coisa que podíamos controlar era o presente. 
  • Praticar a virtude: Para os estoicos, a virtude era a chave para uma vida plena. Eles acreditavam que a virtude era o caminho para a felicidade e que devíamos praticá-la em todas as áreas de nossas vidas. 
  • Ser humilde: Os estoicos acreditavam que a humildade era importante para uma vida plena. Eles enfatizavam a importância de reconhecer que não somos melhores do que os outros e que todos têm valor igual. 
  • Viver de forma simples: Os estoicos acreditavam que uma vida simples e despojada de luxos era importante para uma vida plena. Eles enfatizavam a importância de viver com o mínimo necessário e evitar excessos.
Você acha que vale a pena praticar esses princípios em nossa vida moderna?

sexta-feira, 21 de abril de 2023

Dica de leitura: A Ilha do Conhecimento


 Sobre Marcelo Gleiser:

Marcelo Gleiser é um renomado físico teórico e cosmólogo brasileiro, além de escritor e professor universitário. Ele nasceu em 1959 no Rio de Janeiro e estudou física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) antes de se mudar para os Estados Unidos, onde obteve seu Ph.D. em física teórica pela Universidade Estadual de Nova York em Stony Brook.

Gleiser é conhecido por seu trabalho em teoria de campos, relatividade geral e cosmologia. Ele é autor de mais de 100 artigos científicos revisados por pares e também escreveu vários livros sobre ciência para um público mais amplo, incluindo "A Dança do Universo", "Criação Imperfeita" e "A Ilha do Conhecimento".

Além de sua pesquisa e escrita, Gleiser é um educador comprometido e tem sido professor de física e astronomia na Universidade Dartmouth nos Estados Unidos desde 1991. Ele é um forte defensor da comunicação científica para o público em geral e muitas vezes aparece na mídia para discutir ciência e questões filosóficas relacionadas à natureza do universo. Ele possui uma conta no Instagram (ver aqui).

Gleiser é amplamente reconhecido por suas contribuições para a física teórica e pela promoção da compreensão pública da ciência. Ele é membro da Academia Brasileira de Filosofia e foi agraciado com vários prêmios, incluindo o Prêmio Templeton em 2019 por seu trabalho na interface entre ciência e espiritualidade. Gleiser também é ganhador do Prêmio Jabuti (1998, 2022).

Sobre o livro - A Ilha de Conhecimento:

Neste livro, "A Ilha do Conhecimento: Os Limites da Ciência e A Busca Por Sentido", Gleiser faz, entre outras coisas, uma defesa da ciência e explica sobre seus limites e possibilidades, afinal, a ciência não tem explicação para todos os problemas humanos. O livro apresenta um Prólogo e está divido em três partes: A Origem do Mundo e a Natureza dos Céus; Da Pedro Filosofal ao Átomo: A Natureza Elusiva da Realidade; A Mente e a Busca por Sentido. É uma excelente leitura para cursa a disciplina de metodologia científica.

Um resumo (fonte aqui):

Há respostas para todas as perguntas? Quanto realmente sabemos sobre o mundo? Existe mesmo uma verdade absoluta? O que define o ser humano é a curiosidade, é o querer saber sempre mais sobre o mundo e sobre si mesmo. Mas o que observamos do mundo é uma pequena porção do que existe. Em A ilha do conhecimento, o físico Marcelo Gleiser traça nossa busca por respostas a questões fundamentais da existência. E chega a uma conclusão provocativa: a ciência, principal ferramenta que temos para encontrar respostas, é fundamentalmente limitada. A essência da realidade é incognoscível.

Os limites do nosso conhecimento derivam dos nossos instrumentos de exploração e da natureza da realidade física: a velocidade da luz, o princípio da incerteza, a impossibilidade de ver além do horizonte cósmico, os teoremas da incompletude e a nossa própria capacidade como uma espécie inteligente. Reconhecer essas fronteiras, Gleiser argumenta, não é um impedimento ao progresso ou um motivo para sucumbir à religião. Pelo contrário, nos deixa livres para questionar o sentido e a natureza do universo, afirmando o papel central da vida e da nossa existência. A ciência pode e deve seguir em frente, mas, ao reconhecer os próprios limites, revela sua verdadeira missão: conhecer o universo é nos conhecer.

