terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Chegando aos 55 anos: uma reflexão.

 


Acabei de completar 55 anos. Esse fato, por si só, nada tem de extraordinário – milhões de pessoas ao redor do mundo ultrapassam essa idade. Não sei se chegarei à lendária marca de 120 anos (Gênesis 6:3), mas, por mais improvável que pareça, não me sinto “velho” nem necessariamente “maduro”. Se estivéssemos vivendo no início do século XX ou na Idade Média, certamente eu seria considerado um “ancião” e estaria no final da minha carreira produtiva. A cada dia, o conceito de finitude se faz um pouco mais presente e, ao longo da minha jornada, perdi amigos e familiares que fizeram parte da minha jornada.

Ainda preciso exercitar a paciência diariamente para evitar “explodir” sem um motivo razoável (existe motivo razoável para 'explodir'?). Lembro que, aos 14 anos, quando ingressava no ensino médio na antiga Escola Técnica (hoje IFCE), eu me achava maduro – fruto de um orgulho que muitas vezes distorcia minha percepção de mim mesmo. Com o passar dos anos, aprendi a lidar melhor com esse sentimento, e acredito que hoje tenho uma visão mais equilibrada.

Ao longo dessas cinco décadas e meia, tive a oportunidade de fazer muitas escolhas. Algumas delas foram acertadas, trazendo mais alegrias do que preocupações para mim e para as pessoas que me são queridas; outras, foram menos felizes, mas igualmente ricas em ensinamentos. É fato que aprendemos muito mais com os erros do que com os acertos, mesmo que, por vezes, acabemos repetindo alguns deslizes. Esse processo, embora estressante, é uma forma de adquirir experiência e um pouco de sabedoria – afinal, não há atalhos para o amadurecimento.

Entre as decisões acertadas, destaco minhas escolhas profissionais. Devo muito à minha mãe e a um tio, que fizeram boas escolhas quando eu ainda era muito jovem para saber o que realmente desejava. Mesmo acompanhando minha mãe em suas tentativas de fazer o vestibular, eu não sabia qual curso técnico escolher no ensino médio. Dada a nossa situação econômica, optei pela ETFCe – já que cursar o ensino médio em uma escola particular seria um peso muito grande. Depois disso, o caminho se tornou relativamente mais fácil: bastou continuar estudando e aproveitar as oportunidades que surgiam aos poucos. Sempre contei com o apoio incondicional de minha mãe para seguir meus estudos, um ponto que merece ser enfatizado.

Após os três primeiros anos do curso técnico, consegui, em 1987 (com início letivo em 1988), ser aprovado nas duas universidades públicas existentes no Ceará naquela época: UFC – para Engenharia Elétrica, e UECE – para Ciência da Computação (a concorrência era acirrada). Concluí o curso técnico e, no final, optei por Engenharia Elétrica (com ênfase em Eletrônica). Seguindo nessa trajetória, concluí o mestrado (em 1998) e o doutorado (em 2008) em Engenharia Elétrica pela UFSC. No âmbito profissional, posso dizer que alcancei boa parte dos meus objetivos, mas aprendi que a vida é muito mais do que sucesso profissional e estabilidade financeira.

Ao longo desse percurso, aprendi algumas lições fundamentais:

 • Sempre vale a pena estudar;
 • As oportunidades surgirão, mas só nos beneficiarão se estivermos atentos e preparados;
 • O silêncio pode ser uma resposta poderosa em muitas situações;
 • É essencial valorizar o tempo com a família;
 • Não devemos desperdiçar tempo com o que não é útil ou gratificante;
 • Ajudar os outros sem esperar nada em troca;
 • Perdoar, tanto os outros quanto a si mesmo – guardar rancor não traz benefícios;
 • Cercar-se de pessoas boas;
 • Todos têm algo a ensinar – não devemos menosprezar nem os mais simples nem os menos instruídos que nós;
 • A sabedoria dos mais velhos é sempre valiosa;
 • Definir prioridades é de suma importância;
 • Nunca estamos “concluídos” nem somos “perfeitos” – estamos sempre aprendendo;
 • Só trabalho, sem diversão, é receita certa para a infelicidade;
 • A vida espiritual é tão importante quanto a material;
 • Não devemos aspirar a ser “líder” se não estivermos preparados – ser liderado pode ser muito mais tranquilo;
    •   Ter uma companheira que lhe ama e apoia faz toda a diferença;
 • Deixar o orgulho de lado e pedir ajuda quando necessário.

Como eu não pretendo escrever uma autobiografia ao estilo das “Confissões” de Agostinho, concluo aqui este breve texto com gratidão pelas lições aprendidas e com a convicção de que, aos 55 anos, sigo trilhando um caminho de aprendizado constante e de evolução pessoal.

4 comentários:

  1. Filho vc não imagina o tamanho do orgulho que eu tenho do filho maravilhoso que é você. Te amo até a eternidade.

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    1. Obrigado mãe! Também amo muito a senhora!

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