sexta-feira, 3 de abril de 2020

Artigo: Mulheres na ciência e tecnologia (O Povo)


Os números mostram que a participação feminina na ciência, tecnologia, na direção de empresas e até mesmo na política é bem menor que os 50% que seria esperado. Uma constatação empírica que eu vejo todos os dias em sala de aula: uns 80% (algumas vezes mais) dos meus alunos de engenharia são homens. Por que isso acontece? As mulheres têm menos aptidão para ciência, engenharia e tecnologia?

Conquistar um grande prêmio internacional nas áreas de ciências é um feito para bem poucos. Se você for mulher, suas chances simplesmente despencam. A Medalha Fields, um importante prêmio na área de matemática, tem apenas uma única mulher entre os sessenta ganhadores. Outro prêmio que tem muita visibilidade é o prêmio Nobel. Entre 1901 e 2019 já foram laureados 950 pessoas ou instituições, apenas 54 eram mulheres. Além de serem poucas, a maioria delas não recebeu o Nobel nas áreas de ciências, em Física, por exemplo, somente três mulheres foram premiadas.

Quando as grandes universidades surgiram na Europa, ainda no período medieval, as mulheres eram desencorajadas a estudarem. Até o início do século XX, algumas poucas conseguiam obter o doutorado, mas, em geral, não eram admitidas como professoras universitárias. Hoje, na maior parte do mundo, não existem mais restrições para que as mulheres sejam alunas ou professoras universitárias em qualquer área do conhecimento. Entretanto, ainda persiste um grande desequilíbrio entre os sexos (em favor dos homens) no que se refere aos cargos de liderança, consultoria científica e bolsas de produtividade em pesquisa tanto no Brasil quanto no mundo, em especial nas chamadas ciências duras.

As razões para essa exclusão “branda” ou não oficial das mulheres das áreas científicas é complexa. As próprias estruturas organizacionais, formadas em sua maioria por homens, não estimulam ou estimulam pouco a participação das mulheres nessas carreiras. E juntando a tudo isso, no Brasil existem ainda os entraves culturais e sociais que dizem que o lugar da mulher é em casa cuidando dos filhos.

Hoje, mesmo que ainda enfrentando preconceitos e obstáculos maiores que aqueles que os homens enfrentam, as mulheres estão aos poucos ocupando um maior espaço em todas as carreiras científicas e tecnológicas. O mundo precisa dessa força e da participação delas para resolver os problemas que os homens criaram.

*** Link para o Jornal O Povo aqui.

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