sábado, 28 de janeiro de 2023

Terra "bola de neve"

Terra "bola de neve".

A Era Glacial, ou melhor, era glaciais são períodos de tempo durante nos quais a Terra experimenta uma grande expansão dos glaciares e a formação de camadas de gelo. Isso ocorreu em vários períodos ao longo da história geológica da Terra, o mais recente, chamado de "Última Idade do Gelo", ocorreu durante o Pleistoceno, há cerca de 2,5 milhões a 11.700 anos atrás. Durante esse período, a maior parte da América do Norte, Europa e Ásia ficou coberta de gelo. Quando a glaciação é mais intensa pode ocorrer o evento "Terra bola de neve" quando toda ou quase toda a terra é coberta por gelo.

A era glacial mais intensa que a Terra já experimentou foi chamada de "Era Huronian". Ela ocorreu há cerca de 2,4 a 2,1 bilhões de anos atrás, durante o período Pré-Cambriano. Durante essa era, a crosta terrestre era muito diferente e as condições climáticas eram muito diferentes do que são hoje. A maior parte da Terra estava coberta de gelo, e a temperatura média global era extremamente baixa. Este evento foi causado por vários fatores, como a falta de atividade vulcânica, a baixa concentração de dióxido de carbono na atmosfera, e a falta de vegetação para retenção de calor. O Sol também brilhava com uma intensidade um pouco menor que a atual.

A ideia da Terra bola de neve vem da teoria (fundamentada por modelos de computador) que, quando glaciação é intensa o suficiente para as geleiras atingirem cerca de 30° norte e sul latitudes, é o suficiente para refletir uma grande parte da luz solar de volta para espaço. Isso faz com que um efeito em cascata de eventos leve a mais glaciação, com geleiras, eventualmente, cobrindo toda a Terra, até ao equador. Então, a Terra, quando vista do espaço, iria se parecer como uma bola de neve.

Um período de glaciação mais intenso pode ser capaz de provocar eventos de extinção em massa. A Terra já experimentou esse fenômeno várias vezes. Em todos eles, a vida conseguiu sobreviver e florescer posteriormente muitas formas diferentes.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Como Bolsonaro planejou extinguir a reserva Yanomami - Lira Neto - Diário do Nordeste


O plano teve início há cerca de 30 anos. Em 19 de outubro de 1993, uma terça-feira, em Brasília, o deputado Jair Bolsonaro, do Partido Progressista Reformador (PPR), legenda então liderada nacionalmente por Paulo Maluf, apresentou, na Câmara Federal, um projeto de decreto legislativo.

Protocolado sob o número 365, a proposição buscava tornar sem efeito um decreto presidencial, homologado no ano anterior por Fernando Collor de Mello sob recomendação da Funai, criando a reserva Yanomami. O projeto de Bolsonaro, que à época exercia o primeiro mandato de deputado federal, tinha apenas dois curtos artigos.

“Torna sem efeito o Decreto de 25 de maio de 1992, que homologa a demarcação administrativa da terra indígena Yanomami”, dizia o primeiro deles. “Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicação, revogando as disposições em contrário”, sentenciava o segundo.

Nos meses anteriores à apresentação do projeto, o deputado novato estivera em destaque nos jornais, por ter sugerido, em visita ao município gaúcho de Santa Maria, o fechamento do Congresso Nacional e a implantação de uma ditadura no país, nos moldes da instituída no Peru por Alberto Fujimori, segundo noticiou o jornal Zero Hora.

“Sou a favor, sim, de uma ditadura, de um regime de exceção”, confirmou, em plenário, quando confrontado pelos colegas na volta à capital federal. De acordo com o que ficou registrado nos Anais da Câmara, choveram protestos, apartes, indignações. Foi um escarcéu. “Corremos o risco de promover o deputado Jair Bolsonaro se começarmos a falar demais sobre ele”, observou no calor da contenda, profético, um parlamentar.

Ameaçado de cassação por falta de decoro, a figura caricaturesca de Bolsonaro foi motivo de reportagens, assunto para inúmeras notinhas em colunas políticas, convites para entrevistas em programas de tevê. A exposição gratuita alimentou novas bravatas. “Para acabar a crise brasileira, basta três batalhões de infantaria”, argumentou ele à época, segundo o Jornal do Brasil, atraindo ainda mais atenções públicas para si.

Publicado na edição do Diário do Congresso Nacional de 10 de novembro de 1993, o projeto de Bolsonaro para a extinção da reserva Yanomami dormitou nas comissões internas da Câmara e, aparentemente natimorto, foi arquivado ao final da legislatura, conforme previsto no artigo 105 do regimento da casa. Em 1995, reeleito como o terceiro deputado federal mais votado no Rio de Janeiro, Bolsonaro solicitou o desarquivamento da proposição. E conseguiu.

