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segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Um pouco de caos no plano: sistemas de três corpos

 

Sistemas com 3 ou mais corpos ligados gravitacionalmente não possuem solução analítica. As leis de Newton são válidas, mas, de forma geral, encontrar uma solução fechada para os movimentos é impossível.  Na verdade, se os três corpos apresentarem massas da mesma ordem de grandeza, a tendência é que o movimento seja caótico e imprevisível a longo prazo.  

Um sistema caótico é um sistema dinâmico que exibe comportamento altamente sensível às condições iniciais, onde pequenas mudanças podem levar a resultados drasticamente diferentes (efeito borboleta). Apesar de serem regidos por regras determinísticas, esses sistemas parecem aleatórios e são imprevisíveis a longo prazo. Exemplos incluem o clima, turbulência de fluidos e certos sistemas biológicos ou econômicos. Características principais incluem não linearidade, dependência sensível às condições iniciais e padrões complexos, como atratores estranhos. Um sistema de três (ou mais) corpos de massas semelhantes interagindo gravitacionalmente é um exemplo clássico de sistema caótico. No problema dos três corpos, as interações gravitacionais mútuas criam um sistema dinâmico não linear, onde pequenas variações nas condições iniciais (como posições ou velocidades) podem levar a trajetórias completamente diferentes ao longo do tempo. Exceto em casos muito específicos (como configurações altamente simétricas), as órbitas não seguem padrões periódicos simples e exibem comportamento caótico, com sensibilidade às condições iniciais e imprevisibilidade a longo prazo. Isso contrasta com o problema de dois corpos, que é geralmente previsível e possui soluções analíticas estáveis. 

Nesta postagem apresentamos um código Scilab que simula um sistema de três corpos com massas da mesma ordem de grandeza. Mudamos as condições iniciais (posições, massas ou velocidades) e observamos resultados completamente distintos. Em alguns casos, um dos corpos pode ser expulso do sistema. 

Código Scilab (feito com auxílio do ChatGPT -5): 

Prompt:  

Vamos simular o problema dos três corpos no plano? Gere um código Scilab que simule o problema dos três corpos no plano, isto é, os três corpos estão se movendo um espaço 2D. Use as equações básicas de gravitação de Newton. Os parâmetros de simulação (massa dos três corpos, posição inicial, velocidades iniciais) devem ficar fáceis de serem editados. A saída será na forma de um gráfico.

...

// =================================================
// Problema dos Três Corpos no plano (2D) - Gravitação de Newton
// Integração RK4 (passo fixo). Saída: gráfico das trajetórias.
// Editar parâmetros NA SEÇÃO "PARÂMETROS DE SIMULAÇÃO".
// =================================================

// ---------- PARÂMETROS DE SIMULAÇÃO (edite aqui) ------------
G      = 1.0;          // Constante gravitacional (use 1 para unidades normalizadas)
m      = [2; 4; 20];    // Massas [m1; m2; m3]
soft   = 0.001;         // "softening" para evitar singularidades (>= 0)
dt     = 0.002;        // Passo de tempo
Tend   = 80;           // Tempo final da simulação
saveEvery = 5;         // Salvar a cada N passos (para acelerar plots/memória)

// Condições iniciais (posições e velocidades em 2D)
// r = [x1 y1; x2 y2; x3 y3]
r0 = [ 2.0  0.0;
       3.0  1.5;
       0.0  0.0];

// v = [vx1 vy1; vx2 vy2; vx3 vy3]
// Sugestão inicial: dar velocidades opostas às duas massas externas
v0 = [ 0.0  5.00;
       0.0  3.00;
       0.0  0.00];

// Opcional: forçar o centro de massa em repouso (zera momento total)
Pcm = m(1)*v0(1,:) + m(2)*v0(2,:) + m(3)*v0(3,:);
Mtot = sum(m);
v0 = [v0(1,:) - Pcm/Mtot;
      v0(2,:) - Pcm/Mtot;
      v0(3,:) - Pcm/Mtot];

