quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sendo um pouco politicamente incorreto


Ontem (terça-feira) devolvi um livro na Biblioteca Pública do Paraná (sim, já tenho a carteirinha da biblioteca, onde eu também jogo xadrez) e peguei o Guia Politicamente Incorreto da Filosofia de Luiz F. Pondé (Lattes dele aqui e uma biografia aqui). Terminei de ler o livro hoje no início da noite, leitura fácil, frio e dia chuvoso ajudaram (estou em Curitiba). Nem o jogo Brasil x México atrapalhou a leitura, quando acontecia alguma coisa boa no campo, eu fazia uma pausa na leitura (será isso algo politicamente incorreto de dizer?) e depois voltava ao livro.

A tônica da leitura é a ironia e, contrariando a minha expectativa inicial, o livro não é uma "introdução" à filosofia.  São vários ensaios curtos que tratam de combater o PC - politicamente correto. Ao longo do texto, claro, aparecem vários filósofos e alguns escritores bem conhecidos, alguns apontados como os pais do PC. Ironicamente, acabei me reconhecendo como uma "vítima" do PC, embora eu ache que mudar o meu "estilo" ou "comportamento" seja uma coisa pouco provável de acontecer.

O livro é cheio de frases de efeito, obviamente nem um pouco PC, mas fazem pensar um pouco (embora o autor garanta que eu não tenha essa capacidade desenvolvida). Ou ver com lentes menos rosadas a realidade humana. Então, vejamos alguns dos títulos desses ensaios e frases.

Introdução
O futuro do mundo é ser brega. Isso é um fato, apesar de ser um pecado mortal afirmá-lo.
Uma mentira moral é sempre uma hipocrisia.

Contra a covardia
A sensibilidade democrática odeia esta verdade: os homens não são iguais, e os poucos melhores sempre carregam a humanidade nas costas.
O politicamente correto hoje é muito amplo como fenômeno, mas sempre é autoritário na sua essência, porque supõe estar salvando o mundo.

Alguns poucos homens são melhores do que a maioria
Outra coisa que o politicamente correto detesta numa posição como a maquiaveliana é seu desprezo por qualquer forma de idealização do ser humano.
Ao buscar destruir as "injustiças sociais", o mundo descrito por Rand [Ayn Rand] destrói a produtividade, fonte de toda a vida, paralisando o mundo.

A mediocridade anda em bando, e a democracia ama os medíocres
O "povo" é sempre opressor, Rousseau e Marx são dois mentirosos. Mesmo na Bíblia, quando os profetas de Israel criticavam os poderosos, também criticavam o "povo", que nunca foi herói de nada.
O politicamente correto é um caso clássico de censura à liberdade de pensamento, por isso, sob ele, o pensamento público fica pobre e repetitivo, por isso medíocre e covarde.
Daí que, no lugar do conhecimento, a democracia criou a opinião pública.


O mundo do intelecto é uma moradia que tem muitas casas, e quase todas tomadas por canalhas

Sou professor e gosto de dar aula, coisa rara na área. Na maioria dos casos, professores de universidade (ou não) são pessoas que, além de não gostar dos alunos, têm uma inteligência mediana e foram, quando jovens, alunos medíocres, que fizeram ciências humanas porque sempre foi fácil entrar na faculdade em cursos de ciências humanas.
Não apenas as universidades, mas também a mídia é povoada por pessoas que afirmam o que a maioria quer ouvir, porque isso garante adesões e reduz riscos de confronto.
E muitas outras ... 

Um comentário:

  1. Particularmente a opinião sobre a democracia foi bem correta, mesmo que nesse trecho não pareceu tão bem justificado. O Hans Hermman-Hoppe tem um excelente livro sobre o tópico chamado Democracia: O Deus que Falhou, que eu tenho e aconselho. No fim, mesmo que eu particularmente seja um anarcocapitalista e acredite somente em um governo voluntário, fui convencido por minhas leituras que o governo da maioria (democracia) passa longe de ser o melhor, e que muitas vezes governo dos melhores (aristocracia) é até melhor. De qualquer forma, são tópicos interessantes nos intervalos de meus estudos sobre ciência de dados e aprendizado de máquina. Grande abraço!

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