domingo, 31 de janeiro de 2021

Dica de leitura: Meditações de Marco Aurelio

 


Marco Aurélio (em latim Marcus Aurelius; 20 de abril de 121 - 17 de março de 180), foi imperador romano desde 161 até sua morte. Seu reinado foi marcado por guerras na parte oriental do Império Romano contra os partas, e na fronteira norte, contra os germanos. Foi o último dos cinco bons imperadores, e é lembrado como um governante bem-sucedido e culto; dedicou-se à filosofia, especialmente à corrente filosófica do estoicismo, e escreveu uma obra que até hoje é lida, Meditações.

O título da principal obra escrita de Marco Aurélio, "Meditações", é uma paráfrase do original em grego que significava "Para si mesmo". Esse mudança de título é antiga e já não possível indicar quem foi o primeiro a fazê-lo. O certo é que o título "Meditações" caiu no gosto do público leitor e esse nome é que usado até hoje.

Nessa obra, escrita em grego ao longo de muitos anos (170 - 180), o Imperador-Filósofo, ligado à Escola Estoica, tece pensamentos, aforismos, anotações e reflexões que misturam conhecimentos práticos e filosóficos de um homem erudito que faz um diálogo interior em busca de grandes e pequenas verdades.

Alguns trechos:

Livro I.

3. A minha mãe deu-me um exemplo de piedade e generosidade, de como evitar a crueldade - não só nos atos, mas também em pensamento - e de uma simplicidade de vida completamente diferente daquilo que é habitual nos ricos.

4. Ao meu bisavô fiquei a dever o conselho de que dispensasse a educação da escola e, em vez disso, tivesse bons mestres em casa - e de que me capacitasse de que não se devem regatear quaisquer despesas para este fim.

12. O platonista Alexandre acautelou-me contra o uso frequente das palavras "Estou muito ocupado" na expressão oral ou na correspondência, exceto em casos de absoluta necessidade; dizendo que ninguém deve furtar-se às obrigações sociais devidas, com a desculpa de afazeres urgentes.

13. O estóico Catulo aconselhou-me a nunca menosprezar a censura de um amigo, mesmo quando pouco razoável, mas em vez disso, fazer o possível por voltar a agradar-lhe; a falar pronta e abertamente em louvor dos meus instrutores, como se lê nas memórias de Domítio e Athenodoto; e a cultivar um genuíno afeto pelos meus filhos.


terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Xadrez: Tata Steel Chess 2021

Resultados após a 9 rodadas.



Um dos torneios de xadrez mais fortes do ano acontece na Holanda já no mês de janeiro, é o Tata Steel Chess. Alguns dos melhores jogadores de xadrez do mundo se enfrentam em jogos quase sempre muito equilibrados. O resultado mais provável em competições deste nível é o empate. Este ano não está sendo diferente. A novidade é o desempenho relativamente fraco, até o momento, de Magnus Carlsen. Como destaque, eu cito Esipenko que conseguiu vencer Carlsen. Será que o campeão mundial consegue reverter essa situação? Por enquanto, Giri, Firouzja e Caruana estão no topo da tabela e têm boas chances de vencerem o torneio. Link para o torneio aqui.

sábado, 16 de janeiro de 2021

Distorcendo um sinal de voz: você prefere mais grave ou mais agudo?

Existem vários aplicativos que podem gerar diversos efeitos na sua voz.

Em alguns filmes ouvimos um tipo de sintetizador de voz que causa uma grande distorção na voz na pessoa que está falando de tal forma que a voz dela fica irreconhecível. Existem inclusive aplicativos que podem transformar a voz complemente e convertem a sua voz na de uma voz de monstro, robô de filme e até animal (ver aqui). 

Neste breve código Scilab realizamos duas transformações: tornamos uma voz "original" mais grave e, em seguida, em mais aguda. O efeito é bem interessante e código bem simples. Para a voz se tornar mais aguda é só retirar algumas amostras do sinal original. Já para voz se tornar mais grave, basta inserir amostras (calculadas como sendo a média de duas amostras adjacentes). A figura abaixo ilustra esses procedimentos.


Obs: uma forma muito mais simples de obter esses efeitos na hora de ouvir o arquivo de som (voz) é simplesmente informar uma taxa de amostragem diferente da taxa de amostragem original. Assim,

  • sound(y,Fs*0.80,bits);   ===> o som fica mais grave.
  • sound(y,Fs*1.25,bits);   ===> o som fica mais agudo.

