sexta-feira, 31 de maio de 2019

Um roteiro da privatização



A imagem acima mostra um roteiro bem conhecido feito para depreciar o patrimônio público (que é todos) para se vender (a um preço aviltante) a grupos privados que só se preocupam com o próprio bolso. Hoje, esse roteiro está sendo aplicado com sucesso nos correios. Na "visão" de alguns (ou seriam todos?) membros importantes do atual governo, "tudo" pode ser privatizado, inclusive as Universidades Públicas. Como sempre, claro, o povo pagará a conta.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Divulgando: CCXC 2019 - Engº Emanuel Costa - (3ª etapa) - Xadrez


CCXC 2019 - Engº Emanuel Costa - (3ª etapa) De 20 a 23 junho/2019. Alagadiço Chess Club, Fortaleza-CE RUA LEIRIA DE ANDRADE, 719, Bairro Monte Castelo. Click aqui para fazer sua inscrição agora!

Circuito Cearense de Xadrez Clássico 2019
Engº Emanuel Costa
2ª Etapa

Todos os jogadores  deverão estar cadastrados na CBX e em dia com a anuidade CBX 2019
Emissão da taxa: http://www.cbx.org.br/taxas (jogadores)
Regulamento da Etapa: http://bit.ly/2X4OAxc


*** Bônus: dois problemas de xadrez!



segunda-feira, 27 de maio de 2019

Registrando: "Pesquisadores são hostilizados na manifestação pró-Bolsonaro em Fortaleza"

Jornal O Povo - fonte aqui.

"Segue um breve relato da nossa participação em pesquisa coordenada pela professora Mara Telles, da UFMG (não tão breve para o tamanho médio de textos postados no Facebook).

Na quarta-feira à noite (22/05), vi postagem no Facebook da professora Mara Telles convidando voluntários para participação na aplicação, em Belo Horizonte, de questionários na manifestação que ocorreria no dia 26 e perguntei a ela se não poderíamos aplicar o mesmo questionário em Fortaleza para podermos comparar o perfil dos manifestantes das duas cidades. Ela me informou que a pesquisa seria realizada em parceria entre a Agência PRESS e o grupo de pesquisa coordenado por ela e nos autorizou a participar.

Eu fiz convite semelhante em grupo fechado do curso de graduação em ciências sociais e marquei uma reunião de treinamento para sexta-feira, às 16h. Para garantir uniformidade na metodologia de aplicação dos questionários, contamos com a participação de integrantes do grupo de pesquisas coordenado pela professora Mara Telles na reunião. Vinte e três alunos participaram do treinamento.

Nosso objetivo era traçar um perfil dos manifestantes. O questionário continha, entre outras, várias perguntas e afirmações baseadas em postagens de grupos de apoiadores de Jair Bolsonaro. A aplicação bem sucedida do questionário permitiria saber quais dessas afirmações têm maior apoio e quais têm apoio apenas em alguns segmentos dos manifestantes.

Nossa estratégia foi nos dividirmos em dois grupos. Um primeiro grupo de seis alunos, sob minha coordenação, foi para a concentração da carreata que sairia da Avenida Pontes Vieira. Quando os manifestantes começaram a chegar, os pesquisadores iniciaram seu trabalho de se aproximar dos manifestantes e perguntar se concordavam em ser entrevistados. Quando algumas pessoas que pareciam ser organizadoras do evento perceberam que estavam ocorrendo entrevistas, elas se aproximaram dos entrevistados e os orientaram a não concederem entrevista porque nosso objetivo seria deturpar suas palavras. Alguns manifestantes seguiram as orientações das suas lideranças e se recusaram a ser entrevistados, mas outros queriam dizer o que pensavam. A minha estratégia nesse momento foi me posicionar entre as lideranças e as pessoas em situação de entrevista para que o encarregado de esclarecer o propósito da pesquisa às lideranças fosse eu, ficando os entrevistadores livres para continuar seu trabalho.

