segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Dica de leitura: Utopia de Thomas Morus

Xilogravura por Ambrosius Holbein de uma edição de 1518 de Utopia. Fonte aqui.
Quem foi Thomas Morus (fonte aqui).

Thomas More, Thomas Morus ou Tomás Moro nasceu em Londres, 7 de fevereiro de 1478, faleceu em 6 de julho de 1535 na mesma cidade. Foi filósofo, homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Sua principal obra literária é Utopia. O termo "utopia" foi criado por Morus.

Thomas More chegou a se autodescrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Casou-se com Jane Colt em 1505, em primeiras núpcias, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se em segundas núpcias com lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. Dele se disse que era amigo de seus amigos, entre os quais se encontravam os mais destacados humanistas de seu tempo, como Erasmo de Rotterdam e Luis Vives.

Condenado à pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário do Estado. Foi canonizado como mártir da Igreja Católica em 19 de maio de 1935 e sua festa litúrgica celebra-se em 22 de junho. É curioso saber que ele também foi cultuado pela Revolução Russa. Os revolucionários russos erigiram uma estátua em homenagem às suas ideias socialistas de sua Utopia.

Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527).
Sobre o livro Utopia.

O pequeno livro "Utopia - Tratado  da melhor forma de governo" demorou cerca de um ano para ser redigido, um tempo muito maior que ele pensava que seria necessário inicialmente. Ele deu a seguinte "desculpa" para seu amigo e editor Pierre Gilles: pouco tempo livre. Segundo escreve ao amigo Gilles:  "Tenho que advogar, ouvir pleiteantes, pronunciar preceitos e julgamentos, receber uns por conta de minha profissão, outros por conta de minhas incumbências. Passo toda a jornada na rua, ocupado com os outros. Dou aos familiares o resto de meu tempo. O que sobra para mim, isto é, para cartas, é pouco mais que nada."

O livro de Thomas Morus foi publicado em latim, em 1516, com o título "De optimo reipublicae statu decque nova insula Utopia". Utopia é uma palavra grega que significa "lugar nenhum". Depois de revisto por Morus, foi impresso em Basileia em novembro de 1518. Na Inglaterra, a obra só viria a ser publicada em 1551, dezesseis anos após a execução de Morus. Divide-se em dois livros: no primeiro, existe uma crítica à Inglaterra da época em que o autor vivia; no segundo, apresenta uma sociedade alternativa. O personagem principal é Rafael Hitlodeu, que narra sua viagem a Utopia e descreve a sociedade que viu. Um pequeno trecho do livro:

"Eles detestam a guerra em grau supremo, como coisa absolutamente bestial - ainda que nenhum animal feroz se entregue a isso de maneira tão permanente quanto o homem -, e, contrariamente à opinião de quase todos os povos, consideram que nada é menos glorioso que a glória dada pela guerra". -

Uma postagem mais completa sobre esse tema aqui.

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