sábado, 1 de julho de 2023

Política não é politicagem: o que é política segundo Aristóteles

Busto de Aristóteles
Cópia romana de uma escultura de Lísipo.
 

O filósofo helênico Aristóteles (em grego clássico: Ἀριστοτέλης; romaniz.: Aristotélēs; Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.) foi um polímata da Grécia Antiga. Uma de suas obras é Política (em grego: Πολιτικά ; em latim: Politica). Esse é um texto do filosófico composto por oito livros (I: 1252a - 1260b, II: 1261a - 1274b, III: 1275a - 1288b, IV: 1289a - 1301b, V: 1301b - 1316b, VI: 1317a - 1323a, VII: 1323b - 1337a, VIII: 1337b - 1342b) e não existem dúvidas acerca da autenticidade da obra. Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre. 

No Livro I, Capítulo I, lemos:

Visto que toda cidade é um tipo de associação e que toda associação se forma tendo em vista algum bem (porque todos os homens sempre agem tendo em vista algo que lhes parece ser um bem), resulta claramente que, se todas as associações visam um certo bem, aquela que é a mais alta de todas e engloba todas as demais é precisamente a que visa ao bem mais alto de todos; ela é denominada cidade (pólis), ou comunidade política.

Todos os que julgam que o governo político (politikón), real (basilikón), familiar (oikonomikón) e senhorial (despotikón) são uma mesma coisa exprimem-se de maneira inexata, e não vêem em cada um [desses diversos modos de autoridade] senão uma diferença de mais e menos, não uma diferença de espécie; assim, se a autoridade é exercida sobre um pequeno número, trata-se de um senhor; se esse número é maior, de um chefe de família; se é ainda mais elevado, de um chefe político ou rei, como se não houvesse a menor distinção entre uma grande família e uma pequena cidade. Quanto aos governos político e real, [dizem que a diferença é que] se um homem governa sozinho, é um rei; se, ao contrário, ele exerce o poder segundo os ensinamentos da ciência política, sendo alternadamente governante e governado, trata-se propriamente de um poder político.

Ora, nada disso é verdade, o que ficará claro ao examinarmos o assunto segundo o método que até agora nos guiou. Assim como em outros domínios é necessário proceder à divisão do composto (sýntheton) até chegar a seus elementos mais simples (asýntheton), isto é, às menores partes do todo. Desse modo, ao considerar os elementos dos quais a cidade se compõe, veremos melhor em que diferem as formas de autoridade mencionadas, e se é possível obter delas um conhecimento exato. 

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Para Aristóteles, a política é uma disciplina que estuda a organização da sociedade e o governo das cidades-Estado. Em sua obra Política, Aristóteles busca compreender a natureza da política e suas finalidades, bem como o melhor modo de organizar e governar uma comunidade.

Segundo Aristóteles, o ser humano é um "animal político" por natureza, ou seja, é inerente à condição humana viver em sociedade e participar da vida política. Ele acreditava que o objetivo final da política era alcançar a felicidade e o bem-estar dos cidadãos.

Aristóteles distingue três formas básicas de governo: monarquia, aristocracia e democracia. Ele defende que a forma ideal de governo depende das circunstâncias específicas de cada cidade-Estado, levando em consideração o tamanho da população, a distribuição de riquezas e o bem comum.

Além disso, Aristóteles destaca a importância da justiça na política. Ele argumenta que a justiça deve ser a base de qualquer sistema político legítimo e que a busca pela igualdade é essencial para evitar o despotismo e a tirania.

A política para Aristóteles também está relacionada à ética. Ele acredita que a virtude moral é fundamental para a construção de uma sociedade justa e harmoniosa. A educação desempenha um papel crucial nesse processo, pois é por meio dela que os cidadãos adquirem as virtudes necessárias para participar da vida política de forma responsável e ética.

Em resumo, para Aristóteles, a política é a ciência que estuda a organização da sociedade e busca alcançar a felicidade e o bem comum dos cidadãos, com base na justiça, na virtude moral e na participação ativa dos cidadãos na vida política da cidade-Estado.

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