sábado, 27 de agosto de 2016

Impeachment de Dilma Rousseff e o hospício federal

Deputados federais ou torcida organizada?
Primeiro vamos ver uma definição - Impeachment é um termo inglês que corresponde a um processo político-criminal instaurado por denúncia no Congresso para apurar a responsabilidade, por grave delito ou má conduta no exercício de suas funções, do presidente da República, ministros do Supremo Tribunal ou de qualquer outro funcionário de alta categoria, cabendo ao Senado, se procedente a acusação, aplicar ao infrator a pena de destituição do cargo. Por metonímia, o termo também designa a destituição resultante desse processo (Dicionário Houais, wikipedia).

Logo, processo pelo qual a presidente Dilma Rousseff está passando é muito mais político que criminal. Ela é acusada de algum crime grave ou má conduta no exercício de suas funções? A resposta mais honesta e simples é: não. Estou dizendo que ela é uma santa e que não cometeu erros? Não, não estou dizendo isso. Se houve algum exercício contábil criativo durante o governo de Dilma, essa não foi a primeira vez. Outros presidentes brasileiros também cometeram deslizes ainda maiores sem consequência nenhuma.

Então, porque toda esse processo desgastante para o governo (o que saiu e o que vai ficar), para o Brasil e para a nossa imagem externa? Simples: aproveitaram a conjuntura econômica ruim, a baixa popularidade do segundo governo Dilma, a falta de habilidade de costurar acordos com os deputados federais (que, de fato, não nos representam), as promessas não cumpridas da campanha eleitoral, o desgaste com vários setores do funcionalismo público, etc, para tirar da presidência quem eles nunca quiseram. O objetivo disso tudo não é o bem do Brasil, mas fazer com que aqueles que querem o poder, cheguem lá. E fazer isso de forma aparentemente "limpa", dentro da lei, cumprindo todos os ritos oficiais.

É por isso que o Senado Federal se tornou um hospício, nas próprias palavras de seu presidente Renan Calheiros (fonte aqui e aqui): 
“Se nós não encaminharmos diferentemente, [vamos] passar para o Brasil e para o mundo [...] a ideia de que vossa excelência constitucionalmente está sendo obrigado a presidir um julgamento em um hospício”.
Provavelmente, precisaremos de pelo menos uma geração inteira para voltarmos a ter um congresso que represente minimamente o Brasil (... isso aconteceu algum vez na nossa história?!), os interesses da população, o bem do Brasil. Não existe solução de curto prazo. Só com uma educação política ao longo de muitos anos, mais rigor nos crimes cometidos pelos políticos (muitos deputados e senadores que estão votando a favor do impeachment são alvos de inquéritos na justiça), uma justiça menos burocrática (na verdade menos burrocrática) mais ágil e menos tendenciosa deixaremos de ser uma República das Bananas.

Finalmente, sou obrigado a concordar novamente com o excelentíssimo senhor senador Renan Calheiros: "... é um espetáculo triste que vocês estão dando ao país."

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