Encarregado de reanalisar o texto na Comissão de Defesa Nacional, o deputado Elton Rohnelt, do Partido Social Cristão (PSC) de Roraima, ex-diretor de uma madeireira e dono de uma empresa de mineração, deu parecer positivo.

No currículo extraparlamentar de Rohnelt constava a invasão, na década de 1980, sob sua assumida liderança, por parte de 40 mil garimpeiros às terras dos Yanomamis. De acordo com o relatório da Comissão da Verdade, houve centenas de mortos em decorrência do ataque.

Bolsonaro tinha pressa. Com apoio de 257 colegas deputados, o que lhe garantia o número regimental necessário, solicitou urgência para a votação do projeto em plenário. Em 30 de agosto de 1995, o presidente da Câmara, Luis Eduardo Magalhães, do Partido da Frente Liberal (PFL), acatou a solicitação, sob protestos da bancada oposicionista.

Fernando Gabeira, deputado pelo Partido Verde (PV), ponderou: tema tão sensível não poderia ser analisado de afogadilho. “A demarcação das terras indígenas é tão delicada quanto a promoção da paz entre os palestinos e israelenses”, comparou, de acordo com o registro dos anais parlamentares.

“Há vidas humanas extremamente vitimadas por uma política de genocídio em nosso país”, advertiu a deputada Socorro Gomes, do Partido Comunista do Brasil, eleita pelo Pará. O também paraense Gerson Peres, correligionário de Bolsonaro do PPR e votando pela liderança, divergiu da conterrânea: “Não temos mais nada a discutir, isso é o que queremos. Acompanhamos o nosso companheiro deputado Jair Bolsonaro. O PPR, portanto, encaminha o voto ‘sim’”.

Após intensa discussão, o regime de urgência foi rejeitado: 290 deputados votaram contra; 125, a favor. Houve 10 abstenções. Depois de regressar às comissões internas, recebendo pareceres negativos dos deputados Fernando Gabeira e Almino Afonso (PSB), o projeto foi mais uma vez arquivado. Nem assim Bolsonaro desistiu do objetivo.

“A Cavalaria brasileira foi muito incompetente”, ele esbravejou, na sessão da Câmara de 16 de abril de 1998, então filiado ao Partido Progressista Brasileiro (PPB). “Competente, sim, foi a Cavalaria norte-americana, que dizimou seus índios no passado e hoje em dia não tem esse problema no país”.

Eleito pelo PPB para um terceiro mandato no final daquele mesmo ano, Bolsonaro repetiu a manobra e pediu um segundo desarquivamento do projeto. De novo, a proposta estacionou nas instâncias internas, sendo arquivada pela terceira vez ao final daquela legislatura. No início de 2003, decorridos dez anos da proposição inicial, já no quarto mandato e filiado ao Progressistas — fusão do PPR com o Partido Progressista (PP) —, o deputado continuava com a mesma ideia fixa.

Solicitou mais um desarquivamento, mas o projeto de extinção da reserva Yanomami não avançou na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania. Foi de novo posto de molho, para ser arquivado, em definitivo, no final de 2007, após 14 anos de idas e vindas.

Passaram-se outros dez anos. Em 2017, candidato à presidência da República pelo Partido Social Liberal (PSL), Bolsonaro deixou claro o propósito de dar combate aos povos originários: “Não vai ter um centímetro demarcado para reserva indígena”, anunciou.

No cargo de presidente, em 2020, propôs o Projeto de Lei 191 — o “Projeto de Lei do Genocídio”, como batizado pelos adversários —, também assinado pelos ministros das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, e da Justiça, Sergio Moro, autorizando o garimpo e o agronegócio em áreas indígenas.

Pressões da sociedade civil e das comunidades indígenas mantiveram o texto na gaveta. Enquanto isso, conforme revelou o site The Intercept Brasil, 21 ofícios com pedidos de ajuda dos yanomamis foram ignorados.

Em 2021, 28 anos depois de ter dado entrada na Câmara do projeto para a extinção da reserva Yanomami, Bolsonaro esteve pessoalmente em uma área de garimpo ilegal, instalada dentro da terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Bem ali ao lado, os Yanomamis definhavam. Na ocasião, o ex-presidente pagou as contas da viagem e da confraternização com os garimpeiros — 163 mil reais — com o cartão corporativo.

