Terra já rompeu 7 de seus 9 limites planetários, mostra novo relatório
Data de Publicação: 24 de setembro de 2025
Fonte: G1 Globo (Meio Ambiente)
Principais Destaques
Um relatório atualizado do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto Climático (PIK), divulgado nesta quarta-feira, alerta que a humanidade já ultrapassou sete dos nove limites planetários – indicadores científicos que definem as fronteiras seguras para a estabilidade do planeta. Esses limites, propostos em 2009 pelo diretor do PIK, Johan Rockström, monitoram processos essenciais para a vida na Terra. A grande novidade é a inclusão da acidificação dos oceanos na zona de risco, que em 2024 ainda estava no limite, mas agora foi oficialmente cruzada. Isso eleva o número de processos críticos de seis para sete, sinalizando uma aceleração alarmante da degradação ambiental.
O relatório enfatiza que, sem ações urgentes para conter o aquecimento global, colapsos de ecossistemas, desastres climáticos extremos (como inundações, secas e ondas de calor) e perda irreversível de biodiversidade se tornarão inevitáveis. O oceano, que absorve cerca de 25% do CO₂ emitido e regula o clima global, está sob pressão extrema, atuando como um "amortecedor" que está chegando ao fim de sua capacidade.
Os Limites Planetários: Status Atual
Os limites são avaliados com base em dados globais de 2024. Aqui vai uma tabela resumindo os nove processos, com seus status (🟢 seguro; 🟠 zona de perigo; 🔴 alto risco):
Limite Planetário | Status | Detalhes Principais |
---|---|---|
Mudanças climáticas | 🔴 | CO₂ atmosférico em 422 ppm (limite: 350 ppm); força de aquecimento em 2,79 W/m² (limite: +1,0 W/m²). Aumento de eventos extremos. |
Biodiversidade | 🔴 | Extinção acelerada de espécies e degradação de habitats. |
Ciclo do nitrogênio/fósforo | 🔴 | Excesso de fertilizantes polui solos e águas. |
Acidificação dos oceanos | 🟠 | Nível de saturação em aragonita: 2,80 (limite: 2,75). Prejudica corais e moluscos; queda de oxigênio e ondas de calor marinhas. |
Mudanças no uso da terra | 🟠 | Desmatamento e urbanização reduzem áreas naturais. |
Uso de água doce | 🟠 | Demanda crescente excede disponibilidade sustentável. |
Poluição química | 🟠 | Microplásticos e tóxicos acumulam-se em ecossistemas. |
Aerossóis na atmosfera | 🟢 | Partículas como fuligem ainda controláveis. |
Camada de ozônio | 🟢 | Protegida por tratados internacionais (ex.: Protocolo de Montreal). |
Impactos Específicos nos Oceanos e Clima
- Oceanos em Alerta: A absorção excessiva de CO₂ torna a água mais ácida, corroendo conchas de organismos como pterópodes (caracóis marinhos) e destruindo recifes de coral – que já perderam 14% desde 2009, segundo a Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN, estudo de 2020). Isso afeta cadeias alimentares, pesca e a produção de oxigênio (oceanos geram ~50% do O₂ global).
- Clima Instável: Agosto de 2024 foi o mês mais quente registrado, parte de um período 125 mil anos mais quente devido ao aquecimento antropogênico. Consequências incluem padrões climáticos alterados, com mais chuvas torrenciais e secas prolongadas.
Vozes de Especialistas
- Levke Caesar (co-líder do laboratório de limites planetários do PIK): “O oceano está se tornando mais ácido, os níveis de oxigênio estão caindo e as ondas de calor marinhas estão aumentando. Isso pressiona um sistema vital para estabilizar o planeta.”
- Renata Piazzon (diretora-geral do Instituto Arapyaú): “Os dados mostram que o planeta está sob enorme pressão. Se não tomarmos medidas imediatas, estaremos acelerando ainda mais a crise climática e a perda de biodiversidade.”
- Karina Lima (climatologista): “Tivemos o mês de agosto mais quente do registro instrumental, mas sabemos também que estamos vivendo o período mais quente em cerca de 125 mil anos por causa do aquecimento global antropogênico. Com isso, estamos alterando os padrões do sistema climático e entre as consequências temos aumento de frequência e intensidade de eventos extremos.”
Contexto Histórico e Implicações
Desde a proposta inicial em 2009, os relatórios anuais do PIK rastreiam esses limites. Em 2024, seis já estavam cruzados; agora, com os oceanos, o risco é ainda maior. O documento chama por políticas globais urgentes, como redução drástica de emissões de CO₂ (alinhada ao Acordo de Paris), proteção de áreas marinhas e transição para economias sustentáveis. Sem ação, o "espaço seguro" para a humanidade encolhe rapidamente, ameaçando bilhões de pessoas.
Essa notícia reforça a urgência da COP30 (prevista para 2025 no Brasil) para negociações climáticas. Para mais detalhes, acesse o relatório completo do PIK. O que você acha? Precisamos de mudanças sistêmicas agora! 🌍🔥
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