Uma ampla história intelectual da nossa busca por conhecimento e sentido, este livro aborda de forma altamente original as ideias de alguns dos maiores pensadores da história, de Platão a Einstein, mostrando como continuam a nos influenciar. A ilha do conhecimento oferece uma visão singular do que significa ser humano em um universo mergulhado em mistério.

A Ilha do Conhecimento foi publicado em 2014.

quinta-feira, 9 de março de 2023

Algumas frases e aforismos filosóficos



Há muitas frases famosas de pensadores ocidentais, aqui estão algumas das mais conhecidas:
  • "Penso, logo existo." - René Descartes 
  • "O homem é a medida de todas as coisas." - Protágoras 
  • "A vida sem filosofia é como estar cego em meio a um mundo de cores e luzes." - Michel de Montaigne 
  • "Só sei que nada sei." - Sócrates 
  • "O homem é um animal político." - Aristóteles 
  • "O conhecimento começa com a dúvida." - Galileu Galilei 
  • "A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se você não pode viver sozinho, também não é livre." - Arthur Schopenhauer 
  • "A filosofia é um combate, não uma doutrina." - Michel Foucault 
  • "A felicidade é a finalidade de tudo que fazemos." - Aristóteles 
  • "Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou." - Heráclito 
  • "Tudo o que é razoável é verdadeiro e tudo o que é verdadeiro é razoável." - Gottfried Leibniz 
  • "O homem nasce livre, mas em toda parte está acorrentado." - Jean-Jacques Rousseau 
  • "A verdadeira sabedoria está em reconhecer a própria ignorância." - Sócrates 
  • "O inferno são os outros." - Jean-Paul Sartre 
  • "O que é o homem na natureza? Nada em relação ao infinito, tudo em relação ao nada, um ponto a meio entre o nada e o tudo." - Blaise Pascal 
  • "Aquele que luta com monstros deve tomar cuidado para não se tornar um monstro ele mesmo. E se você olhar para dentro de um abismo, o abismo olhará para dentro de você." - Friedrich Nietzsche

Um aforismo é uma frase breve e concisa que expressa uma ideia ou pensamento complexo de maneira clara e memorável. Geralmente, um aforismo é uma afirmação que se baseia em alguma observação, experiência ou sabedoria prática. Ele pode ser utilizado para transmitir uma lição, provocar reflexão ou humor, e pode ser encontrado em várias áreas do conhecimento, como na literatura, na filosofia, na religião, entre outras.
 
Aforismos são muito utilizados na filosofia, especialmente por filósofos como Friedrich Nietzsche e Arthur Schopenhauer, que escreveram muitos aforismos em seus trabalhos. Os aforismos são frequentemente lembrados e citados porque são concisos e memoráveis, o que os torna úteis para transmitir ideias complexas de uma maneira fácil de lembrar.

sábado, 3 de dezembro de 2022

Dica de leitura: Breves respostas para grandes questões


 

Uma biografia de Hawking (fonte - Wikipédia):


Stephen William Hawking (Oxford, 8 de janeiro de 1942 - Cambridge, 14 de março de 2018) foi um físico teórico e cosmólogo britânico, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à ciência, sendo um dos mais renomados cientistas do século XX. Doutor em cosmologia, foi professor lucasiano emérito na Universidade de Cambridge, um posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Foi, pouco antes de falecer, diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge.

Seus trabalhos científicos incluem um teorema sobre a singularidade gravitacional no âmbito da relatividade geral (em colaboração com Roger Penrose) e a previsão teórica de que os buracos negros emitem radiação, frequentemente chamada de Radiação Hawking. Hawking foi o primeiro cientista a estabelecer uma teoria da cosmologia explicada pela união da teoria geral da relatividade e da mecânica quântica. Ele foi um defensor fervoroso da interpretação de muitos mundos na mecânica quântica.