O resultado é o que estamos vendo todos nós, estarrecidos. De extinção da reserva, o plano passara a ser, tudo indica, o de extermínio total dos Yanomamis.



Fonte aqui - Diário do Nordeste.


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terça-feira, 17 de janeiro de 2023

De quais redes sociais digitais você participa?


Para começar, as principais redes sociais digitais atualmente incluem:

  • Facebook: é a rede social mais popular e antiga, fundada em 2004. Permite que as pessoas compartilhem conteúdo, fiquem em contato com amigos e familiares e participem de grupos com interesses comuns.
  • Instagram: é uma rede social baseada em compartilhamento de fotos e vídeos, adquirida pelo Facebook em 2012. É amplamente utilizada para compartilhar imagens de viagens, comida, moda e beleza.
  • TikTok: é uma rede social de vídeo curto, originalmente conhecida como Douyin na China. É usada para compartilhar vídeos divertidos, músicas e desafios.
  • YouTube: é uma plataforma de compartilhamento de vídeos, onde é possível encontrar vídeos de entretenimento, notícias, educação e muito mais. Foi criado em 2005 e adquirido pelo Google em 2006.
  • Twitter: é uma plataforma de mensagens curtas, onde as pessoas podem seguir celebridades, políticos e outras pessoas para ficar por dentro das notícias e opiniões.
  • LinkedIn: é uma rede social profissional, utilizada para conectar profissionais e encontrar empregos.
  • Snapchat: é uma rede social de compartilhamento de fotos e vídeos que desaparecem logo após serem visualizadas.
  • Kwai: é uma rede social de vídeo, mais popular na China (mas que também tem muitos seguidores no Brasil), onde os usuários podem compartilhar vídeos curtos e seguir outros usuários.

Essas são algumas das principais redes sociais digitais, existem muitas outras disponíveis (Flickr, Unsplash, Pinterest, ...), cada uma com sua própria comunidade e propósito. O WhatsApp e Telegram são principalmente aplicativos de de mensagens instantâneas, mas possuem algumas características de redes sociais. 

Você é usuário assíduo (ou criador de conteúdo) de quais dessas redes sociais? Ou você mantém distância de todas essas redes?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Como saber se uma pessoa é um fanático religioso ou político?


Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo.
Denis Diderot (1713 - 1784).


Existem alguns sinais que podem indicar que uma pessoa é um fanático religioso ou político. No entanto, é importante lembrar que as pessoas são complexas e que esses sinais podem ser interpretados de maneira diferente dependendo do contexto.

Alguns sinais comuns de fanatismo religioso ou político incluem:

  • Uma necessidade constante de impor suas crenças e opiniões aos outros.
  • Uma tendência a desconsiderar opiniões e argumentos que contrariem suas crenças.
  • Uma falta de tolerância para com aqueles que não compartilham suas crenças.
  • Uma necessidade constante de se defender e justificar suas crenças.
  • Uma crença inflexível de que suas crenças são as únicas verdades e que todos os outros estão errados.

É importante ressaltar que, nem todas as pessoas que demonstrem esses comportamentos são fanáticos e nem todos os fanáticos demonstram esses comportamentos. Além disso, é importante ter cuidado ao julgar as pessoas, pois todos nós temos nossas próprias crenças e opiniões e é importante respeitar a diversidade de opiniões e crenças.

sábado, 14 de janeiro de 2023

Jair Bolsonaro foi um bom presidente no Brasil? ChatGPT responde!

 


Jair Bolsonaro foi um bom presidente no Brasil? 

ChatGPT: The question of whether Jair Bolsonaro was a good president of Brazil is a matter of opinion and can be subjective. Some people may argue that he was a good president because of his policies on issues such as crime and the economy, while others may argue that he was a bad president because of his handling of issues such as the environment, human rights and public health.

During his tenure, he was known for his controversial statements and policies, particularly on issues such as the environment, indigenous rights, and human rights. He has been criticized for his handling of the COVID-19 pandemic and his government has been accused of downplaying the gravity of the situation and not taking the necessary measures to curb the spread of the virus. He also has been criticized for his approach to the Amazon rainforest, where illegal logging and mining have risen significantly, and for his anti-environmental stance, which led to a rise in deforestation and the weakening of environmental protections.

It's important to note that the evaluation of a president's performance is a complex task and it's influenced by multiple factors and perspectives, it's not only about policies, but also how they were executed, the context and the results they generated.