// ------------- FUNÇÕES AUXILIARES ---------------------------
function a=aceleracoes(r, m, G, soft)
    // r: 3x2 (linhas = corpos, colunas = x,y)
    // a: 3x2
    a = zeros(3,2);
    for i = 1:3
        ai = [0, 0];
        for j = 1:3
            if j <> i then
                dx = r(j,1) - r(i,1);
                dy = r(j,2) - r(i,2);
                d2 = dx*dx + dy*dy + soft*soft; // softening
                inv3 = 1 / (d2*sqrt(d2));        // 1 / |r|^3
                ai = ai + G * m(j) * [dx, dy] * inv3;
            end
        end
        a(i,:) = ai;
    end
endfunction

function [rnext, vnext]=rk4_step(r, v, m, G, soft, dt)
    // k1
    a1 = aceleracoes(r, m, G, soft);
    k1r = v;
    k1v = a1;

    // k2
    r2 = r + 0.5*dt*k1r;
    v2 = v + 0.5*dt*k1v;
    a2 = aceleracoes(r2, m, G, soft);
    k2r = v2;
    k2v = a2;

    // k3
    r3 = r + 0.5*dt*k2r;
    v3 = v + 0.5*dt*k2v;
    a3 = aceleracoes(r3, m, G, soft);
    k3r = v3;
    k3v = a3;

    // k4
    r4 = r + dt*k3r;
    v4 = v + dt*k3v;
    a4 = aceleracoes(r4, m, G, soft);
    k4r = v4;
    k4v = a4;

    rnext = r + dt*(k1r + 2*k2r + 2*k3r + k4r)/6;
    vnext = v + dt*(k1v + 2*k2v + 2*k3v + k4v)/6;
endfunction

function [K, U, E]=energia_total(r, v, m, G)
    // Cinética
    K = 0;
    for i=1:3
        vi2 = v(i,1)^2 + v(i,2)^2;
        K = K + 0.5*m(i)*vi2;
    end
    // Potencial gravitacional
    U = 0;
    for i=1:3
        for j=i+1:3
            dx = r(j,1) - r(i,1);
            dy = r(j,2) - r(i,2);
            rij = sqrt(dx*dx + dy*dy);
            U = U - G*m(i)*m(j) / rij;
        end
    end
    E = K + U;
endfunction

clc; /// limpar o 'console'
close(winsid()); /// fecha todas as janelas

// ------------- MALHA DE TEMPO E ARRAYS ----------------------
Nsteps = round(Tend/dt);
Nsaved = floor(Nsteps/saveEvery) + 1;

R1 = zeros(Nsaved, 2); R2 = zeros(Nsaved, 2); R3 = zeros(Nsaved, 2);
times = zeros(Nsaved, 1);
Ehist = zeros(Nsaved, 1);

// Estados
r = r0;  v = v0;

k = 1;
R1(k,:) = r(1,:); R2(k,:) = r(2,:); R3(k,:) = r(3,:);
times(k) = 0;
//[~,~,Ehist(k)] 
r_et = energia_total(r, v, m, G);

// ---------------- INTEGRAÇÃO PRINCIPAL ----------------------
for n = 1:Nsteps
    [r, v] = rk4_step(r, v, m, G, soft, dt);

    if modulo(n, saveEvery) == 0 then
        k = k + 1;
        R1(k,:) = r(1,:); R2(k,:) = r(2,:); R3(k,:) = r(3,:);
        times(k) = n*dt;
        // [~,~,Ehist(k)] 
        r_et = energia_total(r, v, m, G);
    end
end

// ------------------- GRÁFICOS -------------------------------
scf(1); clf(); // Trajetórias
plot(R1(:,1), R1(:,2), "r-");
plot(R2(:,1), R2(:,2), "m-");
plot(R3(:,1), R3(:,2), "k-");
fim = max(size(R1));
// posições finais:
plot([R1(fim,1) R2(fim,1) R3(fim,1)],[R1(fim,2) R2(fim,2) R3(fim,2)],"o"); 
// posições iniciais:
plot([r0(1,1) r0(2,1) r0(3,1)], [r0(1,2) r0(2,2) r0(3,2)], "x"); 
xgrid();
// axis("equal");
xlabel("x"); ylabel("y");
legend(["Corpo 1"; "Corpo 2"; "Corpo 3"; "Posição final"; "Posição inicial"],-1);
title(msprintf("Três Corpos 2D (G=%.3f, dt=%.4f, soft=%.3f)", G, dt, soft));

Exemplos de resultados:






 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Qual a mais famosa equação da física?

