sábado, 16 de agosto de 2025

Inteligência x Integridade


O recente caso de um auditor fiscal, ex-aluno do ITA, acusado de participar de uma fraude bilionária no Brasil, traz à tona uma reflexão necessária: até que ponto inteligência e integridade caminham juntas?

Muitas vezes, associamos inteligência a um talento raro, ligado à capacidade de aprender rápido, dominar áreas complexas e se destacar academicamente. Esse auditor, formado em uma das instituições mais respeitadas do país, é prova disso. Mas sua trajetória mostra algo importante: inteligência, sozinha, não garante ética.

Inteligência sem integridade

No lugar de usar seus conhecimentos técnicos para servir à sociedade, o auditor direcionou suas habilidades para um esquema de corrupção sofisticado. Ele dominava processos de ICMS e conseguiu manipular sistemas em benefício próprio. O resultado? Um esquema que, segundo o Ministério Público, movimentou cerca de R\$ 1 bilhão em propinas, envolvendo grandes empresas como Ultrafarma e Fast Shop. Esse episódio mostra que a inteligência, quando não guiada por valores morais, pode facilmente se transformar em arma contra a própria sociedade.

O papel da integridade

Se a inteligência é a ferramenta, a integridade é a bússola que aponta o rumo. Agir com integridade é escolher o certo mesmo diante da tentação do ganho fácil. No caso do auditor, essa bússola simplesmente não existiu: sua inteligência foi usada para corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

A ascensão meteórica do patrimônio de sua mãe — que saltou de R\$ 411 mil para R\$ 2 bilhões em apenas dois anos — reforça as suspeitas de que tudo fazia parte de uma engrenagem fraudulenta. Esse detalhe mostra, de forma clara, o que acontece quando falta caráter: o talento vira instrumento de destruição coletiva.

Quando inteligência e integridade andam juntas

A sociedade espera que pessoas em posições de grande responsabilidade, como auditores fiscais, unam conhecimento técnico a um forte senso de ética. Instituições como o ITA preparam seus alunos para lidar com os maiores desafios intelectuais, mas é preciso mais: é preciso também educar para a responsabilidade, a transparência e o compromisso com o bem comum. Sem isso, cérebros brilhantes podem se tornar perigosos.

O que esse caso ensina

Esse escândalo deixa uma lição clara: não basta ter sistemas inteligentes; é preciso também ter sistemas de controle e fiscalização robustos, como os que a Secretaria da Fazenda de São Paulo prometeu revisar após o episódio. Mais do que isso, é urgente cultivar valores éticos desde a formação acadêmica e profissional. Afinal, inteligência é uma ferramenta poderosa, mas só a integridade é capaz de determinar se ela será usada para construir ou para destruir.

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