Uma tradução da resposta:

ChatGPT: A questão de saber se Jair Bolsonaro foi um bom presidente do Brasil é uma questão de opinião e pode ser subjetiva. Algumas pessoas podem argumentar que ele foi um bom presidente por causa de suas políticas em questões como crime e economia, enquanto outras podem argumentar que ele foi um mau presidente por causa de como lidou com questões como meio ambiente, direitos humanos e saúde pública.

Durante sua gestão, ele era conhecido por suas declarações e políticas controversas, principalmente em questões como meio ambiente, direitos indígenas e direitos humanos. Ele foi criticado por lidar com a pandemia do COVID-19 e seu governo foi acusado de minimizar a gravidade da situação e não tomar as medidas necessárias para conter a propagação do vírus. Ele também foi criticado por sua abordagem da floresta amazônica, onde a extração ilegal de madeira e a mineração aumentaram significativamente, e por sua postura antiambiental, que levou ao aumento do desmatamento e ao enfraquecimento das proteções ambientais.

É importante observar que a avaliação do desempenho de um presidente é uma tarefa complexa e influenciada por múltiplos fatores e perspectivas, não se trata apenas de políticas, mas também de como foram executadas, do contexto e dos resultados que geraram.

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Para descontrair um pouco:

Qual o sentido da vida, do Universo e tudo o mais? 
 

ChatGPT: The meaning of life, the universe, and everything is a question that has puzzled philosophers, scientists, and religious leaders for centuries. It is ultimately a personal and subjective question, and different people may have different beliefs about what the ultimate purpose or meaning of life is. Some religious beliefs suggest that the purpose of life is to serve a higher power or to follow a certain set of moral or spiritual principles. Scientifically speaking, there is no one answer to this question, as the meaning of life is something that each individual must determine for themselves through their own experiences and beliefs.

 Uma tradução:

ChatGPT: O significado da vida, do universo e de tudo é uma questão que há séculos intriga filósofos, cientistas e líderes religiosos. Em última análise, é uma questão pessoal e subjetiva, e pessoas diferentes podem ter crenças diferentes sobre qual é o propósito ou significado final da vida. Algumas crenças religiosas sugerem que o propósito da vida é servir a um poder superior ou seguir um certo conjunto de princípios morais ou espirituais. Cientificamente falando, não há uma resposta para essa pergunta, pois o sentido da vida é algo que cada indivíduo deve determinar por si mesmo por meio de suas próprias experiências e crenças.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

BRASIL: ALERTA À NAVEGAÇÃO DEMOCRÁTICA

 

BRASIL: ALERTA À NAVEGAÇÃO DEMOCRÁTICA

Por Boaventura de Sousa Santos* (link aqui para biografia)

O que aconteceu em Brasília no último dia 8, uma semana após a posse do presidente Lula da Silva, é um acontecimento que só pegou de surpresa quem não quis ou não pôde saber de seus preparativos, amplamente divulgados nas redes sociais. A ocupação violenta das sedes dos poderes legislativo, executivo e judicial e dos espaços envolventes, bem como a depredação de bens públicos nestes edifícios por manifestantes de extrema-direita, constituem atos de terrorismo planeados e meticulosamente organizados pelos seus dirigentes. Trata-se, portanto, de um evento que põe seriamente em risco a sobrevivência da democracia brasileira e que, pela forma como ocorreu, poderá ameaçar outras democracias do continente e do mundo amanhã. É apropriado, então, analisá-lo à luz de sua importância. As principais características e lições são as seguintes:

1. O movimento de extrema direita é global e suas ações em escala nacional se beneficiam e muitas vezes atuam em aliança com experiências antidemocráticas estrangeiras. É notória a articulação da extrema direita brasileira com a extrema direita americana. O conhecido porta-voz deste último, Steve Bannon, é amigo pessoal da família Bolsonaro e desde 2013 é um patrono da extrema-direita brasileira. Além das alianças, as experiências de um país servem de referência para outro e constituem aprendizado. A invasão da Plaza de los Tres Poderes, em Brasília, é uma cópia "aprimorada" da invasão do Capitólio em Washington em 6 de janeiro de 2021, pois aprendeu com ela e tentou fazer melhor. Foi organizado com mais detalhes, tentou trazer muito mais gente para Brasília e usou várias estratégias para fazer a segurança pública democrática sentir que nada de anormal aconteceria. Os dirigentes tinham como objetivo ocupar Brasília com pelo menos um milhão de pessoas, semear o caos e permanecer o tempo suficiente para permitir uma intervenção militar que acabasse com as instituições democráticas.