Devido à parceria com a Agência PRESS, e por já antecipar que não seríamos bem-vindos, optamos por nos apresentar em nome da Agência PRESS, organização para a qual, de fato, estávamos trabalhando pois os dados que coletássemos seriam da agência e não nossos. Uma das lideranças da manifestação perguntou se eu era de universidade. Eu respondi que sim. De qual? Da UFC. Qual curso? Ciências Sociais. É professor? Sim. Eles ficaram sem ter do que me acusar e minha conversa com eles se concentrou na explicação da metodologia da pesquisa: tratava-se de um questionário com perguntas fechadas e, portanto, os entrevistados iriam apenas selecionar algumas opções de resposta, não havendo o que deturpar. Não podíamos entregar uma cópia do questionário para as lideranças o avaliarem porque as respostas que as pessoas dão a questões que ouvem pela primeira vez é diferente da resposta a questões já conhecidas, etc… Enquanto eu conversava animadamente com as lideranças e posava para fotos que seriam enviadas para Brasília, um questionário foi rasgado por uma entrevistada e outro rasgou os cartões de resposta, mas, mesmo assim, os entrevistadores conseguiram completar a aplicação de 18 questionários graças à colaboração de manifestantes que queriam ter suas opiniões conhecidas e compreendidas.

Quando a carreata saiu em desfile pela cidade, fui deixar os questionários já preenchidos em casa para que fosse iniciada a digitação dos dados. Quando cheguei à Praça Portugal. A professora Monalisa Soares havia tentado usar na praça os mesmos argumentos que eu havia usado na concentração da carreata. Mas lá o número de pessoas era maior, assim como eram mais intensos e frequentes os avisos no carro de som de que um pessoal da UFC, inimigo do Bolsonaro, estava realizando uma pesquisa falsa com o objetivo de prejudicar seu ídolo. A grande maioria dos manifestantes era pacífica e estava presente com a família, avós, filhos, etc. Mas alguns mais exaltados pelo discurso inflamado emitido a partir do carro de som ameaçavam matar os infiltrados da UNE que faziam pesquisa falsa e dois manifestantes avisaram a uma entrevistadora que ela deveria sair dali se não quisesse ser estuprada. Isso deixou uma parte da equipe em pânico e a outra parte ocupada em acalmar quem estava com medo. O resultado foi que conseguimos aplicar apenas mais 28 questionários, a maioria nas ruas próximas e não na praça em si.

Aprendizado metodológico: Da próxima vez somente podemos permitir a participação de entrevistadores que não tenham medo de ameça de estupro. Isso exclui 100% das mulheres. Dentre os homens, teremos que excluir os que têm medo de ameaça de morte.

Mas não podemos desistir de fazer pesquisa. Os apoiadores de Jair Bolsonaro são seres humanos inseridos em uma teia de relações sociais. E nós somos cientistas sociais e estudamos relações sociais de seres humanos. A forma mais prática de saber os significados que as pessoas dão às suas relações sociais é perguntando a elas. Se houver oportunidade, tentaremos novamente."

Relato do prof. Jakson Aquino, professor da UFC.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Dica de leitura: "Crônica de uma morte anunciada"



Gabriel José García Márquez nasceu em Aracataca (a mítica Macondo de seus livros) em 6 de março de 1927 na Colômbia, morreu na Cidade do México em 17 de abril de 2014. Foi um escritor, jornalista, editor, ativista e político. Considerado um dos autores mais importantes do século XX, foi um dos escritores mais admirados e traduzidos no mundo, com mais de 40 milhões de livros vendidos em 36 idiomas. Ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1982 pelo conjunto da obra. Talvez a sua obra mais conhecida seja "Cem Anos de Solidão", publicado em 1967, mas nesta postagem destaco um livro menos conhecido: "Crônica de uma morte anunciada" (1981).

A história começa com a frase: "No dia em que o matariam, Santiago Nasar levantou-se às 5h30m da manhã para esperar o navio em que chegava o bispo." Surpreendentemente, ficamos sabendo quem será morto já na primeira frase do livro, mas os detalhes do crime e sua motivação e consequências são aos poucos apresentados ao longo da história. Essa narrativa, contada como uma bela reportagem jornalística, consegue prender a atenção do leitor em todas as páginas seguintes. Sem dúvida, vale a pena a leitura.