Hawking alcançou sucesso comercial com vários trabalhos nos quais ele discute suas próprias teorias e cosmologia em geral. Seu livro Uma Breve História do Tempo permaneceu na lista de mais vendidos do The Sunday Times durante 237 semanas. Em 2002, Hawking ficou em 25º lugar na pesquisa da BBC sobre os 100 Maiores Britânicos de todos os tempos. Stephen Hawking morreu na sua casa em Cambridge em 14 de março de 2018, aos 76 anos, devido a complicações da sua doença degenerativa.

Sobre o livro (resenha - fonte aqui):

Em textos inéditos, o físico e autor do best-seller Uma breve história do tempo nos presenteia com seus pensamentos finais sobre as maiores perguntas da humanidade.

Desde Einstein, o mundo não via um cientista tão reverenciado quanto Stephen Hawking. Com seu trabalho revolucionário em física e cosmologia, ele encantou milhões de leitores com as origens do universo e a natureza dos buracos negros, além de inspirar a todos pela coragem e determinação que exibiu em sua luta contra a doença do neurônio motor. Agora, nesta reunião póstuma de seus trabalhos, ele expõe seus pensamentos a respeito das grandes questões que povoam nossas mentes desde os primórdios e daquelas mais prementes na atualidade.

Somos conduzidos assim a suas reflexões sobre a origem do universo, a existência de deus e a natureza do tempo, assuntos sempre submetidos a seu intelecto afiado de cientista. Aliado à curiosidade que o impulsionou por toda a vida, ele projeta seu olhar também para o futuro, em que busca soluções para problemas que ameaçam hoje o mundo como o conhecemos, tais como o aquecimento global, a fome e a urgência de um desenvolvimento sustentável.

Com prefácio de Eddie Redmayne — que ganhou um Oscar por interpretá-lo no cinema —, introdução do Nobel de física Kip Thorne e posfácio comovente de Lucy Hawking, sua filha, Breves respostas para grandes questões não é apenas a última mensagem de um grande gênio: é seu presente final para a humanidade.

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

É possível ser cristão e de esquerda ao mesmo tempo?


Atos 2:44-46: E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. E perseverando unânimes todos os dias no templo, e repartindo o pão de casa em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração.

Atos 4:32-35: E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns. E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o valor do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.*

* Aparentemente, os primeiros cristãos se reuniam em comunidades com algumas características semelhantes a uma sociedade fortemente socialista.

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Os termos "direita" e "esquerda" não são criações recentes da política brasileira, mas têm origem na Revolução Francesa que ocorreu no final do século XVIII. Do lado direito do Parlamento se sentavam os girondinos, favoráveis ao antigo regime (conservadores); e do esquerdo os jacobinos, contrários à Monarquia e defensores da instauração de uma República (progressistas). 

As pessoas que se identificam com a esquerda, depois da revolução industrial, passaram a incluir a defesa do proletariado e das conquistas sociais entre seus objetivos. Mais recentemente, a pauta ambiental também foi incluída na agenda esquerdista. O espectro da esquerda é bastante amplo: inclui de um lado os de centro-esquerda, trabalhista, anarquistas, socialistas e comunistas no extremo oposto. Logo, dizer que alguém é de esquerda acarreta uma certa imprecisão, pois não leva em conta esse amplo espectro. 

No Brasil, ser de esquerda pode significar que você está preocupado com os mais pobres, com a fome que aflige uma parte significativa da população, com a desigualdade social, com a educação dos jovens, que as escolas sejam boas, que os professores tenham boas condições de trabalho e bons salários, que todos tenham mais condições de progredir, que os trabalhadores tenham direitos e um salário digno. Não significa que você é contrário à propriedade privada, nem tem por objetivo que todas as empresas e indústrias sejam do governo. Tão pouco significa que você seja avesso à religião ou que apoie o totalitarismo.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é neutra em relação a partidos políticos, plataformas políticas e candidatos a cargos políticos. Ela não endossa nenhum partido, plataforma ou candidato político. Também não aconselha os membros em relação a como votar. Além disso também afirma que os líderes locais da Igreja não devem organizar os membros para participarem de questões políticas. Tampouco devem tentar influenciar a forma como os membros participam.