2. Pretende-se fazer crer que se trata de movimentos espontâneos. Pelo contrário, são organizados e possuem uma profunda capilaridade na sociedade. No caso brasileiro, a invasão de Brasília foi organizada a partir de diferentes cidades e regiões do país e em cada uma delas havia lideranças identificadas com um número de telefone para que fossem contatadas pelos adeptos. A participação pode assumir muitas formas. Os que não puderam se deslocar a Brasília tiveram missões a cumprir em suas localidades, bloqueando a circulação de combustíveis e o abastecimento de supermercados. O objetivo era criar o caos devido à falta de produtos essenciais. Alguns se lembrarão das greves dos caminhoneiros que precipitaram a queda de Salvador Allende e o fim da democracia chilena em setembro de 1973. Por sua vez, o caos em Brasília tinha objetivos precisos. A sala do Gabinete de Segurança Institucional, localizada no subsolo do Palácio do Planalto, foi assaltada, onde foram roubados documentos sigilosos e armas de alta tecnologia, o que evidencia que houve treinamento e espionagem. Cinco granadas também foram encontradas no Supremo Tribunal Federal e no Congresso Nacional.

3. Nos países democráticos, a estratégia da extrema-direita assenta em dois pilares: a) investir fortemente nas redes sociais para vencer as eleições com o objetivo de, se vencerem, nem usar o poder democraticamente nem sair dele democraticamente. Foi o que aconteceu com Donald Trump e Jair Bolsonaro como presidentes. b) Caso não espere vencer, comece a questionar antecipadamente a validade das eleições e declare que não aceita outro resultado que não seja a sua vitória. O programa mínimo é perder por uma pequena margem para tornar mais credível a ideia de fraude eleitoral. Foi o que aconteceu nas últimas eleições nos Estados Unidos e no Brasil.

4. Para ser bem-sucedido, esse ataque frontal à democracia precisa contar com o apoio de aliados estratégicos, tanto nacionais quanto estrangeiros. No caso do apoio nacional, os aliados são forças antidemocráticas, tanto civis como militares, instaladas no aparelho de governo e na administração pública que, por ação ou omissão, facilitam a ação dos rebeldes. No caso brasileiro, é particularmente flagrante o conluio, a passividade e até a cumplicidade das forças de segurança do Distrito Federal de Brasília e seus dirigentes. Com o agravante de que esta região administrativa, por ser sede do poder político, recebe vultosas receitas federais com a finalidade específica de defesa das instituições.

Por outro lado, as Forças Armadas toleraram a instalação de acampamentos de manifestantes em frente ao quartel, área de segurança militar, e que ali permaneçam por dois meses. Foi assim que a ideia do golpe prosperou nas redes sociais. Nesse caso, o contraste com os Estados Unidos é gritante. Quando ocorreu a invasão do Capitólio, os líderes militares americanos fizeram questão de enfatizar sua defesa da democracia. Nesse sentido, a nomeação do novo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, que parece ter uma boa e reverente relação com os militares, não augura nada de bom. Ele é um ministro problemático depois de tudo o que aconteceu. O Brasil está pagando um preço muito alto por não ter punido os crimes e criminosos da ditadura militar (1964-1985), tendo em conta que alguns crimes nem prescrevem. Foi isso que permitiu ao ex-presidente Bolsonaro elogiar a ditadura, homenagear os militares torturadores e nomear militares, alguns fortemente comprometidos com a ditadura, para cargos importantes em um governo civil e democrático. Só assim se explica por que hoje se fala em perigo de golpe militar no Brasil, mas não no Chile ou na Argentina. Como se sabe, nesses dois países foram julgados e punidos os responsáveis ​​pelos crimes da ditadura militar.

5. Além dos aliados domésticos, os aliados estrangeiros são cruciais. Tragicamente, no continente latino-americano, os Estados Unidos têm sido tradicionalmente o grande aliado dos ditadores, senão diretamente o instigador de golpes contra a democracia. Acontece que, desta vez, os Estados Unidos estavam do lado da democracia e isso fez toda a diferença no caso do Brasil. Estou convencido de que, se os Estados Unidos tivessem dado os habituais sinais de encorajamento aos aspirantes a ditadores, estaríamos hoje diante de um golpe de estado. Infelizmente, à luz de uma história de mais de cem anos, essa posição americana não se deve a um súbito zelo pela defesa internacionalista da democracia. A posição dos EUA foi estritamente determinada por razões internas. Apoiar o bolsonarismo de extrema direita no Brasil seria dar força à extrema direita trumpista nos EUA, que continua acreditando que a eleição de Joe Biden foi resultado de fraude eleitoral e que Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos. Na verdade, prevejo que manter uma extrema direita forte no Brasil será importante para os propósitos da extrema direita dos EUA nas eleições de 2024. Espero que a intenção seja criar uma situação de ingovernabilidade que torne o mais difícil possível para o presidente Lula da Silva nos próximos anos. Para que isso não aconteça, é preciso que os golpistas sejam severamente punidos. E não só eles, mas também seus principais e financiadores.