Mais informações sobre García Márquez aqui.

sábado, 18 de maio de 2019

Corte das bolsas de pesquisa.

Estudantes em todo o Brasil protestaram contra os cortes nas bolsas e na Educação. Fonte aqui.

A maior parte da pesquisa no Brasil é realizada em instituições públicas. Existe pesquisa em Universidades particulares, mas, em parte, também recebem financiamento público. Existem parcerias entre empresas e Universidades públicas? Existem, mas elas cobrem poucas áreas, em geral, ligadas às engenharias. Empresas privadas raramente financiam a pesquisa básica*.

Por esse motivo, o anúncio dos cortes nas bolsas de pesquisa pelo governo federal é tão grave. A pesquisa no Brasil é muito dependente dessas bolsas. É muito difícil manter um programa de mestrado ou doutorado sem estudantes com dedicação exclusiva, mesmo as bolsas estando muito defasadas - desde 2008 que elas não têm reajuste. Como diz o astrônomo Cássio Barbosa**:
Não tenho como não falar sobre os últimos anúncios de cortes de verbas em educação e pesquisa, que simplesmente põem fim à praticamente toda pesquisa brasileira. O corte severo de recursos vai interromper pesquisas importantes, como também vai abreviar a carreira de jovens pesquisadores, produzindo uma lacuna difícil de se preencher no futuro. Fonte aqui.
Já é muito difícil conseguir atrair bons estudantes para serem pesquisadores. Quase qualquer emprego para quem é já tem curso superior paga mais que uma bolsa de mestrado. E uma bolsa de pesquisa não é salário, não dá direito a férias ou 13o., nem conta para a aposentadoria. Sem essas bolsas e com os cortes anunciados, corremos o grave risco de paralisar o desenvolvimento da ciência no Brasil.

O efeito desses cortes serão mais sentidos a médio e longo prazo. Ficaremos cada vez mais dependentes das tecnologias desenvolvidas fora do Brasil, inclusive aqueles com a participação de brasileiros que estudam e trabalham fora do Brasil. A curto prazo, carreiras promissoras serão precocemente encerradas, pelo menos aqui no Brasil. Vamos exportar cada vez mais "cérebros". Isso, definitivamente, não é nem um pouco inteligente.



* Uma definição de "pesquisa básica": objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da Ciência, sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. O que é "pesquisa básica" hoje, pode se tornar pesquisa aplicada ou uma tecnologia anos depois. Por exemplo, o estudo da eletricidade já foi pesquisa básica e hoje vivemos em um mundo ligado à energia elétrica.

** Cassio Leandro Dal Ri Barbosa - Possui graduação em Física pela Universidade de São Paulo (1997), mestrado em Astrofísica pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (2000) e doutorado em Astronomia pela Universidade de São Paulo (2004). Foi professor integral da Universidade do Vale do Paraíba entre 2005 e 2014. Tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Astrofísica Estelar, atuando principalmente nos seguintes temas: estrelas massivas, infravermelho próximo, formação estelar, estrelas e instrumentação. Atua na área de formação de professores de ensino médio e fundamental, nas áreas de Física, Matemática, Química e Biologia e coordenou o Observatório de Astronomia e Física Espacial da UNIVAP. Atualmente é professor adjunto no Centro Universitário da FEI. Tem um blog/coluna no "g1.com.br" - Lattes aqui.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Divulgando: II Semana da Música de Fortaleza


De 04 a 08 de Junho de 2019 ocorrerá a II Semana da Música de Fortaleza. Para todos aqueles que gostam de boa música. A programação é bem variada, com curso de violão, de introdução ao piano, curso de flauta doce e outros, além do V ENCONTRO DE CORAIS. Para Participar basta doar 2 kg de alimentos não perecíveis.

Mais informações aqui!

sábado, 11 de maio de 2019

Divulgando: Hackathon Sebrae 2019



Link aqui.

