terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Literatura - trechos de José Saramago


Durante a viagem de ida e volta do CONNEPI 2014 (ver postagem aqui), eu levei um livro grande para ler. Alguns trechos eu achei que valiam serem destacados e relembrados:

  • Foi ontem, e é o mesmo que dizermos, Foi há mil anos, o tempo não é uma corda que se possa medir nó a nó, o tempo é uma superfície oblíqua e ondulante que só a memória é capaz de fazer mover e aproximar. 
  • ... e o dia chegará em que se terá perdido a memória do que aconteceu, então, dado que os homens para tudo querem explicação, falsa ou verdadeira, inventar-se-ão umas quantas histórias e lendas, ao princípio ainda conservando alguma relação com os factos, depois mais tenuemente, até tudo se transformar em pura fábula. 
  • ... talvez os homens nasçam com a verdade dentro de si e só não a digam porque não acreditam que ela seja a verdade. 
  • Se não podes restituir-lhes a vida, cala-te, diante da morte não se querem palavras. 
  • Muito se tem falado das coincidências de que a vida é feita, tecida e composta, mas quase nada dos encontros que, dia por dia, vão acontecendo nela, e isso não obstante serem os ditos encontros, quase sempre, os que a mesma vida orientam e determinam, embora, em defesa daquela percepção parcial das contingências vitais, fosse possível argumentar que um encontro é, no seu mais rigoroso sentido, uma coincidência, o que não significa, claro está, que todas as coincidências tenham de ser encontros. 
  • Acontece isto muitas vezes, não fazemos as perguntas porque ainda não estávamos preparados para ouvir as respostas, ou por termos, simplesmente, medo delas. E, quando encontramos coragem para as lançar, não é raro que não nos respondam. 
  • O bem é frágil, delicado, basta que o mal lhe lance ao rosto o bafo quente de um simples pecado para que se lhe creste para sempre a pureza, para que se quebre o caule do lírio e murche a flor da laranjeiras. 
  • ... as contas são fáceis de fazer. Mas não de pagar.

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