Esse é meu palpite para a equação mais famosa da Física: $E = mc^2$.
 

Acredito que a equação mais famosa da física, tanto entre leigos quanto entre cientistas, é $E=mc^2$, formulada por Albert Einstein em sua teoria da relatividade restrita. Embora outras equações, como a Lei da Gravitação Universal de Newton ($F = \frac{Gm_1m_2}{d^2}$) ou as Equações de Maxwell*, sejam fundamentais na física, nenhuma atingiu o mesmo nível de reconhecimento. 

Por que é a mais famosa entre leigos?

  • Simplicidade aparente: a equação é curta, fácil de lembrar e tem um símbolo (c²) que desperta curiosidade.
  • Impacto cultural: É frequentemente referida em filmes, livros, documentários e cultura popular como um marco do gênio científico.
  • Revolucionou nossa compreensão do universo: Ela explica que energia (E) e massa (m) são intercambiáveis, com a velocidade da luz ao quadrado (c²) como fator de conversão. Essa ideia é fascinante e contraintuitiva para muitos.
  • Conexão com grandes eventos históricos: A equação está associada ao desenvolvimento da energia nuclear, incluindo a criação das bombas atômicas, o que deu a ela notoriedade mundial.

O que você acha?

* Equações de Maxwell (forma diferencial):  


 

#fisica #alberteinsten #pensamento

sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Sobre o Prêmio Nobel de Física de 2024

 


Quem tem 'direito' de ganhar um Prêmio Nobel de Física? Quais devem as características do trabalho de um ganhador do Prêmio Nobel de Física? Vejamos alguns pontos sobre esse tema.

1. Sobre o Prêmio Nobel de Física

O Prêmio Nobel de Física é uma das mais prestigiadas honrarias na comunidade científica, concedido anualmente pela Academia Real das Ciências da Suécia. Para que um pesquisador seja contemplado com o Prêmio Nobel de Física, vários critérios são levados em consideração. Esses critérios envolvem a relevância, originalidade e impacto da descoberta ou contribuição científica. Abaixo estão os principais fatores que determinam a concessão do prêmio:

2. Contribuição Significativa ao Campo da Física

O critério fundamental é que a pesquisa ou descoberta tenha feito uma contribuição substancial ao avanço do conhecimento científico no campo da física. Isso inclui descobertas inovadoras ou teorias que mudem a compreensão dos fenômenos naturais. A pesquisa premiada geralmente apresenta um impacto profundo e duradouro.

3. Originalidade e Novidade

O trabalho precisa ser inovador e original, ou seja, deve ter introduzido algo novo no campo, seja uma nova teoria, uma técnica experimental ou uma descoberta empírica. As contribuições que transformam a forma como os físicos entendem certos fenômenos ou que abrem novos campos de estudo têm maiores chances de serem reconhecidas.

4. Impacto Duradouro

As descobertas premiadas devem ter um impacto de longo prazo na ciência. Embora o prêmio possa ser concedido muitos anos após a descoberta, é importante que essa contribuição tenha resistido ao teste do tempo e continuado a influenciar o progresso da física e outras áreas da ciência.

5. Verificabilidade e Comprovação

Uma das condições para que uma descoberta seja premiada é que ela tenha sido verificada e reproduzida pela comunidade científica. As descobertas teóricas ou experimentais precisam ter uma base sólida e ser aceitas de forma ampla pelos pares.

6. Relevância Prática ou Teórica

O trabalho pode ser puramente teórico ou ter implicações práticas. Tanto as descobertas teóricas quanto as experimentais são elegíveis para o Prêmio Nobel de Física, desde que tragam esclarecimentos fundamentais sobre o funcionamento do universo ou avancem a tecnologia de maneira importante.

7. Originalidade Independente

O pesquisador deve ter realizado o trabalho de forma independente ou como líder de uma equipe. O prêmio pode ser dividido entre até três pessoas que tenham feito contribuições significativas ao mesmo projeto, mas é esperado que cada vencedor tenha desempenhado um papel fundamental.