Hackathon é um evento imersivo que acontecerá nos dias 22 a 24 de maio de 2019 no Sebraelab que fica localizado na Av. Monsenhor Tabosa, 777, Praia de Iracema em Fortaleza no Ceará.
São mais de 40 vagas para participar do evento a fim de formar até 8 equipes multidisciplinares contendo entre 4 e 6 participantes. As equipes desenvolverão projetos que proporcionem melhorias na gestão financeira das micro e pequenas empresas.
As três melhores equipes, definidas pela Comissão Julgadora, serão recompensadas da seguinte forma:
  • 1º Lugar: R$ 20.000,00
  • 2º Lugar: R$ 7.000,00
  • 3º Lugar: R$ 3.000,00

Como participar?

Hackathon é aberto para profissionais e estudantes de todas as áreas. É desejável que tenham conhecimento ou experiência em desenvolvimento web e/ou mobile, design de interfaces e/ou gráfico, marketing, gestão de negócios e/ou equipes.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

quinta-feira, 9 de maio de 2019

CONIF: Nota oficial sobre o bloqueio do orçamento



O Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) imprime esforços para reverter o bloqueio de 30% do orçamento das instituições federais de ensino – aproximadamente R$ 900 milhões – que representam de 37% a 42% dos recursos de custeio previstos para o funcionamento das unidades. Nessa perspectiva, todas as providências possíveis e necessárias têm sido adotadas pelo colegiado desde o anúncio da medida pelo Ministério da Educação (MEC), em 30 de abril.
Mais de 50% dos municípios brasileiros são direta ou indiretamente atendidos pelos 647 campi, além dos nove polos de inovação, implantados em 568 cidades que, aliados às vocações locais, possibilitam conquistas tecnológicas a partir do acesso às diversas modalidades da educação profissional – do ensino técnico de nível médio à pós-graduação, incluindo a formação de professores. Em muitos casos, essas instituições representam a única oportunidade de qualificação profissional da comunidade.
A Plataforma Nilo Peçanha (PNP), ambiente virtual que reúne estatísticas oficiais da Rede Federal, registra cerca de um milhão de matrículas e uma relação de 23,7 alunos por professor, ultrapassando a meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE). Ainda de acordo com a PNP, em 2018, foram 182.671 concluintes, sendo o custo anual por estudante de R$ 15.725,66, investimento que retorna à sociedade na forma de profissionais qualificados e avanços científicos.
Estão em andamento mais de 11 mil projetos de pesquisa e 6 mil de extensão tecnológica. Para além disso, olimpíadas e premiações nacionais e internacionais, bem como indicadores de qualidade, realçam a eficiência dos serviços prestados. É o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no qual os estudantes da Rede Federal superam o rendimento dos demais sistemas educacionais em todas as edições.
A principal avaliação da educação básica do mundo – o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2015 –, aponta que, se fosse um país, a Rede Federal estaria entre os primeiros colocados nas áreas analisadas. Em Leitura, ficaria na segunda posição entre os 71 países e territórios participantes, atrás apenas de Singapura. Já em Ciências, a pontuação seria suficiente para conquistar o 11º lugar, à frente da Coreia do Sul, Estados Unidos e Alemanha. Em Matemática, a nota ultrapassou a média geral do Brasil.
Com base nesses e outros dados, a agenda construída pelo Conif prioriza o diálogo para que as atividades sejam continuadas e as unidades recebam o fomento necessário para a manutenção dos resultados de pesquisa, inovação e transferência de tecnologia. Nesse sentido, referências e estatísticas oficiais dos quatro últimos exercícios registram simultaneamente o aumento das ofertas e a redução do orçamento.
Portanto, é legítima a afirmação de que as instituições já adotaram todos os redimensionamentos e adequações factíveis no que se refere a serviços essenciais como energia elétrica, água, internet, alimentação, limpeza, manutenção, vigilância e outros.
Assim sendo, o colegiado acredita na compreensão do Poder Executivo e defende a reversão do bloqueio de modo a evitar a possibilidade de judicialização.

Brasília, 9 de maio de 2019.

