quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Fuga de cérebros e um abaixo-assinado em defesa do CNPq


A "fuga de cérebros" (ou brain drain em inglês) não é uma coisa recente ou inédita. Em todos os lugares que houve restrições da liberdade de pensar ou em que as condições econômicas ficaram muito ruins, pessoas bem qualificadas procuraram lugares melhores para viver e trabalhar. Estamos passando por um momento desses aqui no Brasil. A falta de recursos para financiar a pesquisa e o pagamento de bolsas no Brasil é um fator importante nesse processo. Aparentemente, o governo federal não está nem um pouco preocupado com isso. Na verdade, parece que o objetivo é destruir décadas de crescimento da ciência praticada no Brasil. Estamos vivendo um período obscurantista. Triste.

SBPC lança abaixo-assinado em defesa do CNPq

A petição tem apoio de mais de 60 entidades científicas e alerta que a partir de setembro mais de 80 mil pesquisadores terão suas bolsas de estudos cortadas caso o governo não recomponha o orçamento previsto para a agência em 2019 e nem libere crédito suplementar de R$ 330 milhões. Assine e compartilhe! 
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), juntamente a outras 65 entidades científicas e acadêmicas, lançou nesta terça-feira, 13 de agosto, uma petição online em defesa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq).
O abaixo-assinado alerta para a situação crítica em que se encontra a agência, em risco iminente de cortar o financiamento das bolsas de estudos de mais de 80 mil pesquisadores em todo o País e no exterior. Segundo o texto, o governo precisa urgentemente recompor o orçamento do CNPq aprovado para 2019, com um aporte suplementar de recursos da ordem de R$ 330 milhões para que a agência possa cumprir seus compromissos deste ano. A petição conclama as instâncias decisórias do Executivo e do Legislativo Federal a reverterem imediatamente este quadro crítico de desmonte do CNPq e a colocarem também, no Orçamento de 2020, os recursos necessários ao funcionamento pleno do CNPq.
“A nação não pode perder este patrimônio construído ao longo de décadas pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira”, afirmam as entidades no manifesto.
A petição online está disponível neste link. Conclamamos todos a assinarem e compartilharem em suas redes de contatos. Quanto mais adesão, mais força a petição terá.
* Fonte aqui.

Fuga de cérebros é realidade, diz presidente da Academia Brasileira de Ciências

Cientistas vão em busca de insumos e equipamentos para os quais o governo brasileiro tem empenhado cada vez menos recursos nos últimos anos, afirma Luiz Davidovich
Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), o físico Luiz Davidovich tem assinado cada vez mais cartas de recomendação para pesquisadores que deixam o Brasil. Aves raras na academia, esses doutores não querem salários altos. Procuram, na verdade, insumos e equipamentos para os quais o governo brasileiro tem empenhado cada vez menos recursos nos últimos anos.
O êxodo de cientistas, para Davidovich, é a ferida mais exposta do sistema de ciência e tecnologia (C&T) do país, que se agravou no governo Jair Bolsonaro e seus contingenciamentos, ausência de projeto tecnológico e negação da ciência.
“A fuga de cérebros é muito concreta e dolorosa para mim”, diz Davidovich. Recentemente ele viu quatro colegas concursados abandonarem seus cargos para tocar trabalhos em Austrália, Holanda, Portugal e Chile. “Três vão para universidades estrangeiras, outro vai para uma empresa australiana de computação quântica, mas aprendeu tudo aqui”, diz.


Obs: essa "fuga de cérebros" não ocorre somente entre cientista ou pesquisadores acadêmicos, muitos que trabalham na área de tecnologia digital (engenheiros de software, programadores, analistas de dados, profissionais de marketing digital) também estão nessa trilha. Ver, por exemplo, aqui.

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