terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Chegando aos 50: uma breve reflexão.


Acabei de completar 50 anos. Esse fato em si nada tem de extraordinário: milhões de pessoas em todo o mundo ultrapassam essa idade. Não sei se conseguirei atingir a idade bíblica de 120 anos (Gênesis 6:3), mas, por mais improvável que pareça, não me sinto “velho” ou mesmo “maduro”. Se estivéssemos vivendo no início do século XX, eu seria definitivamente um “ancião” e estaria no final da minha carreira produtiva. A cada dia sinto um pouco mais próximo o conceito de finitude. Perdi alguns amigos e familiares ao longo da minha caminhada.

Ainda tenho que exercitar a paciência diariamente para não “explodir” sem um motivo razoável. Eu me achava maduro quando tinha 14 anos e estava ingressando no ensino médio na antiga Escola Técnica (atualmente IFCE). Hoje vejo que isso era apenas o efeito do orgulho que frequentemente distorcia a visão que eu tinha de mim mesmo. Com o tempo, consegui melhorar um pouco nesse aspecto. Pelo menos é isso que eu acredito que seja verdade hoje.

Ao longo dessas cinco décadas, eu tive a oportunidade de fazer muitas escolhas. Algumas dessas escolhas foram boas e trouxeram muito mais alegrias que preocupações a mim e às pessoas que me são próximas. Outras não foram tão felizes e trouxeram algum aprendizado. É fato: aprendemos muito mais com os erros do que com os acertos. Mas isso não nos impede de cometer erros semelhantes logo depois. Essa é uma forma um tanto estressante de adquirir experiência e um pouco de sabedoria. Contudo, não existem atalhos para amadurecer.

Entre as escolhas acertadas estão as minhas decisões profissionais. Devo muito a minha mãe e a um tio meu por ter feito boas escolhas quando ainda era muito jovem para saber o que eu realmente queria. Mesmo sendo relativamente antenado com o mundo e tendo acompanhado a minha mãe quando ela tentou (algumas vezes) fazer o vestibular, não havia como eu saber que curso técnico escolher no ensino médio. Como nossa situação econômica não era confortável, eu imperativo que eu entrasse na ETFCe - seria um peso muito grande fazer o ensino médio em uma escola particular. Depois foi relativamente fácil: só foi necessário seguir estudando e abraçando as oportunidades que aos poucos iam surgindo. Sempre tive o apoio de minha mãe para estudar, esse ponto deve ser enfatizado.

Depois dos três primeiros anos do curso técnico consegui ser aprovado em 1987 (início letivo em 1988) nas duas universidades públicas existentes no Ceará: UFC - engenharia elétrica, UECE - ciência da computação (nos classificáveis - a concorrência foi bem grande). Concluí o curso técnico e, no final, acabei optando pelo curso de engenharia elétrica (ênfase em eletrônica). Seguindo nessa linha, consegui concluir o mestrado (1998) e o doutorado (2008) em Engenharia Elétrica pela UFSC. Na área profissional posso dizer que já consegui atingir boa parte dos meus objetivos. A vida, porém, é muito maior que isso. Não é possível ser feliz se apenas a vida profissional e financeira estão bem.

Algumas coisas aprendi ao longo dessa caminhada:
  • sempre vale a pena estudar;
  • as oportunidades surgirão, mas só poderemos nos beneficiar se estivermos atentos e preparados;
  • o silêncio pode ser uma boa resposta em muitas situações;
  • devemos valorizar mais o tempo com a família;
  • não perder tempo com o que não traz algo de útil ou gratificante;
  • ajudar os outros sem segundas intenções;
  • perdoar os outros e a si mesmo, guardar rancor não traz nada de bom;
  • tentar cercar-se de pessoas boas;
  • todos têm alguma coisa a ensinar, não podemos menosprezar os mais simples ou os menos instruídos que nós;
  • a sabedoria dos mais velhos não deve ser desprezada;
  • saber definir quais são as prioridades é de importância crucial;
  • nunca estamos "concluídos" nem somos "perfeitos", estamos sempre aprendendo;
  • só trabalho e nenhuma diversão é uma receita certa para a infelicidade; 
  • a vida espiritual é pelo menos tão importante quanto a vida material;
  • não devemos aspirar a ser um "líder" quando não estamos preparados, ser liderado é muito mais tranquilo.
  • deixar o orgulho de lado e pedir ajuda quando necessário. 
Como não pretendo seguir Agostinho e suas ``Confissões'', concluo este breve texto por aqui.

3 comentários:

  1. Muito Obrigado, Professor
    Pelos seus eternos ensinamentos.

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    1. Grato! É sempre bom poder ter alguma influência positiva na vida de outra pessoa .

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  2. Parabéns meu filho, fico muito feliz de saber que todo nosso esforço não foi em vão. Você foi é e será sempre meu menino de ouro.

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