95ª Reunião Ordinária do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif)

terça-feira, 7 de maio de 2019

Tirinhas (mais ou menos) filosóficas


Neste mundo cada vez mais louco, para preservar a sanidade é bom tentar manter algum bom humor.

Divulgando: COBENGE 2019 em Fortaleza



A Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE) e as Instituições Faculdade Ari de Sá e Universidade Federal do Ceará convidam a todos para estarem juntos em Fortaleza, no período de 17 a 20 de setembro de 2019, no XLVII Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (COBENGE) e 2º Simpósio Internacional de Educação em Engenharia da ABENGE. Esse evento acontece anualmente e tem como foco a educação em engenharia.

O COBENGE é o mais importante fórum de discussão sobre a formação e o exercício profissional em Engenharia no Brasil. Trata-se de um evento de periodicidade anual que vem sendo realizado pela ABENGE desde 1973, e tem como missão produzir mudanças necessárias para a melhoria da qualidade do ensino de graduação e pós graduação em engenharia e tecnologia no Brasil, contribuindo decisivamente para a formação de profissionais cada vez mais qualificados e capacitados que levem desenvolvimento e tecnologia a todos os pontos do país pelos benefícios que a engenharia pode proporcionar a toda população.

O COBENGE vem, nos últimos anos, debatendo filosofias e paradigmas do processo de ensino e aprendizagem de Engenharia e Tecnologia. A Engenharia é uma área intimamente ligada à atualização contínua e à busca por inovações.

* Mais informações no link http://www.abenge.org.br/cobenge/2019/

sábado, 4 de maio de 2019

Vale a leitura: Nota do Reitor da UFPel

Professor Pdero R. C. Hallal - Reitor da UFPel.

Achei que valia a pena replicar aqui no blogue o texto do Reitor da Universidade Federal de Pelotas
Nota do Reitor da UFPel, professor Pedro Rodrigues Curi Hallal (Lattes aqui).

Pedro Hallal

Universidades Federais: THE END?

And in the end…
The love you take…
Is equal to the love you make…
The Beatles


Pensei muito para escrever algo hoje à noite. E pela segunda vez na vida, acabo recorrendo aos Beatles, que no final de sua brilhante trajetória, disseram que “no final, o amor que recebemos é igual ao amor que fazemos” (tradução livre).

É preciso muita calma para compreender o que está acontecendo e planejar os necessários enfrentamentos de forma pacífica, mas efetiva. E quando digo enfrentamentos, não estou falando em guerra ou armas (reais ou fictícias) apontadas para inimigos imaginários, mas sim o enfrentamento de ideias entre pessoas que convivem em sociedade e que buscam o bem comum.

Até por isso, é necessário deixar explícito que esse texto não abordará a polarização que divide o nosso país há vários anos. Convido a todos que acessarem a esse texto a se aventurarem a lê-lo com a devida atenção, analisando e refletindo sobre seu conteúdo, ao invés de simplesmente tentarem rotular seu autor.

As Universidades Federais são um patrimônio da sociedade brasileira. Elas são responsáveis por 90% da produção científica do país, mesmo contando com apenas 20% dos alunos de ensino superior do Brasil. Só para citar um exemplo da UFPel, ajudamos a prevenir a morte de milhões de crianças no mundo por meio da descoberta de que a amamentação exclusiva até os seis meses de vida reduz o risco de morte infantil. Por essa descoberta científica, um professor nosso é cotado para receber o Prêmio Nobel.

Assim, comparar o custo de um aluno numa Universidade pública com aquele de uma creche não apenas demonstra desconhecimento, como também demonstra desonestidade intelectual. Não é razoável imaginar que instituições responsáveis por 90% da produção científica do país tenham o mesmo custo que outras com enfoque exclusivo no ensino.

As estruturas de ensino superior no mundo são bastante diversas. Entre os 20 países com os sistemas educacionais mais bem avaliados do mundo, vários possuem um sistema baseado em Universidades públicas e gratuitas, como Finlândia, Suécia, Dinamarca e Noruega. Países como a Alemanha, a França e a Áustria possuem sistemas baseados em cobranças de taxas anuais baixas. Realmente, em outros países, como a Coréia do Sul, o Japão e os Estados Unidos, o ensino superior é predominantemente pago.