8. Benefício à Humanidade

Alfred Nobel, em seu testamento, especificou que os prêmios deveriam ser concedidos a quem tenha trazido o maior benefício à humanidade. No contexto do Prêmio Nobel de Física, isso significa que a descoberta deve ter potencial para melhorar a compreensão do universo ou promover inovações tecnológicas que beneficiem a sociedade, direta ou indiretamente.

9. Trabalhos Recentes e Importantes

Embora não seja uma regra rígida, geralmente o Prêmio Nobel é concedido para pesquisas que tiveram um impacto recente ou cujos efeitos já podem ser avaliados. A comissão geralmente espera até que a importância da descoberta seja amplamente reconhecida pela comunidade científica.

10. Exemplos de Descobertas:

  • Descobertas experimentais revolucionárias: Como o Prêmio Nobel de 2017 pela detecção das ondas gravitacionais, confirmando uma previsão da Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
  • Contribuições teóricas: O Prêmio Nobel de 2013 concedido aos teóricos Peter Higgs e François Englert pela formulação do mecanismo que explica a origem da massa de partículas subatômicas, confirmado pela descoberta do bóson de Higgs.

Em suma, para ganhar o Prêmio Nobel de Física, um pesquisador precisa ter feito uma descoberta inovadora, comprovada e com impacto significativo para o avanço do conhecimento científico ou para o benefício da humanidade. Entretanto, podemos ver alguns 'contra exemplos':

  • Guglielmo Marconi e Karl Ferdinand Braun dividiram o Prêmio Nobel de Física de 1909 "pelas suas contribuições para o desenvolvimento da telegrafia sem fio". Na minha opinião foi mais uma aplicação de engenharia sem maiores consequências para a Física.
  • Já em 1912 Nils Gustaf Dalén recebeu o Prêmio Nobel de Física "pela sua invenção da válvula solar projetada para ser utilizada combinada com acumuladores de gases em faróis e boias". Claramente esse foi um trabalho prático de engenharia.

E o Prêmio de 2024?

E o Prêmio Nobel de Física deste ano? Os cientistas John Hopfield e Geoffrey Hinton são os ganhadores do Nobel 2024 em Física. A dupla levou o Nobel por suas "descobertas e invenções fundamentais que permitem o aprendizado de máquina (machine learning, em inglês) com redes neurais artificiais". Embora o trabalho deles seja muito relevante, tenha aplicações em muitos campos, inclusive na física, computação, engenharia e telecomunicações, é, ao meu ver, muito mais uma aplicação tecnológica (com forte fundamentação matemática) que uma contribuição fundamental à física. Talvez o atual 'modismo' da inteligência artificial tenha influenciado a decisão deste ano. Alguns estão questionando a validade dessa premiação. O que você acha?!

quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Sobre estrelas de nêutrons.

(A) A Nebulosa do Caranguejo, que contém o Pulsar do Caranguejo (a estrela vermelha no centro). A imagem combina dados ópticos do Hubble (em vermelho) e imagens de raios X do Chandra (em azul). Crédito: NASA/CXC/ASU/J. Hester et al.

(B) O Pulsar Vela e sua nebulosa de vento pulsar circundante.
 

As estrelas de nêutrons são corpos extremamente densos, compostos, em grande parte, como o próprio nome diz, por nêutrons. Essas estrelas se formam após a explosão de supernovas, quando o núcleo de uma estrela massiva colapsa sob sua própria gravidade, resultando em uma densidade tão alta que um único colher de chá de material de uma estrela de nêutron pesaria bilhões de toneladas. Além disso, as estrelas de nêutrons possuem campos magnéticos intensos e podem girar a velocidades incríveis, emitindo radiação em forma de pulsos regulares, o que as torna visíveis como pulsares. Essas características fazem das estrelas de nêutrons objetos fascinantes para os astrônomos profissionais e amadores, que estudam suas propriedades para entender melhor a física em condições extremas.

Uma das estrelas de nêutrons mais próximas de nós se localiza na constelação de Vela, conhecida como PSR B0833-45, que é um dos pulsares mais estudados e oferece insights valiosos sobre a evolução estelar e a natureza da matéria em estados extremos. Esse pulsar está a cerca de 800 anos-luz de distância. Um outro exemplo se encontra na Nebulosa de Caranguejo. Essa nebulosa abriga o pulsar PSR B0531+21, que é o remanescente de uma supernova observada em 1054 d.C. pelos astrônomos chineses (aparentemente, os europeus ignoraram esse evento) e continua a ser um objeto de grande interesse para a astrofísica moderna. A Nebulosa de Caranguejo está a certa de 6.200 anos-luz de distância.

