Xilogravura por Ambrosius Holbein de uma edição de 1518 de Utopia. Fonte aqui. |
Thomas More, Thomas Morus ou Tomás Moro nasceu em Londres, 7 de fevereiro de 1478, faleceu em 6 de julho de 1535 na mesma cidade. Foi filósofo, homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Sua principal obra literária é Utopia. O termo "utopia" foi criado por Morus.
Thomas More chegou a se autodescrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Casou-se com Jane Colt em 1505, em primeiras núpcias, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1511 e Thomas More casou-se em segundas núpcias com lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. Dele se disse que era amigo de seus amigos, entre os quais se encontravam os mais destacados humanistas de seu tempo, como Erasmo de Rotterdam e Luis Vives.
Condenado à pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja e à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário do Estado. Foi canonizado como mártir da Igreja Católica em 19 de maio de 1935 e sua festa litúrgica celebra-se em 22 de junho. É curioso saber que ele também foi cultuado pela Revolução Russa. Os revolucionários russos erigiram uma estátua em homenagem às suas ideias socialistas de sua Utopia.
Thomas More por Hans Holbein, o Jovem (1527). |
O pequeno livro "Utopia - Tratado da melhor forma de governo" demorou cerca de um ano para ser redigido, um tempo muito maior que ele pensava que seria necessário inicialmente. Ele deu a seguinte "desculpa" para seu amigo e editor Pierre Gilles: pouco tempo livre. Segundo escreve ao amigo Gilles: "Tenho que advogar, ouvir pleiteantes, pronunciar preceitos e julgamentos, receber uns por conta de minha profissão, outros por conta de minhas incumbências. Passo toda a jornada na rua, ocupado com os outros. Dou aos familiares o resto de meu tempo. O que sobra para mim, isto é, para cartas, é pouco mais que nada."
O livro de Thomas Morus foi publicado em latim, em 1516, com o título "De optimo reipublicae statu decque nova insula Utopia". Utopia é uma palavra grega que significa "lugar nenhum". Depois de revisto por Morus, foi impresso em Basileia em novembro de 1518. Na Inglaterra, a obra só viria a ser publicada em 1551, dezesseis anos após a execução de Morus. Divide-se em dois livros: no primeiro, existe uma crítica à Inglaterra da época em que o autor vivia; no segundo, apresenta uma sociedade alternativa. O personagem principal é Rafael Hitlodeu, que narra sua viagem a Utopia e descreve a sociedade que viu. Um pequeno trecho do livro:
"Eles detestam a guerra em grau supremo, como coisa absolutamente bestial - ainda que nenhum animal feroz se entregue a isso de maneira tão permanente quanto o homem -, e, contrariamente à opinião de quase todos os povos, consideram que nada é menos glorioso que a glória dada pela guerra". -
Uma postagem mais completa sobre esse tema aqui.