sábado, 23 de fevereiro de 2013

Algumas verdades dolorosas ...

Macunaíma, no final das contas, é uma referência para cultura brasileira.
Nossa cultura, de forma geral, não estimula que as pessoas trabalhem além do estritamente necessário. Para que se esforçar além do que a lei manda (aliás, para quê obedecer uma lei quando se pode dar um jeitinho?)? Esse é um pensamento corrente. Isso faz parte de nossa herança cultural. Já era assim na época do Brasil-Colônia, era assim no Império, continuou na República. Como reflexo, a nossa vida acadêmica é meio anêmica e pouco produtiva. Para muitos, "passar" é suficiente. Notas boas para quê?

Claro, existem honrosas exceções, mas elas são poucas. Não são suficientes para fazer brilhar como deveria nosso (lento) progresso acadêmico. Uma prova? Podemos apontar várias: os nossos baixos indicadores de leitura (lemos muito pouco), o alto índice de analfabetos e de analfabetismo funcional, os poucos prêmios de prestígio que conseguimos, nossas universidades fora do ranking das melhores do mundo.

Nossa estrutura de ensino é ineficiente, alguns poderiam dizer que ela é arcaica. Em especial nos primeiros anos, justamente quando os prejuízos são potencialmente maiores. A evasão escolar e índices de reprovação são assustadores, isso em todos os níveis. No IFCE, os índices de evasão dos cursos superiores passam dos 30%. E o pior: comparando Universidades Brasil a fora, esse índice é “razoável”.

No ensino superior as coisas não são muito melhores. Poucos são aqueles que conseguem concluir os cursos dentro do prazo previsto, menos ainda são os que conseguem a proeza de não perderem nenhuma cadeira por reprovação. Como mudar esse quadro? São muitas as medidas: maior envolvimento da sociedade com a escola, maior cobrança sobre os nossos políticos, novas pedagogias (não teorias pedagógicas importadas que não refletem a nossa realidade e as nossas necessidades), professores mais comprometidos, melhores salários para os professores, especialmente os do ensino fundamental.

E, claro, o estudante teria também que fazer a sua parte: estudar de verdade e deixar um pouco de lado os prazeres imediatos. Algumas escolas teriam que encarar um desafio: aluno não é cliente! Professores teriam que estar mais bem preparados em sala de aula e nos laboratórios.

Contudo, isso tudo é bloqueado por uma barreira muito difícil de vencer: nossa herança cultural. Quantas décadas serão necessárias para superarmos a nossa indolência “natural"? Por quanto tempo ainda Macunaíma será nosso "herói"?. Enquanto isso, entre uma cena e outra do BBB, vamos discutindo crimes, corrupção e os baixos índices de desenvolvimento humano nos noticiários.

Para saber mais: aqui e aqui.

Um comentário:

  1. Precisamos sair um pouco da realidade para podermos notar a diferença entre culturas de paises diferentes e mesmo a estrutura de ensino.

    Incrível como aqui nos Estados Unidos a mentalidade de um aluno, mesmo que um freshman, é diferenciada da nossa no Brasil. É verdade que quando estamos no último semestre de repende a ficha cai e nós vamos correndo atrás do que foi deixado para trás, as vezes conseguimos, outras não.

    É verdade que aqui não é só um marde rosas mas não canso de admirar o profissionalismo dos professores e alunos em Montana State University.

    As aulas em geral constam de 50 minutos e é incrível como um professor chegar exatamente na hora, se não mais cedo, para ministra a aula. Não temos os famosos emprevistos com o projetor que não funciona, com o software que não esta instalado no computador, com uma reunião de outro emprego do professor, de ter que buscar a filha no meio da aula e tanto outros.

    Não canso de admirar mesmo os alunos que quando um homework esta marcado para ser entregue na quarta, na quarta eles deixam o homework na mesa do professor antes do mesmo chegar na sala de aula.

    Sei que precisamos melhorar, mudar muita coisa, mas não me canso de me perguntar, como fazer isso?

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