Desta forma, é fácil concluir que um país não está fadado ao sucesso ou ao fracasso educacional apenas com base na cobrança ou não de mensalidade nas Universidades. Ao contrário, o que leva um país a ter bons indicadores educacionais é investir nas suas Universidades, caminho exatamente contrário ao adotado no Brasil atualmente.

Por todas essas razões, é inadmissível o ataque que as Universidades Federais vêm sofrendo recentemente por parte do Governo Federal e mais especificamente do Ministério da Educação. Nessa semana, nosso já apertado orçamento foi subtraído em 30%. Pior, o próprio Ministério da Educação informa, por meio de nota à imprensa, que, caso a Reforma da Previdência seja aprovada, o corte no orçamento pode ser revisto.

Ora, não é preciso amplo conhecimento de economia, orçamento e finanças para compreender que: (a) o orçamento de 2019 das Universidades Federais foi definido em 2018, prevendo a arrecadação do país com as regras vigentes à época; (b) qualquer eventual receita extra gerada pela Reforma da Previdência será refletida a partir do exercício posterior a sua aprovação, ou seja, 2020, caso o projeto seja aprovado em 2019.  

O Governo Federal tenta distorcer a realidade do que ocorre nas Universidades Federais, numa tentativa desesperada de jogar a população brasileira contra suas Universidades. Primeiro, o Governo Federal demonstra ignorância ao desconhecer (ou fingir desconhecer) que mais de 90% do conhecimento científico produzido no país é oriundo das Universidades Federais. Depois, o Ministério da Educação impõe uma censura orçamentária a três Universidades Federais por supostos atos de “balbúrdia” no ambiente universitário, medida que é revogada em menos de 24 horas, para evitar uma óbvia condenação por improbidade administrativa.

Sr. Ministro, venha passar uns dias na UFPel. Venha assistir as aulas que fazem com que nossos 96 cursos de graduação venham sendo avaliados com notas 4 ou 5 em todas as avaliações do MEC. Venha conhecer as quatro unidades básicas de saúde administradas pela UFPel em Pelotas. Venha conhecer o único hospital 100% SUS da cidade. Venha visitar centenas de projetos de extensão, que aproximam a comunidade da UFPel. Venha almoçar no nosso RU, andar no nosso transporte de apoio, conhecer a nossa moradia estudantil. Certamente, o Sr. notará que o nosso cotidiano não é de balbúrdia.

É imperativo lembrar que o Governo Federal foi eleito há quase um semestre e já está governando há mais de quatro meses. Já está mais do que na hora de encerrar de vez o processo eleitoral e iniciar a administração do país. E certamente administrar o país significa tratar com seriedade a pauta da educação.

Por fim, peço a comunidade da UFPel que se mobilize, de forma pacífica, para dizer “não” aos cortes propostos pelo Governo Federal. Lembrem que:

And in the end…
The love you take…
Is equal to the love you make…

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*** Ver notícia relacionada aqui

No IFCE:

Diante do anúncio do Ministério da Educação de bloquear 30% da dotação orçamentária de institutos e universidades federais, o reitor do IFCE, professor Virgílio Araripe, participará, na próxima semana, de uma série de reuniões em Brasília para debater o tema e avaliar as possibilidades de minimizar, ao máximo, os impactos da medida.

A decisão do Ministério da Educação se deu após a publicação do Decreto nº 9741/2019, de 29 de março de 2019, que prevê restrição orçamentária para toda a administração pública federal, como forma de adequação ao disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal. O bloqueio de 30% decidido pelo MEC exclui apenas despesas obrigatórias (pagamento de pessoal) e assistência ao educando.

No IFCE, o impacto será de R$ 33.470.512,00 dos recursos de custeio (ações 20RL e 4572) e R$ 600.276,00 de recursos de capital (ação 20RL), impactando, sobretudo no que se refere ao funcionamento da instituição e capacitação de servidores.