É atribuída ao semilendário Epimênides de Creta (séc.VII a.C.) a seguinte declaração: "todos os cretenses são mentirosos". Entretanto, se Epimênides diz a verdade, ele mente, pois ele também é cretense; mas se mente, a proposição "todos os cretenses são mentirosos" não é verdadeira e, nesse caso, ele diz a verdade. Por conseguinte, todos os cretenses são efetivamente mentirosos e, nesse caso e Epimênides mente (e assim por diante, "ao infinito"). Esse é um dos mais famosos paradoxos do mundo antigo.
Em uma pequena cidade existe apenas um barbeiro. Esse barbeiro faz a barba de todos os homens que não fazem as suas próprias barbas e de ninguém mais. Quem faz a barba desse barbeiro?! A resposta é paradoxal.
Um exemplo mais divertido: o paradoxo temporal das viagens no tempo das histórias de ficção científica. Quando o viajante do tempo vai para o passado, sua presença e ações podem perturbar a linha temporal e, na maioria das vezes, geram grandes mudanças no futuro e resultados logicamente impossíveis, ou seja, um paradoxo. Um exemplo mais concreto desse paradoxo: você viaja ao passado e evita que seus avós paternos se conheçam, evitando assim o nascimento do seu pai e o dele mesmo! Se ele não nascer, como poderia viajar ao passado?! O cinema adora brincar com esse tipo de paradoxo, alguns dos filmes antigos que usam esse tipo de paradoxo: Em Algum Lugar do Passado (1980), O Exterminador do Futuro (1984), De Volta Para o Futuro (1985), De Volta Para o Futuro 2 (1989), De Volta Para o Futuro 3 (1990), Timecop (1994), Efeito Borboleta (2004), entre vários outros.
Formalmente, um paradoxo pode ser definido como um pensamento ou argumento que, apesar de aparentemente correto, apresenta uma conclusão ou consequência contraditória, ou em oposição a determinadas verdades aceitas. Existem vários tipos de paradoxos, eles podem ser classificados em três classes: paradoxos verídicos, paradoxos falsídicos e antinomia (contradição entre leis).
Em uma versão mais "gramatical", o paradoxo é visto como uma figura de linguagem ou figura de pensamento. É chamado também de oximoro ou oxímoro, e consiste na expressão de uma ideia contrastante, isto é, em que há oposição, além de conter em si uma contradição, uma incoerência, por apresentar elementos que se contradizem. Portanto, não basta haver oposição na ideia expressa, os elementos contrastantes precisam também ser contraditórios. Um exemplo (com destaque para o paradoxo):
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. (...) Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Trecho do livro “A dança do universo”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser.
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Nosso dia a dia está cheio de paradoxos. |
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