Figura original – By NASA - NASA, Public Domain, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=245432 |
Nosso artigo publicado no jornal O Povo na edição de ontem* (ver aqui):
Vivemos em um lugar único no Universo. Em todo o Universo, ainda não encontramos nada que seja remotamente semelhante ao nosso planeta Terra. No final da missão da sonda espacial Voyager 1 em Saturno, em fevereiro de 1990, a pedido do astrônomo e escritor Carl Sagan (1934 - 1996), a sonda foi posicionada para tirar uma fotografia da Terra. Daquela imensa distância, mais de 6 bilhões de quilômetros, nosso planeta seria visto apenas como um pixel na imagem, um ponto azul em meio a milhares de estrelas. Observando esse pálido ponto azulado na imagem, Carl Sagan escreveu:
"É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, "superastros", "líderes supremos", todos os santos e pecadores da história de nossa espécie, ali - num grão de poeira suspenso num raio de sol."Desse conhecido e belo trecho de Sagan destacaremos dois pontos: o cuidado com o nosso planeta Terra e o cuidado com o nosso semelhante. Todos nós, em maior ou menor grau, somos responsáveis por manter este nosso precioso mundo e a paz e a solidariedade entre os povos. Infelizmente, estamos falhando em ambas as tarefas.
A Terra é o berço da humanidade e permaneceremos neste berço muitos séculos ainda. Não conseguimos imaginar uma parcela significativa da humanidade morando em outro lugar, seja a Lua ou Marte. E para continuarmos morando aqui devemos tratar melhor o nosso meio ambiente, a natureza e os demais seres que compartilha esse mundo. Não é isso que estamos fazendo. Esgotamos os recursos naturais numa taxa que a Natureza não consegue repor. Poluímos o ar, o mar e a terra com os rejeitos de nossas indústrias, com graves consequências para nós mesmos e para os seres vivos que compartilham conosco esse mundo. Não temos um planeta B para ir quando este não estiver mais nos suportando.
O trato com o nosso semelhante também é, muitas vezes, sofrível ou inaceitável. Guerras ainda acontecem o tempo todo espalhadas pelo mundo. Ainda não aprendemos a conviver com as diferenças e com aqueles que seguem outras tradições e culturas. Muitas vezes, opiniões políticas ou sentimentos religiosos diversos dos nossos são suficientes para gerar atritos que desabam em lutas fratricidas e no derramamento de sangue inocente. Esquecemos que somos todos irmãos, filhos da mesma Terra e que compartilhamos os mesmos recursos e o mesmo destino. Precisamos aprender a respeitar mais o outro, o diferente, e desenvolver um sentimento de admiração pelos que são estranhos ou estrangeiros, pois essa variedade traz mais cor e pode deixar nossas vidas mais ricas e significativas.
Uma maior educação, tanto formal quanto informal, nas escolas e nas famílias pode ajudar a alcançar esse duplo e importante objetivo. Devemos aprender a respeitar mais o nosso planeta e os seres que aqui vivem. É necessário gastar menos, reciclar mais. Devemos olhar além do nosso próprio umbigo e dos nossos desejos egoístas. Precisamos amar nossos semelhantes, ter apreço pelo espaço do outro e fazer com a justiça chegue aos lugares mais distantes para que a paz tenha uma chance real de chegar a todos. Sem isso, estaremos condenando este pálido ponto azul a se tornar uma mancha cinza, triste e sem a possibilidade de ser um suporte à vida de todos os seres que aqui existem. É uma grande responsabilidade que está em nossas mãos.
* No jornal, o título ficou resumido a "Nossa Terra", mais o subtítulo: O que é nossa casa? Um pálido ponto azul na imensidão do Cosmo.