Entretanto, o pulsar PSR J0437-4715 é o pulsar mais próximo da Terra, a apenas 510 anos-luz de distância. Este pulsar se distingue por ser o relógio natural mais estável conhecido e é indiscutivelmente mais estável do que os relógios atômicos feitos pelo homem. A sua estabilidade é de cerca de uma parte em $10^{-15}$. 

Esses pulsares têm sido fundamentais para testar teorias da gravidade e estudar ondas gravitacionais. Além disso, a pesquisa sobre pulsares tem revelado informações valiosas sobre a estrutura do espaço-tempo e a natureza da matéria em condições extremas. Esses estudos não apenas ampliam nosso entendimento do universo, mas também oferecem insights sobre a evolução das estrelas e a dinâmica de sistemas binários.

Outra postagem sobre esse tema aqui

Fontes aqui, aqui e aqui

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

As maiores e as mais volumosas estrelas conhecidas.

R136 em luz ultravioleta, visível e vermelha pelo instrumento Wide Field Camera 3, do Telescópio Espacial Hubble

As estrelas mais volumosas

As maiores estrelas conhecidas no Universo são geralmente classificadas em termos de seu raio ou volume, e não apenas em massa, uma vez que as estrelas mais massivas nem sempre são as maiores em tamanho. 

Aqui estão algumas das mais volumosas estrelas conhecidas:

1. UY Scuti

  • Raio estimado: Cerca de 1.700 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Constelação de Scutum.
  • Descrição: UY Scuti é uma estrela hipergigante vermelha e uma das maiores estrelas conhecidas em termos de volume. Seu tamanho colossal significa que, se fosse colocada no centro do Sistema Solar, sua borda se estenderia além da órbita de Júpiter.

2. VY Canis Majoris

  • Raio estimado: Cerca de 1.500 a 1.900 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Constelação de Canis Major.
  • Descrição: Esta é uma outra estrela hipergigante vermelha. VY Canis Majoris tem um volume imenso, mas sua massa é comparativamente modesta para seu tamanho. É uma estrela evoluída e muito instável, perdendo massa rapidamente devido a intensos ventos estelares.

3. Westerlund 1-26

  • Raio estimado: Cerca de 1.530 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Aglomerado estelar Westerlund 1 na constelação de Ara.
  • Descrição: Westerlund 1-26 é uma supergigante vermelha localizada em um aglomerado estelar massivo. Seu tamanho estimado varia, mas está entre as maiores estrelas conhecidas.

4. WOH G64

  • Raio estimado: Cerca de 1.540 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia vizinha à Via Láctea.
  • Descrição: WOH G64 é uma estrela supergigante vermelha localizada fora da Via Láctea. Seu tamanho e luminosidade fazem dela uma das maiores estrelas conhecidas.

5. Betelgeuse

  • Raio estimado: Cerca de 1.000 a 1.100 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Constelação de Orion.
  • Descrição: Betelgeuse é uma estrela supergigante vermelha facilmente visível a olho nu no céu noturno. Embora não seja a maior de todas as estrelas, ainda é gigantesca em comparação com o Sol. Betelgeuse está em uma fase avançada de sua vida e, eventualmente, explodirá como uma supernova.

6. Mu Cephei

  • Raio estimado: Cerca de 1.420 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Constelação de Cepheus.
  • Descrição: Mu Cephei, também conhecida como a Estrela Granate de Herschel, é uma supergigante vermelha de brilho intenso. Seu tamanho colossais faz dela uma das estrelas mais volumosas conhecidas.

7. RW Cephei

  • Raio estimado: Cerca de 1.535 vezes o raio do Sol.
  • Localização: Constelação de Cepheus.
  • Descrição: RW Cephei é outra supergigante vermelha situada na constelação de Cepheus. Apesar de ser uma das maiores estrelas em volume, sua vida útil restante é curta, o que é típico de estrelas desse tipo.

