Uma estrela de baixa massa pode ter o diâmetro menor que um planeta gigante. Figura: fonte aqui. |
Nosso artigo publicado no jornal O Povo desta segunda-feira* (link aqui):
A Astronomia é uma ciência milenar, nasceu junto com as primeiras civilizações e com o surgimento da agricultura e da percepção dos ciclos repetitivos da natureza. No início, astronomia e astrologia caminhavam juntas. Os primeiros astrônomos eram, em geral, também magos e conselheiros dos reis que buscavam prever o futuro pela observação atenta do céu e dos fenômenos celestes. Um dos últimos astrônomos/astrólogos foi matemático alemão Johannes Kepler (1571 - 1630) que descobriu as leis dos movimentos planetários e que o planeta Marte gira em torno do Sol em uma órbita elíptica. Com a descoberta dessas leis celestes e do nascimento da Física com Galileu e Isaac Newton, para citar apenas os cientistas mais famosos, começou a ocorrer uma separação mais nítida entre astronomia e astrologia.
A Astronomia é hoje uma ciência com várias ramificações (astrobiologia, cosmologia, astrofísica, ciência planetária, etc), profundamente relacionada com a Física, Matemática, Química e até Biologia. Para termos uma noção melhor da importância da Astronomia, basta citar que em pelo menos sete ocasiões o Prêmio Nobel de Física esteve diretamente relacionado com descobertas nesse campo de pesquisa (exemplos: “descoberta da expansão acelerada do universo mediante observações de supernovas distantes” – Nobel de Física de 2011, e “pela descoberta da forma de corpos negros e da anisotropia da radiação cósmica de fundo" – Nobel de Física de 2006).
A busca por explicações de como o Universo funciona têm levado os cientistas a descobertas surpreendentes que estimulam a nossa criatividade e novas formas de pensar nosso mundo. À medida que nos aprofundamos no estudo da astronomia e mais descobertas são feitas com o uso de instrumentos cada vez mais sensíveis conseguimos ter uma noção melhor do nosso lugar no Cosmos. As distâncias entre os astros são imensas. A Lua, o corpo celeste mais próximo de nós, está, em média, a 380.000 km de distância. Se fosse possível um jato comercial viajar da Terra à Lua em linha reta, ele levaria quase 16 dias para concluir essa viagem. As distâncias entre nós e as estrelas são muitos maiores. Por isso, as distâncias astronômicas são medidas em anos-luz. Uma ano-luz é a distância percorrida por um raio de luz viajando (300.000 km/s) durante um ano é cerca de $9,461 \times 10^{12}$ km.
Quando olhamos para o céu noturno, sem nuvens e longe das luzes das cidades, conseguimos visualizar cerca de umas 4.500 estrelas. Aqueles pontos de luz são sóis, quase todas as estrelas que conseguimos ver são sóis muito maiores e mais brilhantes que o nosso Sol que é a estrela mais próxima de nós. Por estarem a uma distância muito grande, elas parecem como pontos de luz. Algumas estrelas, entretanto, são bem menores e menos luminosas que o Sol. Nós não conseguimos ver a olho nu essas estrelas de baixa massa e pequena luminosidade, somente com o uso de grandes telescópios. As menores estrelas conhecidas têm uma massa de apenas uns 7% da massa do Sol e brilham com uma luz vermelho escuro. O raio dessas estrelas pode ser até menor que o raio do planeta Júpiter, o maior plante do Sistema Solar. Ou seja, uma estrela menor (em termos de tamanho) que um planeta! Mas não se engane, mesmo com esse tamanho pequeno, essas estrelas “anãs” têm uma massa cerca de 75 vezes maiores que a do planeta gigante do Sistema Solar.
As estrelas anãs vermelhas são estrelas de “verdade”. Elas queimam hidrogênio (reação próton-próton) em seu núcleo, mas de forma tão lenta que podem durar centenas de bilhões de anos, até mesmo um trilhão de anos! Mesmo sendo tão “pequenas”, muitas dessas estrelas anãs vermelhas possuem planetas à sua volta, formando sistemas semelhantes ao Sistema Solar. Não é impossível que exista vida em desses planetas, mas isso é assunto para outro artigo.
* O título original foi alterado n'O Povo. Fiz uma pequena correção no texto desta postagem.
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