6. Para garantir a sustentabilidade da extrema-direita é preciso ter uma base social, ter financiadores-organizadores e uma ideologia suficientemente forte para criar uma realidade paralela. No caso do Brasil, a base social é ampla, dado o caráter excludente da democracia brasileira, que faz com que amplos setores da sociedade se sintam abandonados pelos políticos democráticos. O Brasil é uma sociedade com grande desigualdade socioeconômica, agravada pela discriminação racial e sexual. O sistema democrático potencializa tudo isso a ponto de o Congresso brasileiro ser mais uma caricatura cruel do que uma representação fiel do povo brasileiro. Se não estiver sujeito a uma profunda reforma política, acabará por ser completamente disfuncional. Nestas condições, há um amplo campo de recrutamento para mobilizações de extrema direita. Obviamente, a grande maioria dos que nelas participam não são fascistas. Eles só querem viver com dignidade e não acreditam que isso seja possível em uma democracia. Já os financiadores-organizadores, no caso do Brasil, parecem ser setores de baixo capital industrial, agrário, armamentista e de serviços que se beneficiaram do (des)governo bolsonorista ou com cuja ideologia mais se identificam.

No que diz respeito à ideologia, ela parece se apoiar em três pilares principais. Em primeiro lugar, a reciclagem da velha ideologia fascista, ou seja, a leitura reaccionária dos valores de Deus, Pátria e Família, aos quais se junta agora a Liberdade. Trata-se, sobretudo, de defender incondicionalmente a propriedade privada para: a) poder invadir e ocupar bens públicos ou comunitários (territórios indígenas); b) defender eficazmente a propriedade, o que implica armar as classes proprietárias; c) ter legitimidade para rejeitar qualquer política ambiental; e, d) rejeitar os direitos reprodutivos e sexuais, em especial o direito ao aborto e os direitos da população LGBTIQ+. Em segundo lugar, a ideologia implica a necessidade de criar inimigos para destruir. Os inimigos têm várias escalas, mas o mais global (e abstrato) é o comunismo. Quarenta anos depois de terem desaparecido, pelo menos no hemisfério ocidental, os regimes e partidos que defendiam a implantação de sociedades comunistas, este continua a ser o fantasma mais contraditoriamente abstracto e real. Para entender isso, é preciso levar em conta o terceiro pilar da ideologia de extrema-direita: a criação incessante e capilar no tecido social de uma realidade paralela, imune ao confronto com a realidade real, realizada pelas redes sociais e pelas religiões reacionárias (igrejas evangélicas neopentecostais e católicos antipapa Francisco) que facilmente ligam comunismo e aborto e assim instilam um medo abissal em populações indefesas,

A tentativa de golpe no Brasil é um alerta à navegação. Os democratas no Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos e, em última análise, no mundo inteiro devem levar esse alerta muito a sério. Se não o fizerem, amanhã os fascistas não vão simplesmente bater à porta. Eles certamente entrarão sem cerimônia para entrar.

Tradução de Antoni Aguiló e José Luis Exeni Rodríguez

Nota do editor de Outras Notícias: Devido à delicada situação do Brasil, imediatamente transmitimos antes do serviço habitual do nosso serviço distribuído nas tardes, esta interessante análise do professor das universidades de Coimbra (Portugal) e Wisconsin- Madison (EUA), Boaventura de Sousa Santos recebeu esta manhã.

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*acadêmico português. Doutor em Sociologia, Professor Catedrático da Faculdade de Economia e Diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (Portugal). Distinguished Professor na University of Wisconsin-Madison (EUA) e em vários estabelecimentos acadêmicos ao redor do mundo. É um dos mais importantes cientistas sociais e pesquisadores do mundo na área de sociologia jurídica e um dos principais facilitadores do Fórum Social Mundial. Artigo enviado para OtherNews pelo autor em 23/01/10.

Calendário acadêmico 2023 - IFCE/Campus Fortaleza.