Código:

////////////////////////////////
// Prof. Dr. Francisco Aquino //
// Lendo e modificando um     //
// arquivo de voz ".wav"      //
///////////////////////////////
clc; 
xdel(winsid());

//// Voz original:
vz = 'bomdia8.wav'; /// 
[y,Fs,bits]=wavread(vz);
ty = max(size(y));
y = y(5000:(ty-5000));
y = y/max(abs(y));
ty = max(size(y));

//// Convertendo em uma voz mais grave:
ym = 1:round(1.25*ty);
ym = 0*ym;
p = 1;
c = 0;
for k=1:ty-1;
    ym(p) = y(k);
    p = p + 1;
    c = c + 1;
    if c>3 then
        yy = (y(k) + y(k+1))/2;
        ym(p) = yy;
        c = 0;
        p = p + 1;
    end;
end
h = [0.1 0.25 0.5 0.5 0.25 0.1]; h=h/sum(h);
ymf = filter(h,1,ym);
tempo = 1:max(size(ymf));
tempo = tempo - 1; tempo = tempo/Fs;
sound(ymf,Fs,bits);

/// Convertendo em uma voz mais aguda:
ya = 0*y;
p=1;
pula = 0;
for k=1:round(ty*0.75)
    ya(k)=y(p);
    p=p+1;
    pula = pula + 1;
    if pula > 3 then pula = 0; p = p + 1; end;
end
ya = ya(1:k);
yaf = filter(h,1,ya);
pause; sound(yaf,Fs,bits);

f1 = 1:max(size(y));
f1 = f1-1; f1=f1/max(f1); f1=f1*Fs;
f2 = 1:max(size(ymf));
f2 = f2-1; f2=f2/max(f2); f2=f2*Fs;
f3 = 1:max(size(yaf));
f3 = f3-1; f3=f3/max(f3); f3=f3*Fs;
ffim1 = round(max(size(f1))/6);
ffim2 = round(max(size(f2))/6);
ffim3 = round(max(size(f3))/6);

yff = abs(fft(y));
ymff = abs(fft(ymf));
yaff = abs(fft(yaf));

subplot(3,2,1); plot(y); title('Voz original');
subplot(3,2,2); plot(f1(1:ffim1),yff(1:ffim1));
subplot(3,2,3); plot(ymf); title('Voz mais grave');
subplot(3,2,4); plot(f2(1:ffim2),ymff(1:ffim2));
subplot(3,2,5); plot(yaf); title('Voz mais aguda');
subplot(3,2,6); plot(f3(1:ffim3),yaff(1:ffim3));
Resultados gráficos:
Sinais de voz no tempo e no espectro. As diferenças são melhor percebidas quando ouvimos o sinal.

sábado, 9 de janeiro de 2021

Quer manter o seu cérebro esperto? Faça atividade física!


Estudos recentes mostram que para manter o seu cérebro em bom estado e aguçado você também deve fazer atividades físicas. Isso não chega a ser uma novidade, você talvez lembre do antigo ditado Mens sana in corpore sano - Mente sã em um corpo saudável - como afirmava o poeta romano Juvenal. No editorial Cardiorespiratory Fitness and Brain Volumes (fonte e editorial completo aqui) podemos ler:

O papel do exercício e da saúde do cérebro tem sido um tópico de discussão muito popular nos últimos anos. A National Academies of Sciences concluiu que o exercício aeróbio pode ser útil para retardar as mudanças cognitivas no envelhecimento, e a Comissão Lancet relatou de forma semelhante o valor do treinamento aeróbio e dos resultados cognitivos. Além disso, a Organização Mundial da Saúde endossou o exercício como meio de intervenção na progressão do comprometimento cognitivo. Em uma revisão da literatura médica baseada em evidências, a American Academy of Neurology concluiu que o exercício pode ser útil para retardar a progressão clínica de comprometimento cognitivo leve para demência. Este tópico é de grande interesse para a área. 