Um exemplo de homem religioso e de esquerda é o pastor, professor, ator e escritor Henrique Vieira, Deputado Federal eleito pelo PSOL/RJ neste ano de 2022. Logo, é sim possível ser de esquerda e cristão ao mesmo tempo. 

sexta-feira, 13 de maio de 2022

Aula-palestra de hoje no ProfEPT com o professor Eduardo F. Chagas

 

Hoje nossa aula foi com o prof. Dr. Eduardo Ferreira Chagas, filósofo e bolsista de produtividade do CNPq. O professor Chagas mantém um canal no YouTube (ver aqui).



Sobre o prof. Chagas:

Possui Graduação em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (1989), Mestrado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (1993), Doutorado em Filosofia pela Universität Kassel (Alemanha) (2002) e Pós-Doutorado em Filosofia pela Universität Munster (Alemanha) (2018-2019). É professor efetivo (Associado 4) do Curso de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Ceará - UFC, professor do Programa de Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO) da UFC, professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Educação Brasileira da FACED - UFC e professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Estadual do Ceará - UECE. Atualmente, é Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq (PQ nível 2); é Editor da Revista Dialectus (http://www.revistadialectus.ufc.br/index.php/RevistaDialectus/about/editorialPolicies#sectionPolicies). E dedica suas pesquisas ao estudo da filosofia política, da filosofia de Hegel, do idealismo alemão e de seus críticos, Feuerbach, Marx, Adorno e Habermas. É membro da Internationale Gesellschaft der Feuerbach-Forscher (Sociedade Internacional Feuerbach). Outras informações acesse a homepage: www.efchagas.wordpress.com.

sexta-feira, 1 de abril de 2022

O que é um paradoxo


É atribuída ao semilendário Epimênides de Creta (séc.VII a.C.) a seguinte declaração: "todos os cretenses são mentirosos". Entretanto, se Epimênides diz a verdade, ele mente, pois ele também é cretense; mas se mente, a proposição "todos os cretenses são mentirosos" não é verdadeira e, nesse caso, ele diz a verdade. Por conseguinte, todos os cretenses são efetivamente mentirosos e, nesse caso e Epimênides mente (e assim por diante, "ao infinito"). Esse é um dos mais famosos paradoxos do mundo antigo. 

Em uma pequena cidade existe apenas um barbeiro. Esse barbeiro faz a barba de todos os homens que não fazem as suas próprias barbas e de ninguém mais. Quem faz a barba desse barbeiro?! A resposta é paradoxal. 

Um exemplo mais divertido: o paradoxo temporal das viagens no tempo  das histórias de ficção científica. Quando o viajante do tempo vai para o passado, sua presença e ações podem perturbar a linha temporal e, na maioria das vezes, geram grandes mudanças no futuro e resultados logicamente impossíveis, ou seja, um paradoxo. Um exemplo mais concreto desse paradoxo: você viaja ao passado e evita que seus avós paternos se conheçam, evitando assim o nascimento do seu pai e o dele mesmo! Se ele não nascer, como poderia viajar ao passado?! O cinema adora brincar com esse tipo de paradoxo, alguns dos filmes antigos que usam esse tipo de paradoxo: Em Algum Lugar do Passado (1980), O Exterminador do Futuro (1984), De Volta Para o Futuro (1985), De Volta Para o Futuro 2 (1989), De Volta Para o Futuro 3 (1990), Timecop (1994), Efeito Borboleta (2004), entre vários outros.

Formalmente, um paradoxo pode ser definido como um pensamento ou argumento que, apesar de aparentemente correto, apresenta uma conclusão ou consequência contraditória, ou em oposição a determinadas verdades aceitas. Existem vários tipos de paradoxos, eles podem ser classificados em três classes: paradoxos verídicos, paradoxos falsídicos e antinomia (contradição entre leis). 