 

O semestre letivo de 2023.1 está perto de seu início. O calendário já está disponível e as aulas da graduação e dos cursos técnicos começam dia 06 de fevereiro. Principais atividades previstas para o início de 2023 (em destaque feriados/recessos escolares):

  • De 30/1 a 3/2: Semana Zero para Ingressantes dos Cursos Técnico Integrados 2023.1 
  • Dia 6: Início das Aulas do Semestre Letivo 2023.1 
  • Dia 6: Recepção Técnicos Integrados / Técnicos Subsequentes e Ensino Superior. 
  • Dia 6: Início do Prazo para Entrega do Relatório Individual de Trabalho (rit) Referente Ao Semestre Letivo 2022.2 
  • Dia 6: Início do Prazo para Entrega do Plano Individual de Trabalho (pit) Referente Ao Semestre Letivo 2023.1 (para os professores)
  • Dia 6: Início das Solicitações de Trancamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Veteranos (30 Dias) 
  • Dia 6: Início das Solicitações de Aproveitamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Novatos (10 Dias Letivos) 
  • Dia 6: Início das Solicitações de Aproveitamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Veteranos (30 Dias) 
  • Dia 6: Início das Solicitações de Validação de Conhecimentos para o Semestre Letivo 2023.1 (30 Dias) 
  • Dia 6: Início das Solicitações de Reingresso e Reabertura de Matrícula para o Semestre Letivo 2023.2
  • De 6/2 a 10/2: Confirmação de Matrícula Junto às Coordenações, para os Alunos Ingressantes Semestre Letivo de 2023.1
  • De 6/2 a 10/2: Ajuste de Matrícula nas Disciplinas de Educação Física para o Semestre Letivo de 2023.1 (caef)
  • Dia 17: Final das Solicitações de Aproveitamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Novatos (10 Dias Letivos)
  • De 20/2 a 22/2: Carnaval (recesso Escolar) 
  • De 27/2 a 3/3: Reunião com os Pais de Alunos dos Cursos Técnicos Integrados - Conforme Cronograma da Coordenação de Curso. 
  • Dia 7: Fim do Prazo para Entrega do Relatório Individual de Trabalho (rit) Referente Ao Semestre Letivo 2022.2 (para os professores)
  • Dia 7: Final das Solicitações de Trancamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Veteranos (30 Dias) 
  • Dia 7: Final das Solicitações de Aproveitamento de Componente Curricular para o Semestre Letivo 2023.1 para Alunos Veteranos (30 Dias) 
  • Dia 7: Final das Solicitações de Validação de Conhecimentos para o Semestre Letivo 2023.1 (30 Dias) 
  • Dia 9: Solenidade de Colação de Grau dos Concludentes dos Cursos Técnicos e Superiores do Semestre Letivo de 2022.2 
  • Dia 19/3: Feriado Estadual - Dia de São José 
  • Dia 25: Feriado Estadual - Data Magna do Estado do Ceará.

*** Calendários completos aqui.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Seguir a lei e a ordem públicas é um mandamento



A Seção 134 de Doutrina e Convênios, uma obra padrão de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, fala sobre governos e como os seus fiéis devem agir em relação ao governo estabelecido. O preâmbulo desta seção diz:

Declaração de crença relativa a governos e leis em geral, adotada por unanimidade de votos na assembleia geral da Igreja, realizada em Kirtland, Ohio, em 17 de agosto de 1835. Muitos santos reuniram-se para examinar o conteúdo proposto para a primeira edição de Doutrina e Convênios. Naquela ocasião, deu-se o seguinte preâmbulo a esta declaração: “Para que nossa crença com respeito aos governos da Terra e às leis em geral não seja interpretada nem compreendida erroneamente, achamos conveniente apresentar, ao final deste volume, nossa opinião concernente ao assunto.”

Os primeiros versículos (os destaques são meus) dizem:

1 Nós cremos que os governos foram instituídos por Deus em benefício do homem; e que ele considera os homens responsáveis por seus atos em relação aos mesmos, tanto na formulação de leis como em sua execução, para o bem e segurança da sociedade.

2 Cremos que nenhum governo pode existir em paz a não ser que tais leis sejam feitas e mantidas invioladas, de modo a garantir a todo indivíduo o livre exercício de consciência, o direito e domínio de propriedade e a proteção da vida.

3 Cremos que todos os governos requerem necessariamente representantes e magistrados civis para executar suas leis; e devem-se procurar e apoiar pessoas para administrar a lei com equidade e justiça, pela voz do povo, caso se trate de uma república, ou pela vontade do soberano.

4 Cremos que a religião foi instituída por Deus; e que os homens são responsáveis perante ele e somente ele, por seu exercício, a menos que suas opiniões religiosas os levem a infringir os direitos e a liberdade de outrem; não cremos, porém, que as leis humanas tenham o direito de interferir na prescrição de regras de adoração para oprimir a consciência dos homens nem de ditar formas de devoção pública ou particular; cremos que o magistrado civil deve reprimir o crime, mas jamais controlar consciências; deve castigar delitos, mas nunca suprimir a liberdade da alma.

