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Imagem puramente fantasiosa (fonte aqui). |
Tecnologia,
comunicação e terraplanismo.
O serviço de correio
mais veloz que existiu da Antiguidade ao início da Idade
Contemporânea era formado por homens montados em cavalos ou
carruagens puxadas por animais. Dessa forma, documentos importantes
poderiam demorar dias de viagem entre uma cidade e outra por caminhos
muitas vezes perigosos. A comunicação não era instantânea como é
em nossos dias. Essa forma de comunicação foi abandonada com o
surgimento de uma nova tecnologia: o telégrafo. Hoje
nos parece natural ligar o celular (um nome mais “correto”:
smartphone) e conversar com algum amigo que está literalmente
do outro lado do mundo. Podemos até pensar que esse é um exemplo
milagre da era moderna, mas, na verdade, é o resultado de muitos
esforços e séculos de desenvolvimentos científicos e tecnológicos.
Entretanto, talvez em
reação a esse mundo cada vez mais tecnológico, algumas pessoas
parecem acreditar que a Terra não é uma (quase) esfera, que as
vacinas são prejudiciais à saúde e causam doenças em crianças ou
que o mundo tem apenas uns 10 mil anos de existência. E não são
pessoas analfabetas ou sem cultura que pensam dessa forma.
Por exemplo,
recentemente foi noticiada uma pesquisa que afirma que 7% dos
brasileiros são “terraplanistas”, isto é, acreditam que a Terra
não é um globo, mas se assemelha a uma “pizza” (ver noticia aqui). A ideia de que
a Terra é plana ou um disco chato remonta às sociedades
pré-científicas. Por exemplo, os antigos egípcios e os povos da
mesopotâmia daquela época remota imaginavam que a Terra era um
imenso disco flutuando sobre um oceano.
O filósofo Aristóteles
foi um dos primeiros a apontar evidências de uma Terra redonda (por
volta de 300 a.C.) e o polímata grego Eratóstenes talvez tenha sido
o primeiro a medir com relativa exatidão a circunferência da Terra
usando princípios geométricos básicos e um pouco de geografia em
240 a.C. As grandes navegações (Colombo, Cabral, Fernão de
Magalhães) também evidenciaram que a Terra tem o formato de uma
esfera. Naturalmente, essas evidências “antigas” não são
suficientes para convencer aqueles que acreditam em uma “Terra
Plana”.
E quanto às novas
evidências? Já foram tiradas milhões de fotografias da Terra vista
do espaço, os satélites artificiais giram em torno do centro da
Terra, o que não seria possível se a Terra fosse plana. Se a Terra
fosse plana não existiriam os fusos horários, pois o Sol iria
brilhar de forma praticamente igual em toda parte. Bom, parece que
alguns argumentam que todas essas provas não passam de mentiras e
imaginam alguma “teoria da conspiração” orquestrada pela Nasa.
Naturalmente, a Terra é uma esfera e isso não é uma questão de
opinião ou gosto pessoal.
Talvez seja uma falha
da nossa escola e da educação formal, especialmente das disciplinas
de física e geografia, o motivo de tantas pessoas (7% não é um
número desprezível) acreditarem nessa bobagem de “Terra plana”.
Espero que esse número seja composto principalmente por pessoas
fazendo algum tipo de “protesto” ou apenas “brincando” na
hora de responder a pesquisa.
Para que esse
contingente de pessoas não cresça ainda mais (existe muita
desinformação circulando livremente na internet) devemos
reforçar nosso ensino, com mais capacitação, valorização e
melhor formação para os professores, mais recursos didáticos para
sala de aula e para os laboratórios e melhores estratégias de
ensino. Usar um globo terrestre e uma fonte de luz para simular o Sol
pode ajudar muito na hora de ensinar sobre os fusos horário, por
exemplo. A chave para romper com as trevas da ignorância são os
estudos e uma boa educação. Não sei se o governo atual realmente tem essa preocupação.