Comparação com o Sol

Para ter uma ideia da imensidão dessas estrelas, o raio do Sol é cerca de 695.700 km. Essas estrelas podem ter raios milhares de vezes maiores, tornando-as gigantes comparadas ao Sol. Essas estrelas estão em fases avançadas de sua evolução e, por serem tão massivas e instáveis, acabarão suas vidas em explosões catastróficas como supernovas.

As estrelas mais massivas

As estrelas mais massivas conhecidas no Universo possuem massas dezenas ou até centenas de vezes maiores que a do Sol. Aqui estão algumas das estrelas mais massivas já identificadas:

1. R136a1

  • Massa estimada: Cerca de 215 a 315 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Aglomerado estelar R136, na Nebulosa da Tarântula, Grande Nuvem de Magalhães.
  • Descrição: R136a1 é amplamente considerada a estrela mais massiva conhecida. Ela é uma estrela de tipo Wolf-Rayet, que é extremamente quente, luminosa e com grande perda de massa devido aos ventos estelares intensos. Por ser tão massiva, é extremamente instável e vive apenas por alguns milhões de anos antes de explodir como uma supernova.

2. R136a2 e R136a3

  • Massa estimada: Cerca de 195 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Próximas a R136a1 no aglomerado estelar R136.
  • Descrição: Essas duas estrelas, também localizadas no mesmo aglomerado estelar que R136a1, são quase tão massivas quanto a maior estrela conhecida. Elas compartilham muitas das mesmas características extremas de estrelas Wolf-Rayet, incluindo altíssima luminosidade e ventos estelares violentos.

3. WR 102ka (Peony Nebula Star)

  • Massa estimada: Cerca de 175 a 200 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Próxima ao centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário.
  • Descrição: WR 102ka é uma estrela massiva do tipo Wolf-Rayet localizada perto do centro galáctico. Sua alta massa e brilho extremo indicam que ela também está em uma fase de evolução avançada e irá eventualmente explodir como uma supernova.

4. Eta Carinae

  • Massa estimada: Cerca de 150 a 200 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Constelação de Carina.
  • Descrição: Eta Carinae é um sistema estelar binário com uma das estrelas mais massivas conhecidas. É famosa por sua variabilidade e explosões catastróficas conhecidas como "erupções". A maior estrela do sistema é extremamente instável e está prevista para explodir como uma supernova no futuro.

5. HD 269810

  • Massa estimada: Cerca de 190 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Grande Nuvem de Magalhães.
  • Descrição: HD 269810 é uma estrela muito massiva localizada na Grande Nuvem de Magalhães. Assim como outras estrelas massivas, está condenada a terminar sua vida em uma explosão de supernova.

6. BAT99-98

  • Massa estimada: Cerca de 226 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Grande Nuvem de Magalhães, Nebulosa da Tarântula.
  • Descrição: Esta estrela também está localizada na Nebulosa da Tarântula e é do tipo Wolf-Rayet. É uma das estrelas mais massivas conhecidas e é extremamente luminosa, emitindo uma quantidade imensa de radiação.

7. VFTS 682

  • Massa estimada: Cerca de 150 vezes a massa do Sol.
  • Localização: Grande Nuvem de Magalhães, Nebulosa da Tarântula.
  • Descrição: VFTS 682 é uma estrela jovem e massiva que provavelmente se formou fora de um aglomerado estelar denso, o que a torna um exemplo intrigante de uma estrela massiva isolada.

Comparação com o Sol

Para referência, o Sol tem uma massa de cerca de 2 × 10³⁰ quilogramas (1 massa solar). Essas estrelas massivas podem ser dezenas ou centenas de vezes mais massivas do que o Sol, o que as torna extremamente brilhantes, quentes e de vida curta em termos astronômicos.

Essas estrelas massivas são muito raras e acabam suas vidas de maneira espetacular, geralmente explodindo como supernovas e, em alguns casos, colapsando em buracos negros devido à quantidade extrema de massa.


segunda-feira, 8 de julho de 2024

Eletrônica: circuito oscilador com transistores como inversores.

Figura 1. Circuito oscilador com transistores e sinais nos coletores dos transistores.