Embora vários corpos de literatura tenham sugerido que o exercício é benéfico, existem poucos estudos que analisam quais medidas de exercício podem ser indicativas de um benefício. A suposição implícita é que o exercício leva à melhora da função cardiorrespiratória (ACR), mas faltam dados precisos. No entanto, um estudo recente da Noruega avaliou a CRF dos participantes em dois momentos para avaliar se as mudanças na aptidão física teriam um impacto nos resultados cognitivos e na mortalidade. Eles descobriram que a mudança na CRF era um fator de risco independente para demência incidente e mortalidade por demência. Eles estimaram que os participantes que aumentaram sua CRF estimada ao longo do tempo ganharam 2,2 anos livres de demência e 2,7 anos de vida quando comparados com aqueles que permaneceram inaptos nas duas avaliações. Wittfeld e cols.6 do Centro Alemão de Doenças Neurodegenerativas relataram análises transversais da associação de CRF e volumes globais e locais do cérebro em imagens de ressonância magnética na edição atual da Mayo Clinic Proceedings. Eles descobriram que o CRF estava positivamente associado à massa cinzenta (GM) e aos volumes cerebrais totais em certas regiões do cérebro; e, curiosamente, as associações ocorreram em regiões do cérebro acopladas a funções cognitivas específicas, e não a funções motoras. Esses dados sugerem que o CRF tem uma associação positiva com a cognição, particularmente em regiões do cérebro que estão envolvidas com o declínio cognitivo e o envelhecimento. Mudanças na substância branca (WM) não foram observadas.

A força do estudo é derivada das fontes de dados: duas grandes coortes baseadas na população que dão crédito à validade dos resultados. Houve vários estudos menores apoiando uma associação entre exercícios e saúde do cérebro, mas este estudo envolveu 2.103 participantes. Um estudo popularmente citado sobre o treinamento físico sugeriu que o exercício aeróbico pode aumentar o tamanho do hipocampo e melhorar a memória espacial.7 Este estudo envolveu 120 adultos mais velhos, e os autores especularam sobre o papel do fator neurotrópico derivado do cérebro na neurogênese no dentado. No entanto, a seleção da amostra e o tamanho da amostra tornam as generalizações desafiadoras, ao passo que o estudo de Wittfeld e cols. parece mais representativo e os achados com a idade são particularmente encorajadores.

Artigo Cardiorespiratory Fitness and Gray Matter Volume in the Temporal, Frontal, and Cerebellar Regions in the General Population completo aqui.

Então, se você quer continuar jogando evoluindo no jogo de xadrez, na matemática, na oratória, ou quer aprender alguma coisa nova, pratique atividade física regular. Isso vai ajudar a manter o corpo saudável e a mente ativa.

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Novas resoluções para 2021 (um pouco atrasadas)



Como o ano novo já começou (e eu me lembrei de escrever sobre "resoluções" ou "promessas" de ano novo hoje), aqui vão algumas resoluções - repaginadas - de 2015 (ver aqui):

  • Menos tempo no Facebook, Instagram, whatsapp e outras distrações virtuais. 
  • Manter uma rotina que inclua atividades físicas, já está mais que demonstrado que um corpo saudável melhora o rendimento no trabalho e nas demais áreas da vida. 
  • Hora de estudar, estudar! Nada de deixar para o último dia a entrega de trabalhos, projetos, relatórios e coisas semelhantes. 
  • Ler mais e sobre temas variados, uma boa leitura pode trazer muitos ensinamentos. Não precisamos aprender somente com os nossos erros, mas podemos também aprender com os erros e acertos de outros! 
  • Procurar ajuda antes que um problema fique grande demais para ser resolvido, isso vale tanto nos estudos quanto em outras atividades profissionais ou pessoais. 
  • Melhorar o diálogo com as outras pessoas. Por falta de uma conversa, vários problemas podem acontecer.
  • Faltar alguma aula ou trabalho somente quando não houver opção e conversar com os colegas de aula depois. 
  • Organizar uma rotina de estudos, sem esquecer que algum tempo para diversão deve ser incluído. 
  • Lutar e apoiar causas justas, mas sem recorrer a ações extremistas. 
  • Ouvir melhor e mais atentamente, falar somente quando tiver alguma coisa importante a dizer. 
  • Celebrar os bons momentos com amigos e familiares. 
  • Menos egoísmo e mais solidariedade para com os amigos, conhecidos, não tão conhecidos, com a natureza e com os animais. 
  • Manter as contas sob controle. Parodiando José Saramago, as dívidas são fáceis de fazer, mas muito difíceis de quitar. 
  • Continuar me protegendo contra a covid-19, as vacinas vão demorar a chegar por aqui!
  • E, talvez, o mais importante: manter o bom humor e a flexibilidade diante dos problemas.

Obs: as resoluções de 2013 e 2014 estão aqui aqui.