terça-feira, 26 de novembro de 2019

Abraham Weintraub: procurando e conseguindo confusão

Fonte aqui.
Ser um gertor público não é uma tarefa fácil no Brasil, mas alguns se esmeram em arrumar confusão e inimigos. O senhor ministro Abraham Weintraub da pasta de Educação é um especialista nesse assunto de conseguir fazer confusão e angariar inimigos. Antes de comentar e compartilhar uma nota oficial da Andifes, vamos ver o que foi noticiado:
  • Casos de drogas citados por Weintraub não têm elo com universidades federais. Episódios em MG e DF não corroboram acusação de ministro sobre produção extensiva de drogas. Fonte aqui.
  • Ministro da Educação diz que universidades federais plantam maconha. Abraham Weintraub afirmou a jornal que há no campus "laboratórios de droga sintética, de metanfetaminas" porque a polícia não pode entrar no local. Fonte aqui.
Acredito que o senhor ministro Abraham Weintraub tem alguma noção do que seja pura especulação e que seja um fato comprovado. Então, ele foi, provavelmente, tendencioso e pouco crítico ao difamar o nome de duas instituições federais de grande prestígio nacional sem ter uma sustenção em provas críveis. Acusar uma pessoa ou instituição com "provas" tão fracas é um erro grave. E isso pode ter um alto custo político para ele:
  • Reitores pretendem processar o ministro da Educação por declarações. Titular da pasta acusou instituições de “plantar maconha”; Weintraub apagou cargo do Twitter, e gerou boatos, mas Bolsonaro nega troca. Fonte aqui.
  • Professores processam Weintraub no STF por espalhar fake news sobre plantações de maconha nas universidades. Fonte aqui.
Na sexta-feira passada, dia 22/11, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), publicou uma Nota Pública a respeito das declarações feitas pelo Ministro da Educação, Abraham Weintraub sobre universidades públicas federais possuírem “plantações extensivas de maconha” e “laboratórios de química” que se transformaram em usinas de fabricação de drogas sintéticas, como metanfetamina (fonte aqui).

Nota na íntegra:

O ministro da educação do Brasil, Abraham Weintraub, parece nutrir ódio pelas universidades federais brasileiras. Afinal, as instituições das quais deveria cuidar, cabendo ao Ministério estruturar e aperfeiçoar, são a todo o momento objeto dos ataques de sua retórica agressiva. Todos já vimos tal agressividade ser dirigida, por exemplo, contra estudantes (sobretudo as suas lideranças), contra professores — tratados como marajás, “zebras gordas” — e mesmo contra gestores (sobretudo gestoras), como se fossem adversários. Vemos ser desvalorizada a produtividade das nossas instituições e serem atacadas, em particular, as áreas pertencentes às humanidades. E, a todo o momento, números são chamados a servir à imagem distorcida de que as universidades são excessivamente caras e que, portanto, deveriam sofrer ainda mais restrições orçamentárias. Já o vimos, enfim, classificar as universidades federais como o lugar da “balbúrdia”, invocando outrora essa razão para um bloqueio orçamentário.
Entretanto, em vídeo recentíssimo, o Ministro Abraham Weintraub ultrapassa todas as fronteiras que devem limitar, sobretudo, os atos de um gestor público do alto escalão da República. Sem fazer quaisquer mediações, afirma que as Universidades Federais são “madraças de doutrinação”, ofendendo a um só tempo toda a comunidade acadêmica e a fé muçulmana; afirma ademais que foi criada uma “falácia” segundo a qual as universidades federais precisam ter autonomia, ignorando que essa “falácia” na verdade é mandamento previsto na Constituição brasileira (art. 207) e que um ministro de Estado atentar contra ela constitui crime de responsabilidade (art. 4º, “caput”, c/c art. 13, I, Lei 1.079/50); e afirma, ultrapassando todos os limites, que algumas universidades federais têm “plantações extensivas de maconha” com o uso até instrumentos tecnológicos para seu cultivo, além de afirmar que “laboratórios de química” das universidades se transformaram em usinas de fabricação de drogas sintéticas, como metanfetamina. Enfim, estende essa suspeição a todas as instituições, pois, segundo ele, “cada enxadada é uma minhoca”.
Se o Sr. Ministro da Educação busca, mais uma vez, fazer tais acusações para detratar e ofender as universidades federais perante a opinião pública, mimetizando-as com organizações criminosas, ele ultrapassa todos os limites da ética pública, indo aliás muito além até de limites que já não respeitava. Nesse caso, o absurdo não tem precedentes. De outro lado, se o Sr. Ministro, enquanto autoridade pública, efetivamente sabe de fatos concretos, sem todavia apontar e denunciar às autoridades competentes de modo específico onde e como ocorrem, preferindo antes usá-los como instrumento de difamação genérica contra todas as universidades federais brasileiras, poderá estar cometendo crime de prevaricação. Assim, diante dessas declarações desconcertantes, a Andifes está tomando as providências jurídicas cabíveis para apurar eventual cometimento de crime de responsabilidade, improbidade, difamação ou prevaricação.
A Andifes reitera, na contramão da retórica do Sr. Ministro da Educação, aquilo que todos os indicadores e rankings nacionais ou internacionais, públicos ou privados, demonstram de modo inequívoco: as universidades públicas são o berço da produção da ciência e tecnologia do nosso país, são essenciais à soberania nacional, ao desenvolvimento econômico e à formação das nossas futuras gerações. São, enfim, um verdadeiro patrimônio do povo brasileiro, que precisa ser valorizado, cuidado e incentivado.
Diretoria da Andifes
(Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior)

2 comentários:

  1. Excelente texto e que nos deixa muito preocupado sobre o futuro da educação no país, visto observarmos essa pasta tão importante para a nação ter a frente uma pessoa sem a mínima condição de asministra-la...

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    1. Para ser ministro do atual governo basta ser discípulo de Olavo de Carvalho e ser adepto do "pensamento" do Bolsonaro

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