Um circuito oscilador é um circuito que usa a alimentação (em geral, uma fonte de tensão) para gerar um sinal de saída aproximadamente periódico. Esse sinal de saída pode ser senoidal ou ter outra forma de onda. Um circuito inversor digital é um componente eletrônico que recebe "0" e gera "1" na saída, recebe "1" e gera "0", entre receber o esse sinal de entrada e gerar essa saída decorre algum tempo. Então, se ligarmos três inversores em cascata (ver Figura 2 abaixo), é o possível gerar um oscilador digital de onda (aproximadamente) quadrada. A frequência de oscilação vai depender do tempo necessário para o sinal se propagar pelo circuito. 

Figura 2. Oscilador digital formado por três inversores.

No circuito mostrado na Figura 1, os transistores Q1, Q2 e Q3 formam circuitos inversores. Os capacitores garantem um atraso na propagação do sinal, quanto maior o valor do capacitor, maior o tempo de propagação e menor a frequência do sinal gerado. No final, com a ajuda de Q4 é gerado um sinal aproximadamente quadrado com uma frequência de cerca de 109 kHz.
 

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Qual o tamanho do Universo Observável?


O Tamanho do Universo Observável

O universo observável tem um raio de aproximadamente 46,5 bilhões de anos-luz. Isso significa que a distância da Terra até o limite do universo observável é de cerca de 46,5 bilhões de anos-luz. Portanto, o diâmetro do universo observável é aproximadamente 93 bilhões de anos-luz. Em outras palavras, o Universo é extremamente vasto. Vale lembrar: esse é nosso conhecimento atual, não podemos usar esse valor como algo absoluto.

Como é Feita Essa Estimativa

A estimativa do tamanho do universo observável envolve vários conceitos importantes da cosmologia:

  1. Velocidade da Luz e Tempo de Viagem da Luz:

    • A luz viaja a uma velocidade finita (cerca de 299.792 quilômetros por segundo).
    • Quando observamos objetos distantes no universo, estamos vendo a luz que foi emitida há muito tempo. Por exemplo, quando observamos uma galáxia a 1 bilhão de anos-luz de distância, estamos vendo a luz que deixou essa galáxia há 1 bilhão de anos.
  2. Idade do Universo:

    • O universo tem aproximadamente 13,8 bilhões de anos. Isso estabelece um limite natural para o quão longe podemos ver: não podemos observar nada cuja luz não teve tempo suficiente para chegar até nós.
  3. Expansão do Universo:

    • O universo está se expandindo desde o Big Bang. Isso significa que as distâncias entre objetos no universo aumentam com o tempo.
    • Devido à expansão do universo, a luz que observamos hoje de objetos que estão muito distantes foi emitida quando esses objetos estavam muito mais próximos de nós.
    • Embora o universo tenha 13,8 bilhões de anos, a expansão significa que a distância atual até os objetos mais distantes cuja luz podemos ver é maior do que 13,8 bilhões de anos-luz.
  4. Desvio para o Vermelho (Redshift):

    • O desvio para o vermelho é o fenômeno pelo qual a luz de objetos distantes no universo é esticada para comprimentos de onda mais longos (mais vermelhos) devido à expansão do universo.
    • Medindo o desvio para o vermelho da luz de galáxias e outros objetos distantes, os astrônomos podem calcular a distância desses objetos e a taxa de expansão do universo.
  5. Modelos Cosmológicos:

    • Os cientistas usam modelos cosmológicos baseados na Teoria da Relatividade Geral de Einstein para descrever a expansão do universo e calcular distâncias cosmológicas.
    • Esses modelos levam em conta a densidade de matéria, a densidade de energia escura e outros parâmetros cosmológicos para estimar o tamanho do universo observável.

Conclusão

A combinação dessas observações e modelos permite que os cientistas estimem que o raio do universo observável é de cerca de 46,5 bilhões de anos-luz, mesmo que a luz que vemos desses objetos tenha sido emitida há 13,8 bilhões de anos. A expansão contínua do universo é a principal razão pela qual essa distância é maior do que a idade do universo multiplicada pela velocidade da luz.

terça-feira, 28 de maio de 2024

O gato de Schrödinger - física quântica


O "gato de Schrödinger" é um experimento imaginário proposto pelo físico austríaco Erwin Schrödinger em 1935 para ilustrar um problema central na interpretação da mecânica quântica, particularmente no que se refere ao conceito de superposição e à medição quântica.