5 Cremos que todos os homens têm a responsabilidade de suster e apoiar o governo do lugar em que residem, desde que protegidos em seus direitos inerentes e inalienáveis pelas leis de tal governo; e que o motim e a rebelião são inadequados a todo cidadão assim protegido e devem ser punidos convenientemente; e que todos os governos têm o direito de estabelecer leis que, a seu ver, sejam mais adequadas para assegurar os interesses públicos; ao mesmo tempo, contudo, mantendo sagrada a liberdade de consciência.

6 Cremos que todo homem deve ser respeitado em sua posição, governantes e magistrados como tais, sendo nomeados para proteção dos inocentes e punição dos culpados; e que todos os homens devem respeito e deferência às leis visto que, sem elas, a paz e a harmonia seriam suplantadas pela anarquia e pelo terror; as leis humanas foram instituídas com o propósito expresso de regular nossos interesses como indivíduos e nações, entre um homem e outro; e as leis divinas foram dadas pelo céu, para prescrever regras sobre assuntos espirituais, para fé e adoração, devendo o homem dar contas de ambas a seu Criador.

7 Cremos que governantes, estados e governos têm o direito e a responsabilidade de promulgar leis para a proteção de todos os cidadãos no livre exercício de suas crenças religiosas; mas não cremos terem eles o direito, por justiça, de privar os cidadãos desse privilégio nem de rejeitá-los por suas opiniões, enquanto mostrarem consideração e reverência pelas leis e suas opiniões religiosas não incentivarem motins nem conspirações.

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Comentário breve: acredito que a destruição de patrimônio público, a rebelião e o desprezo ao resultado das eleições são atitudes reprováveis e sem qualquer respaldo religioso. 


domingo, 8 de janeiro de 2023

Cristãos pela Democracia - Nota de Repúdio.



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Não podemos tolerar o intolerável. 


NOTA DE REPÚDIO AOS ATOS TERRORISTAS E ANTIDEMOCRÁTICOS

 


Os reitores das Instituições Federais Cearenses (IFCE, UFCA) em conjunto com os reitores das Universidades Estaduais Cearenses (UECE, URCA, UVA), vêm, por meio desta nota, afirmar sua indignação, e manifestar repúdio à ação terrorista ocorrida hoje, dia 08/01/2023, em Brasília.

Ao longo da história de nossa curta redemocratização, os pleitos eleitorais – marcados por vencedores e derrotados nas urnas – têm acontecido de forma ordeira, fortalecendo a democracia nacional.

No entanto, o último processo eleitoral, ocorrido no segundo semestre de 2022, foi marcado por questionamentos infundados contra o Sistema Eleitoral Brasileiro, desferidos por grupos antidemocráticos, de caráter protofascista. Negando a legitimidade do pleito, recusaram-se a aceitar a vitória do Presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva.

Todavia, comprovando a lisura do processo eleitoral brasileiro (devidamente auditado), as mais distintas instituições e organismos nacionais e internacionais comprovaram a legitimidade e confiabilidade do pleito. As eleições de 2022 atestam que a democracia brasileira prevaleceu contra o autoritarismo e a barbárie.

Respeitar a vontade do povo, que manifestou-se democraticamente nas eleições de 2022, bem como os resultados das urnas, é obrigação de todas as brasileiras e brasileiros.

As instituições federais de ensino e as universidades estaduais do Ceará repudiam veementemente os gravíssimos atos terroristas, antidemocráticos, bárbaros e criminosos que ocorrem hoje, dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

Diante da gravíssima situação que se abate sobre nossa democracia, nos unimos a todos os(as) brasileiros(as) e instituições democráticas, clamando e exigindo que os envolvidos em tal ato terrorista e de vandalismo sejam responsabilizados e punidos com o devido rigor da lei.

A ordem democrática está sendo afrontada! Os sonhos de uma Nação unida estão sendo ameaçados! Devemos nos manter firmes e intransigentes em defesa do Estado Nacional de Direito.

Atenciosamente.

  • José Wally Mendonça Menezes – Reitor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) 
  • Ricardo Luiz Lange Ness – Reitor da Universidade Federal do Cariri (UFCA) 
  • Hidelbrando dos Santos Soares – Reitor da Universidade Estadual do Ceará (UECE) 
  • Izabelle Mont’Alverne Napoleão Albuquerque – Reitora da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) 
  • Francisco do O’de Lima Júnior - Reitor da Universidade Regional do Cariri (URCA)