Em uma versão mais "gramatical", o paradoxo é visto como uma figura de linguagem ou figura de pensamento. É chamado também de oximoro ou oxímoro, e consiste na expressão de uma ideia contrastante, isto é, em que há oposição, além de conter em si uma contradição, uma incoerência, por apresentar elementos que se contradizem. Portanto, não basta haver oposição na ideia expressa, os elementos contrastantes precisam também ser contraditórios. Um exemplo (com destaque para o paradoxo):

Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. (...) Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Trecho do livro “A dança do universo”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser.

Nosso dia a dia está cheio de paradoxos.

Para saber mais aqui e aqui.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Existe "guerra justa"?


Na definição do pensador e político romano Cícero, "pax est tranquilla libertas" - 'paz é a liberdade tranquila'. No verbete sobre "Paz" do Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano lemos:

De modo mais geral, a P. foi definida por Hobbes como a cessação do estado de guerra, ou seja, do conflito universal entre os homens. Portanto, "procurar obter a P.", segundo Hobbes, é a primeira lei da natureza (Leriatb., I, 14). Como Hobbes, Kant julgava que o estado de P. entre os homens não é natural e que, portanto, ele tem de ser instituído, pois "a ausência de hostilidade não significa segurança, e se esta não for garantida entre vizinhos (o que só pode realizar-se num estado legítimo) poderá ser tratado como inimigo aquele a quem se tenha pedido essa garantia em vão" (Zum ewigen Frieden, 1796, § 2). Para Whitehead, a P. é um conceito metafísico, "a harmonia das harmonias que aplaca a turbulência destrutiva e completa a civilização" (Adventures of Ideas, XX, § 2).

No verbete sobre guerra lemos:

Alguns filósofos da Antiguidade atribuíram um valor cósmico à G., uma função dominante na economia do universo. Foi o que fez Heráclito, que chamou a G. de "mãe e rainha de todas as coisas" (Fr. 53, Diels), afirmando que "a G. e a justiça são conflitos e, por meio do conflito, todas as coisas são geradas e chegam à morte" (Fr. 80, Diels). Foi o que fez também Empédocles, que, ao lado da Amizade (ou Amor), como força que une os elementos constitutivos do mundo, pôs o Ódio ou a Discórdia que tende a desuni-los (Fr. 17, Diels). Outros filósofos, como Hobbes, afirmaram que o estado de G. é o estado "natural" da humanidade, no sentido de que é o estado a que ela seria reduzida sem as normas do direito, ou do qual procura sair mediante essas regras (Leviath., I, 13). Mas, não obstante essas ideias ou semelhantes, os filósofos esforçaram-se constantemente por evidenciar e encorajar os esforços dos homens para evitar as G. ou para diminuir as situações que lhes dão origem. Por vezes, ocuparam-se em formular projetos nesse sentido. A exceção a essa regra é representada por Hegel, que considerou a G. como uma espécie de "juízo de Deus", do qual a providência histórica se vale para dar a vitória à melhor encarnação do Espírito do mundo. Hegel afirma, por um lado, que, "assim como o movimento dos ventos preserva o mar da putrefação à qual o reduziria a quietude duradoura, a isso reduziria os povos a paz duradoura ou perpétua" (Fil. do dir., § 324), e por outro lado julga que, no plano providencial da história do mundo, um povo sucede ao outro no encarnar, realizar ou manifestar o Espírito do mundo, dominando, em nome e por meio dessa superioridade, todos os outros povos. A G. pode ser um episódio dessa alternância, desse juízo de Deus proferido pelo "Espírito do mundo". "Em geral", diz Hegel, "a isso está ligada uma força externa que destitui com violência o povo do domínio e faz que ele deixe de ter primazia. Essa força exterior, porém, só pertence ao fenômeno; nenhuma força externa ou interna pode impor sua eficácia destruidora em face do Espírito do povo, se este já não estiver exânime, extinto" (Philosophie der Geschichte, ed. Lasson, p. 47). Essas afirmações de Hegel equivalem a justificar qualquer G. vitoriosa que, como tal, estaria nos planos providenciais da Razão. Constituem, portanto, uma monstruosidade filosófica que, entretanto, não deixou de ter defensores e seguidores, dentro e fora do círculo da filosofia hegeliana.

