Isto não é um livro. É um banquete intelectual. Não há um único capítulo que não questione (com bom humor) crenças intelectuais estabelecidas. - Nassim Nicholas Taleb.
"O Despertar de Tudo: uma nova história da humanidade", de David Graeber e David Wengrow, é uma obra inovadora que desafia as narrativas tradicionais sobre a evolução das sociedades humanas. Os autores, um antropólogo e um arqueólogo, questionam ideias consagradas desde o Iluminismo, como as de Rousseau e Hobbes, que opõem sociedades primitivas igualitárias a sociedades modernas hierárquicas, e sugerem que a civilização teria surgido ao custo da liberdade e da igualdade.
O livro desmonta a chamada "grande narrativa ocidental", mostrando que muitos pressupostos sobre o surgimento da agricultura, das cidades, da propriedade, do Estado e da desigualdade não se sustentam diante das evidências arqueológicas e antropológicas recentes. Por exemplo, os autores demonstram que o sedentarismo precedeu a agricultura em muitos casos, que sociedades de caçadores-coletores podiam ser complexas e que a desigualdade não era um estágio inevitável da urbanização.
Um dos pontos centrais é a crítica à visão eurocêntrica da história: Graeber e Wengrow destacam como ideias de liberdade e igualdade no Ocidente foram influenciadas pelo contato com povos indígenas, especialmente da América do Norte, e defendem que a história humana sempre foi marcada por experimentação social, alternando entre formas mais igualitárias e mais hierárquicas. O livro propõe, assim, abandonar a busca por um "ponto zero" da desigualdade e repensar por que, em determinado momento, a humanidade deixou de experimentar e passou a aceitar estruturas sociais fixas.
Com uma narrativa acessível, irônica e bem-humorada, "O Despertar de Tudo" convida o leitor (em cada uma das suas mais de 500 páginas) a questionar certezas, repensar o passado e imaginar futuros alternativos para a organização social humana.
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Para saber mais: O Despertar de Tudo no Brasil. Uma entrevista com David Wengrow.
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