O Experimento

O experimento imaginário funciona da seguinte maneira:

  1. Caixa Fechada: Imagine um gato colocado dentro de uma caixa selada, que ninguém pode ver dentro.
  2. Átomo Radioativo: Dentro da caixa, há um dispositivo com uma pequena quantidade de material radioativo. O número de átomos radioativos é tão pequeno que, em uma hora, há uma probabilidade de 50% de um átomo decair.
  3. Detecção do Decaimento: Se o átomo decai, um detector de radiação dentro da caixa detecta o decaimento.
  4. Mecanismo de Morte: Se o detector detecta o decaimento, ele aciona um mecanismo que quebra um frasco de veneno, matando o gato. Se o átomo não decai, o frasco permanece intacto, e o gato continua vivo.

Superposição Quântica

De acordo com a interpretação de Copenhague da mecânica quântica, antes de abrirmos a caixa e observarmos o estado do gato, o sistema (gato, átomo, detector) está em uma superposição de estados. Isso significa que o gato está simultaneamente vivo e morto, até que uma observação seja feita. A função de onda que descreve o sistema inclui ambas as possibilidades (gato vivo e gato morto).

Medição e Colapso da Função de Onda

Quando a caixa é aberta e uma observação é feita, a função de onda colapsa para um dos estados possíveis: ou o gato está vivo, ou está morto. Este colapso é um processo instantâneo, que resolve a superposição em um único estado observável.

Implicações e Interpretações

O experimento do gato de Schrödinger foi proposto para mostrar o paradoxo e os desafios da interpretação da mecânica quântica. Ele destaca a diferença entre os comportamentos quânticos e a nossa percepção clássica do mundo. Alguns pontos importantes incluem:

  1. Problema da Medição: O experimento ilustra o problema da medição na mecânica quântica, onde a observação parece determinar o estado de um sistema quântico.
  2. Interpretação de Copenhague: Sob essa interpretação, a superposição de estados quânticos existe até que uma medição seja feita.
  3. Muitas Mundos: Outras interpretações, como a interpretação dos muitos mundos, sugerem que ambas as possibilidades (gato vivo e gato morto) se realizam, mas em universos diferentes.

Conclusão

O gato de Schrödinger é uma poderosa ferramenta de pensamento que continua a ser usada para discutir e explorar as peculiaridades e implicações da mecânica quântica. Embora seja um experimento imaginário, ele levanta questões profundas sobre a natureza da realidade, a observação e a relação entre o mundo quântico e o mundo clássico.

Uma segunda conclusão: Schrödinger gostava de gatos.

terça-feira, 21 de maio de 2024

Algumas das equações mais bonitas da física e da matemática

 


Embora a beleza seja subjetiva, muitas equações na física e na matemática são admiradas por sua elegância e profundidade. Aqui estão quatro equações que muitas pessoas consideram particularmente bonitas:

  1. Equação de Euler: 𝑒𝑖𝜋+1=0 Esta equação combina cinco dos números mais fundamentais da matemática: 0, 1, 𝑒, 𝑖 (a unidade imaginária) e 𝜋, além de operações básicas de adição, multiplicação e potência.

  2. Equações de Maxwell para o Eletromagnetismo: 𝐸=𝜌𝜀0 𝐵=0 ×𝐸=𝐵𝑡 ×𝐵=𝜇0𝐽+𝜇0𝜀0𝐸𝑡 Essas quatro equações, formuladas por James Clerk Maxwell, resumem as leis fundamentais do eletromagnetismo de uma maneira elegante e concisa.

  3. Equação de Schrödinger: 𝑖𝑡Ψ=𝐻^Ψ Esta equação descreve como a função de onda de um sistema quântico evolui no tempo, fornecendo uma base para entender o comportamento dos sistemas quânticos.

  4. Equação de Einstein para a Relatividade Geral: 𝑅𝜇𝜈12𝑔𝜇𝜈𝑅+𝑔𝜇𝜈Λ=8𝜋𝐺𝑐4𝑇𝜇𝜈 Esta equação descreve a relação entre a geometria do espaço-tempo e a distribuição de matéria e energia, unificando a gravidade com o conceito de espaço-tempo curvo.

     Você incluiria mais alguma equação?