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Em toda e qualquer guerra os direitos básicos das pessoas são severamente limitados. Excessos de violência são aplicados de forma indiscriminada, a infraestrutura é atingida e os problemas econômicos só fazem aumentar, os preços de coisas básicas se elevam de forma abusiva. Dizem que em uma guerra a primeira vítima é a verdade$^1$. Some-se a isso a guerra digital: a propaganda militar mentirosa pode atingir a todos, ataques hackers coordenados podem derrubar sistemas e industrias inteiras. Ao meu ver, a única justificativa para entrar em uma guerra é para se defender da ação de outro país. A diplomacia deveria ser o único caminho para resolver os conflitos entre as nações.  

1. A primeira vítima, quando começa a guerra, é a verdade. Hiram W. Johnson senador americano.

Obs: eu tenho consciência de que se essa guerra (Rússia-Ucrânia) fosse entre dois países africanos em algum lugar da Ásia, a repercussão no mundo seria muito menor. 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Dica de leitura: 50 Ideias de Filosofia que você precisa conhecer



Sobre o autor. BEN DUPRÉ é autor, editor e pesquisador da Universidade de Oxford, com livros publicados em 15 países. Trabalhou durante 20 anos para editoras como Guinness e Oxford University Press, onde publicou uma ampla lista de obras de referência. Atualmente, Dupré vive em Oxford com sua família.

Sobre a obra. Na contracapa do livro nós lemos:

De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? Você é realmente livre em suas escolhas? É justo submetermos os animais a sofrimentos para o avanço da ciência? O que é moral e ética e como lidamos com estes princípios atualmente?

Em 50 ideias de filosofia que você precisa conhecer, parte da premiada série inglesa 50 Ideias, o professor Ben Dupré ensaia respostas para estas indagações, com base na vasta tradição filosófica.

Apoiado nos pensamentos de clássicos da antiguidade, como Platão e Aristóteles; de grandes autores modernos, como Kant e Hegel; e até de filósofos do século XX, como Karl Popper, ele introduz de maneira clara e concisa algumas das ideias mais influentes já criadas pelo homem
.

Em resumo, podemos dizer que este livro é uma introdução acessível aos grandes temas da filosofia. Não é um livro para especialistas, mas para leigos interessados no assunto. 

Alguns dos temas tratados:
  • Questões de Conhecimento (O Cérebro em uma cuba; o mito da caverna; ... ) 
  • A Mente Importa (A questão mente-corpo; Como é ser um morcego; ... )
  • Ética (A guilhotina de Hume; A carne de um homem; A teoria do comando divino; ...)
  • ( ... )
  • Religião (O argumento do desígnio; O argumento cosmológico; ...)
  • Política, Justiça e Sociedade (Liberdade Positiva e Negativa; O princípio da diferença; ...)
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Um trecho do primeiro tema: O Cérebro em uma cuba.

“Imagine que um ser humano foi submetido a uma cirurgia por um cientista do mal. O cérebro da pessoa foi retirado do corpo e colocado numa cuba com nutrientes que o mantêm vivo. As terminações nervosas foram conectadas a um supercomputador científico que faz com que a pessoa tenha a ilusão de que tudo está perfeitamente normal. Parecem existir pessoas, objetos, o céu etc.; mas, na verdade, tudo o que a pessoa experimenta é resultado de impulsos eletrônicos que viajam do computador para as terminações nervosas.”

Um cenário de pesadelo, de ficção científica? Talvez, mas claro que é exatamente isso que você diria se fosse um cérebro dentro de uma cuba! O seu cérebro pode estar numa cuba, e não dentro de um crânio, mas tudo que você sente é exatamente igual ao que sentiria se estivesse vivendo num corpo de verdade no mundo real. O mundo à sua volta – sua cadeira, o livro em suas mãos, as suas próprias mãos –, todo ele é parte de uma ilusão, pensamentos e sensações introduzidos no seu cérebro sem corpo pelo computador superpoderoso do cientista.