sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Dica de leitura: "Agosto" de Rubem Fonseca

 

Li o romance 'Agosto' de Rubem Fonseca já faz algum tempo. É uma leitura envolvente, tensa e com muitas informações históricas, alguns trechos são quase como soco no estômago. Uma resenha (fonte aqui):

Em Agosto, Rubem Fonseca nos mergulha em uma narrativa intensa e envolvente que tem como pano de fundo os turbulentos acontecimentos políticos do Rio de Janeiro em agosto de 1954, durante o governo de Getúlio Vargas.

Enquanto o comissário de polícia Alberto Mattos busca desvendar o misterioso assassinato de um empresário no edifício Deauville, um atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, um destacado opositor de Vargas, está sendo planejado no Palácio do Catete.

Nas páginas deste livro, Rubem Fonseca, em seu quinto romance, habilmente entrelaça realidade e ficção, criando uma trama que mantém o leitor grudado do início ao fim.

Você será transportado para os dias que antecederam o suicídio de Getúlio Vargas, testemunhando os eventos e conspirações que moldaram aquele momento histórico crucial.

Prepare-se para uma leitura que é ao mesmo tempo uma exploração profunda da política brasileira e um thriller envolvente, onde suspense e realidade se fundem de forma magistral.

Em Agosto, você encontrará mistérios a serem desvendados e uma trama que mantém você ansioso por mais a cada página. Esta é a oportunidade de mergulhar na obra de um dos maiores escritores brasileiros e descobrir por que Rubem Fonseca é aclamado por sua maestria na criação de narrativas memoráveis. 

Sobre Rubem Fonseca:

José Rubem Fonseca (Juiz de Fora, 11 de maio de 1925 - Rio de Janeiro, 15 de abril de 2020) foi um contista, romancista, ensaísta e roteirista brasileiro. Formado em Direito, exerceu várias atividades antes de dedicar-se inteiramente à literatura. Em 2003, venceu o Prémio Camões, o mais prestigiado galardão literário para a língua portuguesa. 

De entre as suas obras, destacam-se, para além de Agosto, os romances Vastas Emoções e Pensamentos Imperfeitos, O Caso Morei (1973), A Grande Arte (1983) e Bufo & Spallanzani (1986), além das colectâneas de contos Os Prisioneiros (1963), A Coleira do Cão (1965), Lúcia MacCartney (1967), Feliz Ano Novo (1975) e O Cobrador (1979).

Um trecho do livro:

Apanhou sua roupa sobre a cadeira e vestiu-se, sem olhar para o morto, ainda que tivesse a aguda consciência da presença do mesmo sobre a cama. Não havia ninguém na portaria quando saiu.

O homem conhecido pelos seus inimigos como Anjo Negro entrou no pequeno elevador, que ocupou por inteiro com seu corpo volumoso, e saltou no terceiro pavimento do Palácio do Catete. Andou cerca de dez passos no corredor em penumbra e parou em frente a uma porta. Dentro, no modesto quarto, vestido com um pijama de listas, sentado na cama com os ombros curvados, os pés a alguns centímetros do assoalho, estava o homem que ele protegia, um velho insone, pensativo, alquebrado, de nome Getúlio Vargas.

O Anjo Negro, depois de tentar ouvir se algum ruído vinha de dentro do quarto, recuou, apoiando as costas numa das colunas coríntias simetricamente dispostas na balaustrada tetragonal de ferro que cercava o vão central do hall do palácio, àquela hora silencioso e escuro. Deve estar dormindo, pensou.

Depois de certificar-se que não havia anormalidades no andar residencial do palácio, Gregório Fortunato, o Anjo Negro, chefe da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, desceu as escadas em direcção ao gabinete da assessoria militar, no térreo, verificando, no caminho, se os guardas mantinham-se nos seus postos, se o Palácio das Águias estava em paz.

O major Dornelles conversava com outro assessor, o major Fitipaldi, quando Gregório entrou no gabinete.

O chefe da guarda pessoal, depois de examinar com os dois assessores militares o plano que a segurança adoptaria na ida do presidente ao Jockey Club no domingo, dia do Grande Prémio Brasil, foi para seu quarto.

Tirou o revólver e o punhal que sempre carregava, colocou-os sobre a mesinha e sentou-se na cama, onde havia vários jornais espalhados.

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