sexta-feira, 26 de junho de 2020

Mestrado concluído: mais depoimentos (IFCE/PROFEPT)

Alcemir Horácio Rosa com o diploma de mestrado.
Meu ex-orientando Alcemir Horácio Rosa (Lattes aqui) gentilmente me encaminhou o seguinte relato sobre o seu período de mestrado.

Gosto de contar minha história sobre o mestrado e sempre deixar claro sobre as abdicações que a gente precisa fazer. É difícil, mas não é impossível; com esforço e dedicação, o mestrado se torna um sonho realizável. Os frutos são gratificantes.

Eu tinha muita vontade de fazer o mestrado e aprofundar meus conhecimentos, e em 2016 ouvi falar sobre o mestrado PROFEPT que seria lançado sua primeira turma em 2017. De imediato fiquei fascinado com a ideia e pela quantidade de vagas e principalmente por ser em rede nacional. Logo baixei todos os materiais da bibliografia e comecei a estudar. O medo de não passar era tão grande e a insegurança que estudei uma, duas, três, quatro vezes o material. A gente duvida tanto de nossas próprias capacidades, e esquece que o esforço traz bons frutos... Consegui fazer e fechar todas as questões da prova de marcar. Mas fiquei ainda mais tenso porque faltava o resultado da bendita redação. Enfim, deu tudo certo, a redação foi um sucesso e consegui entrar.

Foram muitos desafios; na época, era servidor de nível fundamental e tinha acabado de financiar minha casa e meu veículo, e o fato das aulas serem semanais (toda sexta feira) ficava com orçamento bem apertado porque acabava tendo que viajar toda semana de Parnaíba a fortaleza. Era uma viagem de 10 horas de ônibus e as passagens eram bem caras; as vezes numa semana gastava em torno de 250 reais. No início a gente vai passando em cartão, vai dividindo, mas teve tempo que tive que tirar de coisas básicas da minha vida pra manter minhas idas. Lembro que uma vez, cheguei ao ponto de me inscrever para um evento em São Luís, fiz o artigo, foi aprovado, e ao chegar o dia, não tive condições de ir. Tive ainda outros desafios, eu era servidor em estágio probatório, não tinha liberação, ou seja, me ausentava na sexta feira e pagava horas durante a semana. Não tinha direito ao afastamento. De segunda a quinta trabalhava e pagava as horas. O primeiro ano foi muito puxado porque trabalhava a semana toda, pagava horas e as horas foram acumulando chegando ao ponto que tive que trabalhar até dia de sábado. O reflexo dessa falta de tempo foi bem clara, passei o primeiro ano com muitas dificuldades; cheguei a ser reprovado 4 vezes no comitê de ética. E eu garanto... uma das maiores tristezas para um aluno de mestrado é ver seus colegas progredindo, fazendo o projeto, desenvolvendo a pesquisa e olhar para si mesmo e ver que você não está produzindo quase nada.

Lembro bem que uma das vezes que voltava dentro do ônibus cansado, desiludido... Vinha me perguntando se realmente valia a pena e se de verdade eu conseguiria finalizar.

Mas tudo coopera para o bem daqueles que creem no Senhor. Pois com a ajuda de Deus (em primeiro lugar), da instituição em que eu trabalhava, dos amigos, da família e do meu orientador Dr. Francisco José; após um ano de mestrado consegui um afastamento no serviço de três dias por semana (quarta, quinta e sexta); foi algo maravilhoso para mim, pois consegui me organizar nos estudos e nas pesquisas. Consegui inclusive avançar no comitê de ética e aprovar minha pesquisa e assim comecei finalmente a estruturar meu trabalho.

Depois de um ano, com afastamento concedido, foi que comecei a viver o sonho do meu mestrado. Só então foi que eu pude correr atrás de fazer pesquisa, entrevistas e questionários e ter um melhor contato com meu orientador, e, realmente produzir.

Mestrado é algo difícil de se entrar; por isso é preciso valorizar quando você consegue ingressar em um. E foi isso que eu fiz. mesmo com dificuldade financeira e de tempo, busquei estar participando dos eventos científicos, publicar artigos e fazer uma pesquisa que respeitasse as pessoas e aos temas vinculados. Passei o curso inteiro imaginando que não iria conseguir concluir dentro do prazo. Mas... Claro... não consegui fazer como alguns amigos que finalizaram antecipadamente, antes do prazo de 24 meses; contudo também não deixei passar desse prazo e no dia 30 de Agosto de 2019 consegui defender a minha dissertação - dentro do prazo. Uau! Eu consegui!

Em 13 de dezembro de 2019, recebi meu diploma e senti o gosto mais doce da recompensa de ter encarado e seguido até o final deste desafio. Vale a pena! Sim!

O próximo depoimento é da minha ex-orientanda Ivia Dias.

A experiência do mestrado foi um misto de surpresa, medo e superação. Como eu sabia que havia inúmeros candidatos que estavam se preparando pesadamente há vários meses, o meu realismo fazia-me pensar que as minhas cinquenta horas de trabalho semanal dividido em dois empregos diferentes, além dos cuidados com dois filhos pequenos não me permitiriam alcançar a aprovação.

Mas ledo, engano: fui aprovada para a primeira turma do PROFEPT/IFCE, ao passo que descobria a gravidez da minha terceira filha. De repente, estava vivenciando um dos momentos mais desafiadores da minha existência, que foi o de conciliar trabalho, casamento, filhos pequenos, gestação, amamentação, cuidados com um bebê, e a realização de uma meta acadêmica e profissional: o mestrado.

Os dias passaram muito rapidamente, durante as aulas presenciais, conheci professores e professoras competentes, além de colegas e amigos de mestrado, que, como eu, também partilhavam de diversos desafios na jornada acadêmica, o que proporcionou conhecimento e amadurecimento nos diversos âmbitos da vida.

Posso afirmar que o maior desafio enfrentado no período foi a gestão do tempo, pois tinha que fazer meu tempo render para o aprofundamento nos estudos da temática escolhida, para a formatação/ aplicação do produto educacional e, finalmente, para a escrita da dissertação; isso foi conseguido, graças à uma rede de apoio familiar, ao esforço do estudos durante as madrugadas, além de um orientador atento. Por diversas vezes, em meio a problemas e exaustão, pensei em desistir da empreitada, porém, o apoio familiar e as palavras incentivadoras do meu professor orientador, não me permitiram fazê-lo.

O tempo voou e, quando me dei conta, já estávamos além dos vinte e quatro meses do início, a dissertação já era um misto de amor e ódio, pois, ao passo em que era apaixonada pela temática, também queria me aprofundar cada vez mais no assunto, até que o grande dia chegou, quando me tornaria mestra em educação profissional e tecnológica.

Enfim, após tudo o que passei, enquanto estudante oriunda da escola e da universidade pública, negra, mãe, mulher, trabalhadora e temente a Deus, sinto-me uma campeã do sistema educacional, da sociedade e da vida. Que a minha história real sirva de inspiração para todos que enfrentam dificuldades para a conclusão do mestrado. Vá em frente!

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